Nos anos da minha juventude, tive receio que o
culto a Maria, dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a
supremacia do culto devido a Cristo. Sob a orientação sábia de São Luís Maria Grignion
de Montfort no Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem Santíssima compreendi
que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O
pensamento mariológico do Santo, de fato, está radicado no Mistério trinitário
e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus.
A Igreja, desde as suas origens, e sobretudo
nos momentos mais difíceis, contemplou com particular intensidade um dos
acontecimentos da Paixão de Jesus Cristo, referido a São João: "Junto
à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de
Cleofas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali de pé a sua mãe e o
discípulo que Ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!". Depois,
disse ao discípulo: "Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o
discípulo acolheu-a como sua".
Ao longo da sua história, o Povo de Deus
experimentou esta doação feita por Jesus crucificado: a doação da sua Mãe.
Maria Santíssima é verdadeiramente a nossa Mãe, que nos acompanha na nossa
peregrinação de fé, esperança e caridade rumo à união cada vez mais intensa com
Cristo, único salvador e mediador da salvação.
Como se sabe, no meu brasão episcopal, que é a
ilustração simbólica do texto evangélico acima citado, o mote Totus
tuus está inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Estas duas palavras exprimem a pertença total a Jesus por meio de Maria: "Tuus
totus ego sum, et omnia mea tua sunt", escreve São Luís Maria; e
traduz: "Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence, meu amável
Jesus, por meio de Maria, tua Santa Mãe"
Papa São João Paulo II –
08 de dezembro de 2003
Hoje celebramos:
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