Ao contrário, as almas imperfeitas não são procuradas. Permanece-se, sem
dúvida, dentro dos limites da cortesia religiosa, mas receando, talvez,
dizer-lhes algumas palavras pouco amáveis, evita-se a companhia delas. Ao mencionar almas imperfeitas não estou me
referindo apenas às imperfeições espirituais, pois as mais santas só serão
perfeitas no Céu, refiro-me à falta de juízo, de educação, à suscetibilidade de
alguns temperamentos, todas coisas que não tornam a vida agradável. Sei que
essas enfermidades morais são crônicas, sem esperança de cura, mas sei que
minha Madre não deixaria de cuidar de mim, de procurar aliviar-me, se ficasse
doente a vida toda.
Eis a conclusão a que cheguei: devo procurar, no recreio,
na licença, a companhia das irmãs que me são menos agradáveis, desempenhar junto
a essas almas feridas o ofício de boa samaritana. Uma palavra, um sorriso
amável são muitas vezes suficientes para alegrar uma alma triste. Mas não é
absolutamente para alcançar essa meta que quero praticar a caridade, pois sei
que logo desanimaria: uma palavra que eu teria proferido com a melhor das
intenções seria, talvez, interpretada erroneamente. Por isso, a fim de não perder meu tempo, quero ser amável com todas (e
particularmente com as irmãs menos amáveis) para alegrar Jesus e responder ao
conselho que me dá no Evangelho, mais ou menos nos seguintes termos:
"Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não chames os teus amigos, nem
os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os ricos vizinhos; de outro modo eles
também convidar-te-iam e terias uma retribuição. Mas, quando deres um banquete,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; e serás feliz, porque eles
não terão como retribuir-te; mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos
justos".
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