sexta-feira, 10 de março de 2017

10 de março - Santa Maria Eugênia de Jesus

Maria Eugenia Milleret recorda-nos antes de tudo a importância da Eucaristia na vida cristã e no crescimento espiritual. De fato, como ela mesma ressaltou, a sua primeira comunhão foi um tempo forte, mesmo se não se apercebeu disso completamente naquele momento. Cristo, presente no mais profundo do seu coração, trabalhava nela, deixando-lhe o tempo de caminhar ao seu ritmo, de prosseguir a sua busca interior que a levaria a doar-se totalmente ao Senhor na vida religiosa, em resposta aos apelos do seu tempo. Ela compreendia, sobretudo, a importância de transmitir às jovens gerações, em particular às jovens, uma formação intelectual, moral e espiritual, que fizesse delas adultas capazes de se ocupar da vida da sua família, sabendo dar a sua contribuição à Igreja e à sociedade. Durante toda a sua existência encontrou a força para a sua missão na vida de oração, associando incessantemente contemplação e ação. Que o exemplo de Santa Maria Eugenia convide os homens e as mulheres de hoje a transmitir aos jovens os valores que os ajudem a tornar-se adultos fortes e testemunhas jubilosas do Ressuscitado. Que os jovens não receiem acolher estes valores morais e espirituais, vivê-los com paciência e fidelidade. Desta forma construirão a sua personalidade e prepararão o seu porvir.

Queridos irmãos e irmãs, damos graças a Deus pelas maravilhas que realizou nos Santos, nos quais resplandece a sua glória. Deixemo-nos atrair pelos seus exemplos, deixemo-nos guiar pelos seus ensinamentos, para que toda a nossa existência se torne, como a deles, um cântico de louvor para glória da Santíssima Trindade. Obtenha-nos esta graça Maria, a Rainha dos Santos, e a intercessão destes quatro novos "Irmãos maiores" que hoje veneramos com alegria. Amém.
Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 03 de junho de 2007

Nascida em Metz a 25 de agosto 1817, passou sua infância entre a casa natal dos Milleret de Brou e a vasta propriedade de Preisch, na fronteira entre Luxemburgo, Alemanha e França. De uma família incrédula cujo pai, era um alto funcionário e a mãe, uma excelente educadora, que só praticava um formalismo religioso. Ana Eugênia terá um verdadeiro encontro místico com Jesus Cristo no dia de sua primeira comunhão, no Natal de 1829: «Nunca o esqueci».

Em 1830, seu pai cai na ruína e tem que vender o Castelo de Preisch e mais tarde a casa de Metz. Seus pais se separam; ela vai para Paris com sua mãe que uma epidemia de cólera levará brutalmente em 1832. Uma família amiga rica de Châlons a acolhe. Em sua adolescência de 17 anos, conhecerá o desapego e a solidão no meio da superficialidade que a rodeia: "Vivi uns anos perguntando-me sobre a base e o efeito das crenças que não havia compreendido… Minha ignorância do ensino da Igreja era inconcebível, e eu havia recebido as instruções comuns do catecismo”.

Seu pai a leva de volta para Paris. Durante a Quaresma de 1836, encontra a luz ao ouvir o Padre Lacordaire pregar na Catedral de Notre Dame. “Sua palavra despertava em mim uma fé que nada pôde abalar”. “Minha vocação começou em Notre Dame” dirá mais tarde. Apaixona-se pela renovação do cristianismo suscitada por Lammanais, Montalembert e seus amigos.
Entre eles, está o Padre Combalot a quem ouve pregar em São Sulpício em março de 1837. Ana Eugênia se encontrará com ele, pela primeira vez, em Santo Eustáquio. Ele sonhava em fundar uma Congregação dedicada a Nossa Senhora da Assunção, para formar jovens do meio influente da sociedade, maioria sem religião. Ela sonhava com a vocação religiosa. Primeiro, ele duvida em segui-la, depois aceita.

O Pe. Combalot a envia ao Convento da Visitação da Costa de Saint-André (Isère), experiência que deixará nela a marca do espírito e da espiritualidade de São Francisco de Sales. Ela tem as bases de sua pedagogia; rejeita uma educação mundana onde a instrução profana e superficial; quer um cristianismo autêntico e não só de verniz; quer dar às jovens uma educação integral à luz de Cristo. 

Em abril 1839, se reúnem com duas jovens para realizar este projeto, em um apartamento pequeno da rua Férou; em outubro, já serão quatro em um apartamento da rua Vaugirard, estudam teologia, a Sagrada Escritura e as ciências profanas. Kate O’Neill, uma irlandesa, já está com elas, e tomará o nome de Thérèse-Emmanuel; de forte personalidade, acompanhará a Maria Eugênia de Jesus oferecendo sua amizade e sua ajuda durante toda a sua vida.

As irmãs se separam definitivamente do Pe. Combalot em maio do 1841. Sua maneira de dirigir a obra era muito desconcertante e suas relações com o arcebispo de Paris eram difíceis, o que podia por em perigo a obra nascente. Monsenhor Affre lhes oferece o apoio de seu vigário geral, Monsenhor Gros. Foi uma libertação. As irmãs voltam aos estudos e fazem sua primeira profissão religiosa no dia 14 de agosto de 1841.

A pobreza em que viviam era grande e a comunidade não aumentava. Isto não impediu Ir. Maria Eugênia de abrir o primeiro colégio na primavera de 1842, no Beco das Vinhas. Mais tarde se instala em Chaillot porque a comunidade cresce e é cada vez mais internacional. Queixa-se às vezes dos sacerdotes e dos leigos muito fechados em seus costumes piedosos: "Seu coração não batia por coisa alguma de grande”.

Em outubro de 1838, se encontrará com o Pe. d’Alzon que, em 1845, fundará os Assuncionistas. Esta grande amizade durará 40 anos. Impregnado das ideias de Lamemnais, cheio de amor a Jesus Cristo e unido à Igreja, ele arrasta a Ana Eugênia; ela o modera. É combativo; ela comedida. As fundações se multiplicam pelo mundo. Roma reconhece esta nova Congregação em 1867. As Constituições ou a Regra da Congregação da Assunção serão aprovadas definitivamente no dia 11 de abril de 1888. 

A morte do Pe. d’Alzon em 1880 é presságio do despojamento que ela havia previsto como necessário em 1854: "Deus quer que tudo caia ao meu redor." Ir. Thérèse-Emmanuel morrerá no dia 3 de maio de 1888, e sua solidão se torna mais profunda. 
O crescimento da Congregação já é uma carga pesada para ela. Entre 1854 e 1895, nascem novas comunidades na França, em seguida, as fundações na Inglaterra, Espanha, em Nova Caledônia, na Itália, na América Latina, nas Filipinas. As viagens se sucedem, as construções, os estudos, as decisões… 

Porém sua preocupação constante será sempre a intuição inicial à qual as irmãs têm que responder, fiéis aos apelos do Senhor e sem meio termo. "Na educação, uma filosofia, um caráter, uma paixão. Mas que paixão dar? A paixão da fé, do amor e da realização do Evangelho”. Ou ainda: “Seria uma loucura não ser o que se é com a maior plenitude possível”. As religiosas serão professoras educadoras adaptando-se às necessidades que vão apresentando a evolução da vida e da Igreja, sem deixar de lado as observâncias monásticas.

Quando descobre a debilidade da velhice, “um estado no qual só resta o amor” vai-se apagando pouco a pouco. “Só me resta ser boa”. Sua saúde se altera. Vencida por uma paralisia em 1897, só lhe restará o olhar para expressar essa bondade. No dia 10 de março de 1898, se encontra definitivamente com o Cristo ressuscitado, sua única paixão enquanto estava na terra.

Foi proclamada Bem Aventurada em 1975, pelo Papa Paulo VI; e Canonizada em Roma, no dia 3 de junho de 2007, na Festa da Santíssima Trindade, pelo Papa Bento XVI.


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