Lê-se no trecho bíblico de hoje: “Escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos mais pequeninos”. Por conseguinte, ele revela-se aos pequeninos: se quiseres compreender algo do mistério de Jesus, abaixa-te: torna-te pequenino, reconhece o teu nada. Mas Deus não só escolhe e se revela aos pequeninos; ele chama os pequeninos: “vinde a mim, vós, que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. Dirige-se aos mais pequeninos devido a sofrimentos, cansaço. Eis então que Deus escolhe os pequeninos, revela-se aos pequeninos e chama os pequeninos. Poder-se-ia objetar: Mas por que não chama os grandes? A resposta é clara: O seu amor é aberto, mas os grandes não conseguem ouvir a voz porque estão cheios de si mesmos. Ao contrário, para ouvir a voz do Senhor é preciso fazer-se pequenino.
Assim, chegamos ao mistério do coração de
Cristo, no dia em que a Igreja celebra precisamente a solenidade do
Sacratíssimo Coração de Jesus. Há quem diga: Mas o coração de Cristo, sim, está
bem, é uma pequena imagem para pessoas devotas. Absolutamente não: o coração de
Cristo, o coração trespassado de Cristo, o coração da revelação, o coração da
nossa fé porque ele se fez pequenino, escolheu este caminho. A este propósito,
Paulo usa as seguintes expressões: Abaixou-se, humilhou-se a si mesmo,
aniquilou-se até à morte e morte de cruz. E esta é uma escolha rumo à
pequenez para que a glória de Deus se possa manifestar. Assim, o soldado com um
golpe de lança trespassou o lado e imediatamente saiu sangue e água: é este o
mistério de Cristo, e o que nós hoje celebramos, este coração que ama, que
escolhe, que é fiel, que se liga a nós, se revela aos pequeninos, chama os
pequeninos, se faz pequenino.
Papa Francisco – 23 de
junho de 2017
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