A prática da amamentação
pela ama de leite é hoje menos comum, justamente por ser objeto de críticas de
caráter médico, de higiene e até mesmo psicológico. Mas houve um tempo em que
era uma instituição de grande importância do ponto de vista social, enquanto
numa plano de vida familiar era a resposta inevitável para os hábitos das
esposas dos dias passados.
A delicadeza das funções de
uma ama de leite, que era algo mais do que uma máquina de amamentar, explica a
propagação do culto das santas amas de leite e especialmente a popularidade de
Santa Balsâmia, muito viva nos séculos da Idade Média.
A figura desta santa é muito
pitoresca, mas também bastante nebulosa. Na França, na Diocese de Reims, ela é
homenageada como a ama de leite de São Remígio, bispo daquela cidade. Reflete
sobre ela a glória de um filho de leite de excepcional importância, porque São
Remígio foi quem levou à conversão a Rainha Clotilde, depois ao seu marido
Clovis, com todos os seus cavaleiros francos. Com a conversão de Clóvis, por parte
de São Remígio, começou a história cristã da França, “a filha primogênita da
Igreja", e nesta história, naquela prole, mesmo o leite de Santa Balsâmia
parecia ter algum peso.
Já dissemos que São Remígio
é considerado pelos franceses quase como um segundo João Batista, profeta e
precursor do Verbo cristão na França. Diz-se que também ele foi abençoado no
ventre da mãe, Santa Celina, que corresponderia então a Santa Isabel, mãe de
João Batista.
Na França, ela foi chamada de
Santa Nutriz, depois prevaleceu o nome de Balsâmia, como se o leite dispensado
ao seu excepcional afilhado fosse um bálsamo perfumado da santidade.
Um último detalhe as
legendas adicionam ao seu relato. Embora reverenciada na França, ela seria de origem
italiana, de fato Romana, e de Roma, inspirada por Deus, teria ido para Reims
para levar a cabo a sua delicada tarefa de ama de leite. O significado disto é
particularmente claro: o leite - ou bálsamo - transmitido pela ama de leite a
São Remígio, e deste transmitido a toda França, “a filha primogênita da
Igreja", sem dúvida veio diretamente de Roma: incorrupto, não adulterado,
não sofisticado, era o puro leite da doutrina católica, apostólica e romana.
Etimologicamente Balsâmia significa
“bálsamo, perfume”. Vem do latim.
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