Dom
Agostinho Thevarparampil, popularmente conhecido por Kunjachan, que na língua
Malayalam da Índia significa “padre pequeno”, devido à sua baixa estatura,
nasceu em Ramapuram, na diocese de Palai, Kerala, India, em abril de 1891.
Terminados os estudos no colégio, Agostinho entrou no seminário e foi ordenado
sacerdote no dia 17 de Dezembro de 1921. Em Fevereiro de 1923
Kunjachan
foi enviado como vice-pároco para a paróquia de São Sebastião em Kadanad. Mas o
seu serviço pastoral em Kadanad não durou muito tempo. Em Março de 1926 uma
doença o obrigou a voltar a Ramapuram.
Durante
o período de convalescença conheceu uma nova realidade, um novo campo de ação,
ate agora esquecido por todos: a miserável situação de vida dos “intocáveis”,
ou seja, os membros das classes mais baixas da sociedade. Foi Gandhi o primeiro
a chamar-lhes Harijan, quer dizer, “povo de Deus”(hoje são conhecidos por
Dalit). Durante séculos foram considerados “intocáveis” e também
“inaproximáveis”. Viviam nos terrenos dos membros das classes superiores, a
quem serviam como assalariados rurais e mão de obra.
Tomando
conhecimento da sua miserável condição e existência, Dom Agostinho decidiu
entregar-se totalmente para melhorar a sua vida e para sua evangelização. Nunca
imaginou, todavia, quão difícil seria esta estrada escolhida. Conduzir à fé uma
gente imersa em crenças e práticas supersticiosas era uma tarefa árdua.
Dom
Agostinho era muito humilde e simples, era um homem de serviço e de caridade,
sobretudo para com os mais pobres e fracos da sociedade. Começava o dia às 4 da
manhã, depois da missa, acompanhado por um catequista, ia visitar as pobres
cabanas dos Intocáveis, imitando o Divino Pastor, ia a procura das suas
ovelhas, não só no território da sua paróquia, mas onde quer que tivessem
necessidade dele; chamava-lhes “meus filhos”. Escutava-os, confortava-os,
procurava eliminar as discórdias entre eles e tratava os seus doentes. Era para
eles como o Cura d’Ars, o santo padroeiro dos padres diocesanos.
Com
grande paciência visitava-os frequentemente; alguns, porém, procuravam
evitá-lo;outros escondiam-se; outros ainda desculpavam-se por não terem mantido
as suas promessas. Mas nada o dissuadia do seu empenho. Queria conduzi-los ao
seio da Igreja.
As
viagens cansativas, a escassa resposta aos seus esforços e outros imprevistos,
nada o abatia, pois dizia “são gente boa e simples. Melhorará. Conhecia-os a
todos pelo seu nome e eles gostavam de ser chamados pelo nome. A sua pequena
estatura era uma benção, porque podia entrar e sair sem dificuldade das suas
cabanas.
Kunjachan
era um amigo das crianças: gostava muito da sua companhia. Os pequenos também
se divertiam muito com a sua presença.
O
estilo da sua vida era muito simples. Uma vez que tinha dedicado toda a sua
vida ao serviço dos mais pobres, queria viver também como um deles. Isto é
visível igualmente nas primeiras frases do seu testamento: “Não possuo nada,
nem terra nem dinheiro. Nem devo nada a ninguém…. Quero que o meu funeral seja
feito de modo muito simples…”.
Para
um trabalho tão cansativo devia, contudo, encontrar força nalgum sítio. Na
verdade, era um homem de oração e rezava continuamente, até durante as suas
deslocações.
Dom
Agostinho tinha grande paciência e muita consideração pelos marginalizados.
Mesmo que não o escutassem ou lhe tivessem falado indelicadamente, ele
permanecia tranquilo. Soube vencer a desconfiança e batizou pessoalmente quase
seis mil pessoas. Com razão pode ser considerado um dos maiores missionários
dos marginalizados e é justamente chamado “Apóstolo dos Intocáveis”.
Kunjachan
teve uma longa vida. Celebrou as suas Bodas de Ouro Sacerdotais em 1971. Depois
de grave doença morreu com fama de santidade no dia 16 de Outubro de 1973 com a
idade de oitenta e dois anos. Queria ser sepultado entre os seus “filhos” bem
amados, mas conscientes da sua santidade, os paroquianos sepultaram-no em
frente ao altar dedicado a Santo Agostinho, padroeiro de sua paróquia.
No dia 22 de Junho de 2004 o Santo Papa João Paulo
II aprovou as virtudes heróicas de Kunjachan e o declarou venerável.
Nesse ínterim foi feito o processo da cura
milagrosa do pé deformado de um menino e o resultado foi enviado a Roma. Após o
exame completo feito por pessoal competente sobre a natureza miraculosa da
cura, o Santo Papa Bento XVI aprovou o milagre, abrindo assim o caminho para
beatificação.
O Venerável Kunjachan já foi beatificado pelo Cardeal Varkey Vithayathil no dia 30 de Abril de 2006, na mesma aldeia de Ramapuram onde
ele nasceu, trabalhou, morreu e foi enterrado.
Sua festa será celebrada no dia 16 de Outubro de
cada ano.
Rezemos agora para que sua canonização aconteça em
breve tempo.
Oração
Senhor
Jesus Cristo, que foste ungido para pregar a Boa Nova aos pobres, para anunciar
a libertar os oprimidos, concede ao nosso bem amado Kunjachan a auréola da
santidade. Com a sua vida humilde e pura, iluminado pelo teu amor, dedicou-se
completamente à elevação espiritual e temporal dos irmãos pobres e
marginalizados. Bendiz, ó Senhor, os teus servos e fá-los crescer naquela
caridade, pureza, e simplicidade que adornou a vida de Kunjachan.
Ó
Deus, Vos pedimos humildemente por uma graça particular… que Vos pedimos por
intercessão do Vosso Servo, o nosso amado Kunjachan.
Amem.
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