"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus
amigos" (Jo 15, 13). Os
mártires que hoje são declarados Beatos seguiram o Bom Pastor até ao fim. Que o
seu testemunho não permaneça para vós simplesmente um orgulho: que ele se torne
ao contrário um convite a imitá-los. Com o Batismo, cada cristão é chamado à santidade. Nem a todos é pedida, como a estes novos beatos mártires, a
prova suprema da efusão do sangue. Mas a cada um é confiada a tarefa de seguir
Cristo com generosidade quotidiana e fiel, como fez a beata Josafata Miguelina
Hordashevska, co-fundadora das Escravas de Maria Imaculada. Ela soube viver de
modo extraordinário a sua adesão quotidiana ao Evangelho, servindo as crianças,
os doentes, os pobres, os analfabetos e os marginalizados em situações muitas
vezes difíceis e não privadas de sofrimentos.
Que a santidade seja o anseio de todos
vós, queridos Irmãos e Irmãs da Igreja greco-católica ucraniana. Neste caminho
de santidade e de renovamento vos acompanhe Maria, "que a todos precede à
frente do longo cortejo das testemunhas da fé no único Senhor"
Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação – 27 de junho de 2001
Miguelina Hordashevska foi a quinta de nove filhos de uma grande família
que era sustentada pelo trabalho de carpinteiro do pai, com a ajuda da mãe. Ela
nasceu no dia 20 de novembro de 1869 em Chervonohrad, próximo de Lviv, a
capital provincial da Ucrânia. Sua família era profundamente católica,
pertencente ao rito bizantino.
Não havia nenhuma possibilidade de mandá-la estudar e, portanto,
Miguelina teve que ir trabalhar com um vidraceiro. Enquanto crescia com grande
virtude e numa intensa vida de piedade, foi desenvolvendo nela a semente da
vocação religiosa.
Em 1888 ela participou de um retiro para jovens orientado pelos Padres
Basilianos, onde conheceu o missionário, Padre Jeremias Lomnitsky, que se tornou seu
diretor espiritual e aquele que será o braço mais valioso na fundação que ela
irá depois realizar.
Miguelina tornou-se uma apóstola muito ativa entre os fiéis,
especialmente os membros da Fraternidade do Sagrado Coração de Cristo,
participando nas celebrações litúrgicas, nos cantos e nas obras de caridade.
Ela confidenciou ao Padre Jeremias sua intenção de consagrar-se na vida
religiosa. Como só havia então uma ordem de freiras de clausura de rito
bizantino, o seu diretor sugeriu-lhe um projeto dos Padres Basilianos de fundar
uma Congregação feminina do rito bizantino-ucraniano de vida ativa e ela poderia
ser a primeira das irmãs.
Depois de um período de reflexão, meditação e preparação, no dia 24 de
agosto de 1892, na igreja basiliana de Santo Onofre em Lviev, ocorreu a
vestição da primeira freira: Miguelina mudou seu nome para Josafata, em
homenagem ao grande mártir da Ucrânia, São Josafá Kuncewycz.
A Congregação tomou o nome de Servas de Maria Imaculada, com a tarefa de
exercer um apostolado de vida ativa junto a todos os necessitados. Irmã
Josafata sofreu muito em sua curta existência por causa de mal-entendidos,
calúnias e ambições de outros, e pela dor atroz de uma tuberculose óssea que a
levou à morte na idade de 49, no dia 25 de março de 1919.
Já no momento de sua morte a Congregação tinha aberto 23 missões com 123
freiras principalmente na Ucrânia, onde, como já foi dito, havia apenas um tipo
de freiras, as basilianas de clausura, portanto o campo de apostolado entre as
pessoas era vasto e novo.
No início da 2ª. Guerra Mundial a Congregação contava com 92 casas e
cerca de 600 freiras. Mas todas as casas foram confiscadas pelo regime
comunista, e quanto às freiras, 36 foram presas e deportadas para a Sibéria, as
outras sofreram nas prisões ou trabalharam em fábricas, dispersando assim a
herança espiritual da Co-fundadora.
Aquelas Irmãs que tinham sido enviadas em missão ao Canadá, aos EUA e ao
Brasil, bem como aquelas que tinham conseguido fugir do regime junto com muitos
refugiados ucranianos para a França, Inglaterra e Alemanha, mantiveram vivo o
espírito da comunidade, continuando seu trabalho junto aos ucranianos
refugiados pelo mundo.
Em 1990, quando a Ucrânia ganhou a independência, as Servas dispersas
por todo o mundo puseram mãos a obra ajudando a reconstruir a vida religiosa na
sua pátria, após 50 anos de comunismo-marxismo; crescendo sempre mais, estão
presentes na Ucrânia e em muitos países estrangeiros, saindo finalmente da
clandestinidade.
Em 1982, o corpo da Beata Josafata foi transferido de um antigo
cemitério abandonado para a Casa Generalícia em Roma. O Papa João Paulo II a
beatificou em Lviv em 27 de junho de 2001, sendo a primeira Beata da gloriosa
terra da Ucrânia.
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