"Homens que expuseram a
vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (At 15,
26). Estas palavras dos Atos dos Apóstolos podem aplicar-se oportunamente
a São Luís Orione, homem totalmente entregue à causa de Cristo
e do seu Reino. Sofrimentos físicos e morais, cansaços, dificuldades,
incompreensões e obstáculos de todos os tipos marcaram o seu ministério
apostólico. Cristo, a Igreja e as almas, dizia ele, são
amados e servidos na cruz e na crucifixão, ou não são de modo
algum amados nem servidos".
O coração deste estrategista da caridade foi "ilimitado,
porque se dilatou com a caridade de Cristo". A paixão por Cristo foi a
alma da sua vida audaciosa, o impulso interior de um altruísmo sem reservas, a
fonte sempre fresca de uma esperança indestrutível.
Este filho humilde de um pedreiro proclama que “somente a
caridade salvará o mundo" e a todos repete que “a
alegria perfeita não pode existir, senão na perfeita dedicação de si mesmo a
Deus e aos homens, a todos os homens".
Papa João
Paulo II – Homilia de Canonização – 16 de maio de 2004
Luís Orione nasceu em Pontecurone, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de1872. Aos treze anos foi recebido como Aspirante num Convento Franciscano de onde saiu um ano depois devido a uma doença. De 1886 a 1889 foi aluno de Dom Bosco no Oratório Salesiano de Turim.
Em 1889 entrou
no Seminário Diocesano de Tortona. Ainda jovem seminarista se dedicava a obras
de solidariedade para com os necessitados, participando da «Sociedade de
Socorro Mútuo São Marciano» e das Conferências Vicentinas. No dia três de Julho
de 1892abriu seu primeiro Oratório, um centro de educação cristã e de recreação
para os meninos pobres. No ano seguinte, Orione um seminarista de 21 anos,
fundou no Bairro de São Bernardino um Colégio, com escola em regime de
internato, para rapazes de famílias pobres.
Ligados a Dom
Orione se uniram Seminaristas e Padres que formaram o primeiro núcleo de uma
nova Família Religiosa a «Pequena Obra da Divina Providência». Em 1899
Dom Orione deu início a mais um Ramo da nova Congregação: os «Eremitas da
Divina Providência». O Bispo de Tortona, Dom Igino Bandi, com Decreto datado
de 21 de Março de 1903, deu aprovação canônica aos «Filhos da Divina
Providência», Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família
da Pequena Obra da Divina Providência. A Congregação e toda a Família Religiosa
se propunha «trabalhar para levar os pequenos os pobres e o povo à Igreja e
ao Papa, mediante obras de caridade», desejando consagrar-se com um IV Voto
«de especial fidelidade ao Papa». Já nas Primeiras Constituições de 1904
constava também o propósito de «trabalhar pela união das Igrejas Separadas».
Animado por uma grande paixão pela Igreja e pelas Almas,
Dom Orione se envolveu ativamente nos problemas emergente da época: a luta pela
liberdade e a unidade da Igreja, a questão romana, o modernismo, o socialismo,
a evangelização das massas operárias. Dom Orione teve atuação heróica no
socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica
(1915). Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de
Messina por 3 anos.
Vinte anos
depois da fundação dos Filhos da Divina Providência, em 29 de junho de 1915,
surgiu como novo ramo a Congregação das «Pequenas Irmãs Missionárias da
Caridade», Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional. Ao novo ramo
se associaram as «Irmãs Sacramentinas Adoradoras não videntes» e algum
tempo depois as «Contemplativas de Jesus Crucificado».
O Pe. Luís
Orione se empenhou em organizar grupos Leigos: as «Damas da Divina
Providência», os «Ex-Alunos» e os «Amigos». Nos anos seguintes,
outros grupos foram constituídos como o «Instituto Secular Orionita —
ISO» e o amplo leque de Associações do «Movimento Laical Orionita — MLO».
O zelo
missionário de Dom Orione cedo se manifestou com o envio de Missionários ao
Brasil em 1913 e, em seguida à Argentina e ao Uruguai (1921), à Palestina
(1921), à Polônia (1923), a Rodes (1925), aos Estados Unidos (1934), à
Inglaterra (1935) e à Albânia (1936). Dom Orione esteve pessoalmente como
missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937,
no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile.
Recebeu grandes
demonstrações de estima de Papas e de Autoridades que lhe confiaram missões
importantes e delicadas, para sanar feridas profundas no seio da Igreja e da
Sociedade e em difíceis situações de relacionamentos entre a Igreja e a
Sociedade civil. Foi Dom Orione pregador popular, confessor e organizador de
peregrinações, de missões populares e de presépios vivos. Grande devoto de
Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu
santuários, entre os quais o de Nossa Senhora da Guarda em Tortona e o de Nossa
Senhora de Caravaggio; na construção desses santuários será sempre lembrada a
iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado
dos mais operários civis.
O corpo foi sepultado devotamente na cripta do Santuário
da Guarda e encontrado incólume vinte e cinco anos depois, em 1965.No dia 26 de
Outubro de 1980, João Paulo II declarou Dom Orione bem-aventurado, tendo sido
canonizado em 16 de maio de 2004 .
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