Hoje
é a festa do Sim!
Hoje a Igreja celebra o anúncio da
Encarnação do Filho de Deus. O tema central desta grande festa é o Verbo de
Deus que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.
Hoje é o dia
em que a eternidade entra no tempo ou, como afirmou o Papa São Leão Magno: “A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força;
a mortalidade, pela eternidade”.
Com alegria contemplamos o mistério do
Deus Todo-Poderoso, que na origem do mundo cria todas as coisas com sua
Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano,
a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:
“No sexto mês, o anjo
Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma
virgem e disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Não temas ,
Maria, conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria
perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o
anjo:’ O Espírito Santo descerá sobre ti. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva
do Senhor. Faça-se em mim segundo a tu palavra’.” (cf. Lc 1,26-38).
Sendo assim, hoje é o dia de proclamarmos:
“E o Verbo se fez carne e habitou entre
nós” (Jo 1,14a). E fazermos memória do início oficial da Redenção da
humanidade, devido à plenitude dos tempos.
Cumprindo desta maneira a profecia de
Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e
dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14).
Papa Francisco – Anunciação 2016:
«Sim»: para o cristão não há outra resposta ao
chamado de Deus. E, sobretudo, nunca deve existir a atitude de quem finge que
não entende, voltando-se para o outro lado. Foi precisamente na solenidade da
Anunciação do Senhor que o Papa convidou a viver uma verdadeira «festa do sim»,
celebrando a missa na capela da Casa de Santa Marta.
E um «sim»
convicto foi pronunciado esta manhã pelos sacerdotes que concelebraram com
Francisco no dia do quinquagésimo aniversário de ordenação e também pelas
religiosas vicentinas que trabalham em Santa Marta, as quais renovaram os
votos. «É toda uma história que acaba e
recomeça nesta solenidade que hoje celebramos: a história do homem, quando sai
do paraíso» quis realçar imediatamente o Papa no início da homilia. Com
efeito, depois do pecado, o Senhor ordena ao homem que caminhe e habite toda a
terra: «Sê fecundo e vai em frente».
Mas «o Senhor estava atento ao que o
homem fazia». A tal ponto que «às
vezes, quando o homem errou, Ele puniu-o: pensemos em Babel ou no dilúvio».
Assim Deus «estava sempre atento ao que o homem fazia:
numa determinada altura, este Deus que olhava e custodiava o homem, decidiu
criar um povo e chama nosso pai Abraão: “Sai da tua terra, da tua casa”». E
Abraão «obedeceu, disse “sim”» ao Senhor
«e partiu da sua terra sem saber para onde teria ido». É «o primeiro “sim” do
povo de Deus». E precisamente «com Abraão, Deus — que olhava para o seu povo
— começou a “caminhar com”». E caminhou «com Abraão: “Caminha na minha
presença” disse-lhe».
Deus, explicou
o Papa, «fez depois o mesmo com Moisés, ao qual com oitenta anos disse: “faz
isso”. E Moisés que tinha oitenta anos — era idoso — diz “sim”. E vai libertar
o povo».
Mas Deus,
afirmou ainda o Pontífice, «fez o mesmo com os profetas»: pensemos por exemplo
em Isaías que, quando o Senhor lhe diz para ir dizer as coisas ao povo,
responde que tem «os lábios impuros». Mas «o Senhor purifica os lábios de
Isaías e ele diz “sim!”».
E também com
Jeremias, recordou o Papa, acontece o mesmo: «Senhor, eu não sei falar, sou um
rapazinho!» é a primeira resposta do profeta. Mas Deus ordena-lhe que vá de
qualquer maneira e ele responde “sim!». Foram «tantos, tantos» aqueles «que
disseram “sim”», é deveras uma «comunidade de homens e mulheres idosos que
disseram “sim” à espera do Senhor». E na homilia Francisco quis recordar também
Simeão e Ana.
«Hoje —
explicou — o Evangelho diz-nos o fim desta corrente de “sim” e o início de
outro “sim” que começa a crescer: o
“sim” de Maria». Precisamente «este
“sim” faz com que Deus — afirmou o Pontífice — não só observe como procede o
homem, não só caminha com o seu povo, mas que se torne um de nós e assuma a
nossa carne». Com efeito, «o “sim”
de Maria abre a porta ao “sim” de Jesus: “Eu venho para fazer a tua vontade”».
É «este “sim” que acompanha Jesus
durante toda a vida, até à cruz: «Pai, afasta de mim este cálice; entretanto,
não seja feita a minha vontade, mas o que Tu desejas!”». É «em Jesus Cristo
que, como diz Paulo aos coríntios, há o “sim” de Deus: Ele é o “sim”».
«É um dia bonito — frisou o Papa —
para agradecer ao Senhor por nos ter ensinado esta estrada do “sim”, mas também para pensar na nossa
vida». Aliás, «alguns de vós — disse dirigindo-se diretamente aos sacerdotes
presentes na missa — celebram o quinquagésimo aniversário de sacerdócio: bonito
dia para pensar nos “sim” da vossa vida». Mas «todos nós, cada dia, devemos
dizer “sim” ou “não”, e pensar se dizemos sempre “sim” ou se muitas vezes nos
escondemos, de cabeça baixa, como Adão e Eva, para não dizer “não” fingindo não
compreender aquilo que Deus nos pede».
«Hoje é a festa do “sim” repetiu Francisco. Com efeito, «no “sim” de Maria há o “sim” de toda a
história da salvação e ali começa o último “sim” do homem e de Deus: ali Deus
recria, como no início com um “sim” fez o mundo e o homem, aquela bonita
Criação: com este “sim” eu venho para fazer a tua vontade e recria mais
maravilhosamente o mundo, recria todos nós». É «o “sim” de Deus que nos
santifica, que nos faz avançar em Jesus Cristo».
Eis por que hoje é o dia justo
«para agradecer ao Senhor e para nos questionarmos: eu sou homem ou mulher do
“sim” ou sou homem ou mulher do “não”? Sou homem ou mulher que olho para o
outro lado, para não responder?».
Portanto, o
Papa expressou a esperança de «que o Senhor nos dê a graça de entrar neste
caminho de homens e mulheres que souberam dizer “sim”».
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