terça-feira, 14 de março de 2017

14 de março - Beato Giácomo Cusmano


Antes de mais, o beato Giácomo Cusmano, médico e sacerdote. Ele, para curar as chagas da pobreza e da miséria que afligiam grande parte da população por causa de frequentes carestias e epidemias, mas também de uma desigualdade social, escolheu o caminho da caridade: amor de Deus que se traduzia no amor efetivo para com os irmãos e no dom de si aos mais necessitados e sofredores, por meio de um serviço levado até ao sacrifício heroico.

Depois de ter aberto uma primeira "Casa dos pobres", iniciou uma obra mais vasta de promoção social, instituindo a "Associação para a distribuição de comida ao Pobre", que foi como o grão de mostarda do qual surgiria uma planta tão viçosa. Ao fazer-se pobre com os pobres, não se envergonhou de mendigar pelas ruas de Palermo, solicitando a caridade de todos e recolhendo víveres que depois distribuía aos inúmeros pobres que o circundavam.
A sua obra, como todas as obras de Deus, encontrou dificuldades que puseram à dura prova a sua vontade, mas com a sua imensa confiança em Deus e com a sua invicta fortaleza de alma superou todos os obstáculos, dando origem ao Instituto das "Irmãs Servas dos Pobres", e à "Congregação dos Missionários Servos dos Pobres".
Ele orientou os seus filhos e as suas filhas espirituais para o exercício da caridade na fidelidade aos conselhos evangélicos e na tendência para a santidade. As suas regras e as suas cartas espirituais são documentos de sabedoria ascética em que se harmonizam fortaleza e suavidade. A ideia central era esta: "Viver na presença de Deus e em união com Deus; receber tudo das mãos de Deus; fazer tudo por puro amor e glória de Deus".
Este magnífico "Servo dos Pobres" desgastou-se nos exercícios de uma caridade que ia crescendo cada vez mais até tocar vértices heroicos. Com o início de uma nova epidemia de cólera em Palermo, como nenhum outro ele esforçou-se por estar, em todos os momentos, junto dos seus pobres. "Senhor, repetia ele, atingi o pastor e poupai o rebanho". Por causa desta epidemia a sua saúde debilitou-se gravemente e, com apenas 54 anos, consumava o seu holocausto, entregando com todo o amor a sua alma àquele Deus, cujo nome é Amor.

Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação - 30 de outubro de 1983.

Tocado pelo amor e pela misericórdia de Deus, o Padre Giácomo deixou tudo para dedicar-se aos pobres. A sua piedade exprimiu-se na devoção à Santíssima Trindade, ao Sagrado Coração de Jesus, além da piedade  eucarística, da qual nasceu a ideia do Boca do Pobre, e da piedade mariana, na qual chamava Maria Mãe da Misericórdia.
Entre suas virtudes poderíamos citar a caridade, a humildade e a mansidão. O Santo Padre Papa São João Paulo II o beatificou, na Praça de São Pedro, no Vaticano, a 30 de outubro de 1983.
Giácomo nasceu em Palermo no dia 15 de março de 1834. Foi o quarto filho do casal Giácomo Cusmano e Madalena Patti, que tiveram outros quatro filhos.
Aos 03 anos de idade perdeu sua mãe, vítima do cólera, passando a ser cuidado pela irmã mais velha, Vicenzina, juntamente com uma tia. Desde pequeno ele tinha um grande amor pelos pobres.
Aos 15 anos, sua ânsia em ser missionário o levou tentar fugir junto com o superior dos jesuítas de navio para terras distantes. Na continuidade dos estudos, praticava seu apostolado entre seus companheiros. Tendo concluído seus estudos de Medicina, se formou ao 21 anos de idade. Como médico, era muito bom e atencioso, sendo que, quando era chamado, deixava tudo para acorrer ao leito de qualquer enfermo, a qualquer hora.
No ano de 1859 o jovem Cusmano foi invadido por dúvidas vindo a perceber que não era aquele caminho que deveria seguir, pois Deus o chamava para algo mais. Foi então que ele procurou Monsenhor Domenico Turano, que o aconselhou a uma vida de oração mais intensa.
Com o passar do tempo, Giácomo foi pedir a bênção a Monsenhor Turano para fazer parte dos Capuchinhos, como um frade mendicante, mas o guia espiritual lhe mostrou outro caminho: o sacerdócio.
O jovem sentia-se indigno do sacerdócio e recusava aquele apelo de Deus. Entretanto, o confessor dizia-lhe o contrário e o chamado de Deus acabou vencendo a recusa do jovem Cusmano, que em 1859 vestiu o hábito na Paróquia São Tiago, inscrevendo-se na Congregação Clerical de Maria Santíssima do Fervor.
Foi ordenado sacerdote aos 22/12/1860.

Em poucas palavras traçou o programa de sua vida, ao qual se mostrou sempre fiel: “Encarnar Cristo em mim mesmo, dar e dar-me, como Ele, para o alívio dos corpos e para a redenção das almas”.

Assim, Pe. Giácomo uniu-se aos Recordantes, cuja missão era assistência aos moribundos, e rejeitou o ofício de Pároco em São Giuseppe Jato, aceitando ser o capelão da Igreja dos Santos Quarenta Mártires, no bairro Casaletto. Entretanto, ele pensava na fundação de uma obra que pudesse irmanar ricos e pobres. Certo dia, na hora do almoço na casa do amigo de Franchis, viu que a família dele tirava um pouco de comida do prato de cada um para pôr em outro prato que depois seria dado a um pobre. Daí surgiu a ideia do "Boccone del Povero".

Em 1866 a situação na Sicília voltou a complicar-se. Houve uma intensa rebelião popular, a supressão das comunidades religiosas e a cólera devastou a cidade de Palermo. A situação era alarmante: fome, doenças etc. Nesse período uma cena chocou Pe. Giácomo: ao entrar numa casa viu uma família se alimentando de um cão cru para matar a fome.
O Beato Giacomo Cusmano fazendo a coleta do Bocado do Pobre em Palermo Pe. Giácomo começou a contar com a ajuda de leigos e mais de vinte padres. Em 1868 o Arcebispo Naselli instituiu canonicamente a obra sob o titulo de "Boccone del Povero", sendo que a solene inauguração deu-se em 10/01/1869. Proposta pelo Arcebispo Naselli, se fez depois inserir no livro de associação do Bocado uma estampa de Jesus em atitude amorosamente suave, de um lado acolhendo os pobres e, de outro, as ofertas dos ricos, feliz como se a ele mesmo fossem dadas.
Pe. Giácomo, por sua vez, se fez pobre entre os pobres, cedendo o seu próprio apartamento e indo morar em um cubículo; frequentemente ele também se improvisava como marceneiro, alfaiate, sapateiro, fazendo os mais humildes serviços.

Em 1874 obteve o Convento e a Igreja de São Marcos, transferindo para lá os órfãos. Com as dificuldades Pe. Giácomo pensava em entregar a sua obra para que alguma Congregação a mantivesse; no entanto, por esse período, Pe. Giácomo teve um sonho misterioso no qual apareceu Nossa Senhora abençoando a obra e dando forças para ele prosseguir seu caminhar: sua obra era uma obra de Deus!

Assim, em 23/05/1880, Festa da Santíssima Trindade, receberam o hábito seis noviças, às quais Pe. Giácomo chamou de "Servas dos Pobres”.
Em 1882, acompanhado pela irmã e outras cinco religiosas, Pe. Giácomo chegou a Agrigento para cuidar de um orfanato, o qual se encontrava em uma situação horrível. As 30 órfãs da Quinta Casa ocuparam um novo edifício localizado em Terre Rosse, o qual seria um orfanato feminino. Depois, ele partiu com mais oito irmãs para Valguarnera Caropepe, para uma nova fundação.
Em 1884, Pe. Giácomo entregou o hábito aos primeiros Irmãos Servos dos Pobres, para cuidarem dos órfãos e auxiliarem a obra. Em 1885, a cidade de Palermo foi vítima novamente do cólera e Pe. Giácomo não dormia bem, sempre preocupado com as casas da obra. As carroças carregadas de madeiras e outros materiais de construção começaram a chegar a São Giuseppe Jato, na colônia agrícola da família do Pe. Giácomo. Tendo sido terminada a construção, recebeu ali os primeiros pobres. Em janeiro de 1886, foi inaugurada a casa de Canicatti, onde as irmãs, entre elas Madre Vicenzina, foram recebidas acompanhadas pelo Pe. Boscarini.

Depois de ver que toda a sua obra alcançara êxito e que tudo provinha de Deus, Pe. Giácomo exclamou a 09/02/1888 que a sua missão estava terminada. Aos 17/02 começou a enfraquecer-se por febre e, a partir daí, foi só sofrimento e cada vez mais a sua doença ia aumentando. No dia 13/03, os médicos o examinaram e consideraram-no curado. Entretanto, às quatro horas da manhã do dia 14/03/1888 Pe. Giácomo veio a falecer santamente.

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