“Ó luz ditosa, invade no
íntimo o coração dos teus fiéis". As
palavras da Sequência constituem uma bonita síntese de toda a existência de Benedita Cambiagio Frassinello e explicam a sua extraordinária
riqueza espiritual.
Orientada pela graça divina, a nova Santa preocupou-se em
cumprir com fidelidade e coerência a vontade de Deus. Com confiança ilimitada
na bondade do Senhor, abandonava-se à sua "Providência amorosa", profundamente convencida de que, como
gostava de repetir, é preciso "fazer tudo por amor a Deus e para
Lhe agradar". Eis a
preciosa herança que Santa Benedita Cambiagio Frassinello deixa às suas filhas
espirituais, e que hoje é proposta a toda a Comunidade cristã.
Papa João Paulo II –
Homilia de Canonização – 19 de maio de 2002
Em
Benedita Cambiagio Frassinello (1791-1858) a Igreja nos mostra um exemplo de
Santa, esposa, madre, religiosa e fundadora.
Ela
deixou-se conduzir pelo Espírito através da experiência matrimonial, a de
educadora, e a de consagração religiosa, até fundar junto com o marido uma
congregação que é o único caso na história da Igreja.
Benedita
Cambiagio Frassinello nasceu em Langasco (Gênova) no dia 2 de outubro de 1791.
Os pais dela são: José e Francisca Ghiglione e é batizada dois dias depois. Ainda
menina, a família se muda para Pavia.
Recebe
dos pais uma profunda educação cristã que enraíza nela os princípios da fé
formando assim um caráter forte e perseverante. Perto dos vinte anos, vive uma
experiência interior muito forte que a leva a uma vida intensa de oração e
penitência e sente o desejo de abandonar tudo para se consagrar inteiramente a
Deus.
Em 7 de
fevereiro de 1816, casa-se com João Batista Frassinello, um jovem que chegou de
Gênova com os pais.
O caminho
de Benedita à procura da bondade de Deus é bastante difícil, sentindo
interiormente o desejo por uma vida virginal desde a adolescência. Vive no
matrimônio dois anos, e depois tem a alegria de realizar, nesse estado, o
aspecto profundo e sublime da virgindade espiritual. De acordo com o marido,
atraído pela santidade de Benedita, segue o ideal dela e moram juntos como
irmãos.
Preocupam-se
com singular amor pela irmã Maria, gravemente doente de câncer intestinal e
hospedada na casa deles.
Benedita
e José experimentam então uma maternidade e paternidade espirituais
sobrenaturais, na fidelidade ao amor conjugal sublimado.
Em 1825,
quando Maria morre, João Batista Frassinello entra na comunidade religiosa dos
Somascos e Benedita na comunidade das Irmãs Ursulinas de Capriolo.
Em 1826,
por problemas de saúde, Benedita retorna a Pavia. Sarada milagrosamente por São
Jerônimo Emiliani, começa a se ocupar das jovens e crianças com a aprovação do
bispo D. Luís Tosi.
Precisando
de ajuda, que seu pai não dá a ela, o bispo chama João Batista; ele deixa o
noviciado e volta para a esposa-irmã, renovando juntos o voto de castidade
perfeita nas mãos do bispo.
Os dois
se dedicam generosamente na acolhida e na educação humana e cristã das jovens e
crianças pobres e abandonadas.
A obra de
Benedita se introduz na vida social de Pavia num período no qual a instituição
escolar é acolhida como uma verdadeira colaboradora para o bem da sociedade.
É a
primeira mulher da cidade e do Estado a advertir essa necessidade e o governo
austríaco reconheceu e deu para ela o título de “Promotora de Pública Educação”.
É ajudada
por algumas jovens e voluntárias, para as quais prepara um estatuto aprovado
pelas Autoridades Eclesiásticas. Une ao ensinamento escolar a formação
catequética e o trabalho. São estas as “armas” das quais se serve para
transformar as jovens e crianças em modelos de vida cristã e assegurar desse
modo a verdadeira formação delas.
A
constante dedicação de Benedita nasce e cresce do fervor eucarístico e da
contemplação do crucifixo, segura de que Deus é o seu sustento e a sua válida
defesa.
Na sua
vida não faltam experiências místicas, que se repetem particularmente nas
festas litúrgicas, mas isto não interfere nos compromissos cotidianos da Madre.
Por amor das jovens e crianças está disposta a qualquer sacrifício pessoal ou
dos bens materiais, até da fama, mostrando assim a incomparável grandeza de
“pedagogia do Evangelho”.
A
particularidade da Obra e o programa educativo de Benedita são duramente
criticados pela oposição de alguns poderosos, que se sentem contrariados nos
torpes desejos, e também pela incompreensão de algumas pessoas do próprio
clero.
Em julho
de 1838 Benedita cede a sua Instituição ao Bispo D. Luís Tosi e, com o marido e
cinco irmãs, deixa Pavia e muda para Ligúria.
Em Ronco
Scrivia inicia uma escola para jovens, e funda a congregação das “Irmãs Beneditinas da Providência” para
as quais escreve as Regras e Constituições. As mesmas revelam o desenvolvimento
do seu carisma, estendendo a todas as jovens e crianças a educação, a instrução
e a formação cristã com o inconfundível espírito de ilimitada confiança e
abandono na Divina Providência, de amor a Deus através da pobreza e a caridade.
O
Instituto das Irmãs Beneditinas da Providência desenvolve-se rapidamente. Em
1847, estabelece-se também em Voghera. Esta obra, 40 anos depois da morte de
Benedita, por iniciativa do Bispo vira um instituto independente. Nesta
circunstância as irmãs assumem o nome de “Irmãs
Beneditinas da Divina Providência” em memória da fundadora delas, Benedita
Cambiagio.
Em 1851,
Benedita retorna a Pavia, para outra cidade desta província.
Em 1857,
abre uma escola na cidade de Valpolcevera chamada S. Quirico.
No dia 21
de março de 1858, Benedita morre santamente em Ronco Scrivia, no dia e hora por
ela previstos. Ao redor dela acorre um grande número de pessoas para uma última
manifestação de estima e chorar aquela que consideravam uma Santa.
Benedita
pode ser proposta como modelo e intercessora:
– às
pessoas consagradas: para imitar a Cristo no abandono a amorosa Providência;
– aos
esposos: na total partilha para uma mais profunda maternidade e paternidade;
– aos
jovens: Cristo fonte de alegria e ideal de vida;
– aos
educadores: prevenir, compreender, abrir horizontes;
– às
famílias que experimentam momentos de dificuldades: para que saibam aceitar as
dificuldades quando obrigados a se mudar do lugar de origem; a acolher na
família a doença e ajudar eles a morrer serenamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário