Em Jerusalém, os santos Nicolau Tavelic, Deodato de Rodez, Estevão de
Cúneo e Pedro de Narbona,
presbíteros da Ordem dos Menores e mártires, que, por pregarem livremente na
praça pública a religião cristã aos Sarracenos e confessarem perseverantemente
a fé em Cristo, Filho de Deus, foram queimados vivos.
Nicolau Tavelic
É o primeiro croata canonizado, uma figura extraordinária no
ambiente do seu tempo. Nasceu por volta de 1340 em uma cidade da Dalmácia, e
quando era ainda adolescente ingressou na ordem dos frades menores. Depois de
ordenado sacerdote foi enviado como missionário para a Bósnia, onde durante 12
anos se dedicou totalmente à conversão dos bogomilos, hereges de tendência
maniqueísta, juntamente com Deodato de Rodez.
Em 1384 dirigiram-se ambos à Palestina, onde se associaram a
outros dois confrades, Pedro de Narbona e Estevão de Cúneo, todos eles futuros
mártires de Cristo. Entretanto fixaram-se em Jerusalém, no convento de São
Salvador, em oração e estudo. Depois de muito meditar sobre o assunto, Nicolau
projetou uma missão muito ousada. Missão com que já era sonhada anteriormente
por São Francisco, movido pelo Espírito Santo, pelo zelo da fé e pelo desejo de
martírio. Tratava-se de anunciar publicamente em Jerusalém, aos chefes dos muçulmanos, a pessoa e a doutrina de Cristo.
Deodato de Rodez
Nasceu em uma cidade francesa que nos textos originais
latinos é designada por Ruticinium, identificada com a cidade atualmente
chamada Rodez, sede episcopal, a uns 600 quilômetros a sul de Paris. Fez-se
frade menor quando ainda era moço, e foi ordenado sacerdote na província franciscana
da Aquitânia.
Por volta de 1373 o vigário geral Padre Bartolomeu do
Alverne fizera um apelo com o fim de recrutar religiosos para uma particular
expedição missionária à Bósnia. Uma bula de Gregório XI publicada nessa altura
apresentava boas perspectivas para o progresso da fé nessas zonas infestadas
pela heresia dos bogomilos, seita herética de fortes tendências maniqueístas,
cujos principais representantes uniam aos erros dogmáticos uma rígida
austeridade de vida.
Deodato de Rodez foi parar a esse campo de atividade para
secundar o desejo do vigário geral da ordem e do papa Gregório XI, e pelos
mesmos motivos e nas mesmas circunstâncias foi também Nicolau Talevic. Do
encontro entre os dois santos, nasceu uma profunda amizade, que os amparou
durante quase 12 anos no meio de enormes dificuldades e canseiras, comparáveis
às dos grandes missionários da Igreja. Há um relato pormenorizado dessa heroica
expedição apostólica da Bósnia, bem como do martírio ocorrido posteriormente.
Em 1384 foram ambos para a Palestina, onde se encontraram
com outros dois confrades já mencionados, com quem viriam a compartilhar as
atividades apostólicas e a palma do martírio.
Pedro de Narbona
Da província franciscana da Provença, durante vários anos
aderiu à reforma iniciada em 1368 na Úmbria e tendente a uma mais perfeita
observância da regra de São Francisco. Em pouco tempo essa onda reformista se
espalhou por toda a Úmbria e pelas Marcas, a ponto de em 1373 já contar com uma
dezena de eremitérios. Tratava-se de um movimento de fervor que procurava
renovar o ardor inicial da vida franciscana, em especial no ideal da pobreza e
na prática da piedade. O fato de Pedro de Narbona ter vindo do sul da França
para os eremitérios da Úmbria mostra bem o seu fervor religioso e esclarece bem
tanto a sua vida anterior como a sua permanência em Jerusalém.
Estevão de Cúneo
Natural de Cúneo, no Piemonte, fez-se frade menor em Gênova,
na província franciscana da Ligúria. Durante 8 anos trabalhou ativamente na
Córsega, como membro do vicariato franciscano dessa ilha. Pode-se dizer que
terá feito aí um bom noviciado apostólico. Depois passou como missionário para
a Terra Santa, onde a 14 de novembro de 1391 selou com o martírio a pregação do
evangelho, demonstrando que o islamismo não é a religião verdadeira, e que
Cristo, e não Maomé, é o enviado de Deus para salvar a humanidade.
O Martírio
No dia 11 de novembro de 1391, após intensa preparação, os
quatro missionários puseram em prática o projeto delineado. Saíram juntos do
convento, levando cada um deles um papel dobrado ao meio, com uma página
interior escrita em latim e outra em árabe. Dirigiam-se à mesquita, mas os
árabes não os deixaram entrar, e perguntaram-lhe o que queriam. Eles
responderam que queriam falar com o Cadi, pois tinham a dizer-lhe coisas muito
úteis para a salvação. Responderam os muçulmanos que o Cadi não estava na
mesquita, mas lhe indicariam onde era a casa dele.
Quando chegaram à presença dele, abriram os papéis e leram
os escritos, explicando-os e apresentando as suas razões, mais ou menos nesses
termos: “Senhor Cadi, e senhores todos aqui presentes, pedimos-vos que escuteis
as nossas palavras e lhes presteis a máxima atenção, porque tudo quanto vamos
dizer é muito importante para vós; é justo e verdadeiro, isento de qualquer
embuste, e útil para aqueles que o queiram pôr em prática”.
E começaram a fazer uma exposição da mensagem do evangelho
de Cristo, o único Salvador, demonstrando ao mesmo tempo a falsidade da lei de
Maomé. Reuniu-se grande multidão de muçulmanos, que numa primeira reação se mostraram
espantados, depois irritados, e finalmente furiosos. Nunca tinham ouvido
semelhantes afirmações contra o Corão nem contra o Islã.
Ao ouvir este discurso inflamado, o Cadi dirigiu-se aos
quatro religiosos perguntando-lhes: “Isso que estais por aí a dizer, dizei-lo
com pleno conhecimento e liberdade, ou resulta de um momento de exaltação
fanática, sem controlo da razão? Foi por ventura o papa ou algum rei da
cristandade que vos mandou cometer semelhante loucura?”.
Os religiosos responderam imediatamente: “Viemos
aqui simplesmente enviados por Deus. E vós, se vos recusais a acreditar em
Cristo e a receber o batismo, não tereis a vida eterna”.
Foram de imediato condenados à morte e, no dia 14 de
novembro de 1391, foram assassinados, despedaçados e queimados.
Oremos: Ó Deus, que glorificastes São Nicolau e seus
companheiros pelo zelo na propagação da fé e a palma do martírio, concedei-nos,
por seu exemplo e intercessão, seguir o caminho dos vossos mandamentos, para
que mereçamos receber o prêmio da vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
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