A Liturgia propõe-nos, durante a
Quaresma, uma verdadeira renovação doutrinal, como preparação para a Páscoa da
Ressurreição do Senhor. Em cada Domingo é-nos dado um tema, para que o
aprofundemos, no estudo e na oração.
Neste Quarto Domingo da Quaresma, chamado
liturgicamente o Domingo
da alegria, a Liturgia da Palavra convida-nos a uma reflexão
profunda sobre a fé. Ele recebe estes nomes porque assim começa, neste dia, a
Antífona de Entrada da Eucaristia:
"Laetare, Ierusalem, et
conventum facite omnes qui diligites eam; gaudete cum laetitia, qui in
tristitia fuistis; ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis
vestrae" ("Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais;
vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas
consolações"), conforme Isaías 66, 10-11.
A cor litúrgica passa do roxo para o
rosa para representar a alegria pela proximidade da Páscoa. Não existe
incompatibilidade entre uma Quaresma bem vivida e a virtude da alegria, e o
melhor caminho para uma alegria crescente é o aprofundamento da virtude da fé.
Na primeira
leitura o profeta Samuel é secretamente enviado por Deus a Belém, a casa
de Jessé, para escolher um rei, em substituição de Saúl. Deixa-se
impressionar pelo aspecto físico dos irmãos de David, mas o Senhor observa-lhe:
«Deus no vê como o homem;
o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração.»
Na segunda leitura São Paulo anima os fiéis da Igreja
de Éfeso a colaborar ativamente na vida da mesma, sobretudo na
difusão do Evangelho.
Cada um de nós
recebeu, pelo Batismo, uma missão em favor de toda a comunidade dos homens.
Jesus Cristo é a Luz
que ilumina a nossa vida e lhe dá sentido. Sem ela não somos capazes de
descobrir os verdadeiros valores da vida nem de nos reconhecermos como irmãos.
O cego de nascença é imagem do homem
que deseja ver. Cristo é a «Luz do
mundo» que nos cura da cegueira interior, iluminando o nosso entendimento,
a nossa memória e a nossa vontade para que a nossa fé seja cada vez mais viva e
profunda, de modo a reconhecer e confessar Jesus como «o Senhor». Tal como na
samaritana, podemos contemplar neste cego um itinerário de fé: ao início, Jesus
é simplesmente um homem; depois, é um profeta; em seguida, é um homem de Deus;
finalmente, é o Senhor. Na cura vemos acontecer um contraste: o cego abre-se
progressivamente à luz do sol e à luz da fé, e os que podem ver (e tinham os
olhos abertos) fecham-se à luz de Cristo (excomungam-no dizendo que não é um
homem de Deus) e entram numa obscuridade cada vez maior. O cego fez o que Jesus
mandou: «lavei-me e fiquei a ver».
Nesta quaresma, Cristo, através da sua Igreja, também nos diz: Lavai-vos,
purificai-vos dos vossos pecados, abandonai as obras das trevas.
Finalmente, a piscina de Siloé. Em
hebraico Siloé significa Enviado. Jesus é o verdadeiro Enviado. Pelo nosso batismo,
fomos lavados e purificados no seu Sangue. Por isso Jesus nos envia a
testemunhar a fé: «Como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós». A fé sem
obras está morta. E, no dizer de Santa Teresa de Jesus, «quando a fé está morta… queremos mais o que vemos do que aquilo que
ela nos diz».
Senhor, mistura também hoje a tua
saliva (símbolo da vida divina) com este barro, que sou eu, para que renasça em
mim a nova criatura iluminada pela Luz de Cristo.
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