sexta-feira, 1 de junho de 2018

01 de junho - Santo Aníbal Maria di Francia


“Se alguém me ama, guarda a minha palavra" (Jo 14,23). Nestas palavras evangélicas, está apresentado e delineado o perfil espiritual de Aníbal Maria Di Francia que, o amor ao Senhor, o estimulou a dedicar a existência inteira ao bem espiritual do próximo. Nesta perspectiva, ele sentia sobretudo a urgência de realizar este mandato evangélico: "Por isso, pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara!" (Mt 9, 38).
Aos Padres rogacionistas e às Irmãs Filhas do Zelo Divino, deixou a tarefa de se empenharem com todas as forças, a fim de que a oração pelas vocações fosse "incessante e universal". O Padre Aníbal Maria Di Francia dirige este mesmo convite aos jovens do nosso tempo, resumindo-o na sua exortação habitual: "Apaixonai-vos por Jesus Cristo!".
Desta intuição providencial nasceu no interior da Igreja um grande movimento de oração pelas vocações. Formulo votos de coração para que o exemplo do Padre Aníbal Maria Di Francia oriente e sustente esta ação pastoral também no tempo presente.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 16 de maio de 2004

Aníbal Maria Di Francia nasceu em Messina (Itália) aos 5 de julho de 1851. Foram seus pais, a Anna Toscano e o Francisco, marquês de S. Catarina de Jonio, vice-cônsul pontifício e capitão honorário da marinha.
Aníbal, terceiro de quatro filhos, ficou órfão aos 15 meses pela morte prematura do pai. A amarga experiência infundiu-lhe, uma particular ternura e um especial amor para com os órfãos e crianças abandonadas que caracterizaram não só a sua vida, mas todo o seu sistema educativo.

Desenvolveu grande amor a Jesus Sacramentado, tanto que recebeu autorização - excepcional naquele tempo - de comungar diariamente. Muito jovem ainda, diante de Jesus Sacramentado solenemente exposto, recebeu a graça especial que podemos definir como a inteligência do Rogate (Rogai): “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai [Rogate], pois, ao dono da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita” (Mt9, 38; Lc 10, 2). Estas palavras do Evangelho constituíram a intuição fundamental, o carisma ao qual dedicou toda a sua vida.

Dotado de grande genialidade e notáveis capacidades literárias, apenas ouviu o chamado do Senhor, respondeu pronta e generosamente, adaptando os talentos ao seu ministério. Completados os estudos foi ordenado sacerdote. Alguns meses antes se encontrou providencialmente com um mendigo quase cego que lhe proporcionou a oportunidade de entrar em contato com a triste realidade social e moral da periferia mais pobre de Messina, as assim chamadas Casas Avignone que lhe abriu o caminho daquele imenso amor para com os pobres e órfãos que se tornou uma característica fundamental de sua vida. Com o consentimento de seu Bispo foi morar naquele gueto e empenhou todas as suas energias na redenção daqueles infelizes, que aos seus olhos se apresentavam com a imagem evangélica das ovelhas sem pastor. Foi uma experiência marcada por contradições, incompreensões e dificuldades de todo tipo, que superou com grande fé, vendo nos humildes e marginalizados o próprio Jesus Cristo realizando aquilo que definia “espírito de dupla caridade: evangelização e serviço dos pobres”.

No ano de 1882 tiveram início seus orfanatos que em seguida colocou sob a proteção de Santo Antônio de Pádua, daí recebendo o nome de antonianos. Sua preocupação não consistia somente em dar aos órfãos pão e trabalho, mas, sobretudo em proporcionar-lhes educação integral especialmente no aspecto moral e religioso, oferecendo aos assistidos um verdadeiro clima de família que favorecesse o processo formativo de descobrir e realizar o plano de Deus.
Pelo seu espírito missionário desejava abraçar todos os órfãos e pobres do mundo. Mas o que fazer? A palavra Rogate abria-lhe esta possibilidade. Por isso escreveu: “O que é este punhado de órfãos que são evangelizados diante de milhões que se perdem e são abandonados como rebanho sem pastor? Eu procurava uma saída ampla, imensa e a encontrei nas adoráveis palavras de N. S. Jesus Cristo: Rogate ergo... e então me pareceu ter encontrado o segredo de todas as boas obras e da salvação de todos os homens”.

Aníbal tinha intuído que o Rogate não era uma simples recomendação do Senhor, mas um comando explicito e um “remédio infalível”. Razão pela qual seu carisma deve ser considerado princípio animador de uma providencial fundação na Igreja. Outro aspecto a se destacar é que ele antecede o tempo ao considerar como vocações também os leigos engajados, pais, professores e até os bons governantes.

Para realizar na Igreja e no mundo seus ideais apostólicos, fundou duas novas famílias religiosas: em 1887 a Congregação das Filhas do Divino Zelo e, dez anos mais tarde, a dos Rogacionistas.

Quis que os membros dos dois Institutos, aprovados canonicamente aos 6 de agosto de 1926, se empenhassem a viver o Rogate com um quarto voto. Assim o Di Francia escreveu numa suplica de 1909 a S. Pio X: “Dediquei-me desde a minha juventude à santa palavra do Evangelho: Rogate ergo. Nos meus mínimos Institutos de beneficência se eleva oração incessante e cotidiana dos órfãos, dos pobres, dos sacerdotes e virgens consagradas, com as quais se suplicam aos Corações Santíssimos de Jesus e Maria, ao Patriarca São José e aos Santos Apóstolos para que queiram prover abundantemente a Santa Igreja de sacerdotes eleitos e santos, de evangélicos operários da mística messe das almas”.

Para difundir a oração pelas orações promoveu numerosas iniciativas, correspondia-se e teve encontros pessoais com os Sumos Pontífices de seu tempo, instituiu a Sagrada Aliança para o clero e a Pia União da Rogação Evangélica para todos os fiéis. Fundou o jornal com o significativo título “Deus e o Próximo” para envolver os fiéis na vivência dos mesmos ideais.

“É toda a Igreja - escreve - que oficialmente deve rezar para esta intenção, pois a missão da oração para obter bons operários é tal que deve interessar vivamente os bispos, os pastores do místico rebanho, aos quais são confiadas as almas e são hoje os apóstolos de Jesus Cristo”. O Dia Mundial de oração pelas vocações, instituído por Paulo VI em 1964, pode considerar-se a resposta da Igreja à esta sua intuição.

Teve grandíssimo amor ao sacerdócio, convicto de que somente mediante a ação de numerosos e santos sacerdotes é possível salvar a humanidade. Empenhou-se fortemente na formação espiritual dos seminaristas que o Arcebispo de Messina confiou a seus cuidados. Com frequência repetia que sem uma sólida formação espiritual, sem oração, «toda fadiga dos bispos e reitores de seminários se reduz geralmente a um cultivo artificial de padres...». Sua caridade, definida sem cálculos e sem limites, manifestou-se com conotações particulares mesmo para com sacerdotes em dificuldade e irmãs de clausura.

Durante sua vida terrena já se manifestava clara e genuína fama de santidade observável em todos os níveis, de tal modo que, - quando a 1 de junho 1927 morria santamente em Messina, confortado pela presença de Nossa Senhora que muito amara ao longo de sua existência, o povo repetia: “vamos ver o santo que dorme”.
A santidade e missão de Padre Aníbal declarado “insigne apóstolo da oração pelas vocações” são experimentadas hoje profundamente por todos que estão compenetrados das necessidades vocacionais da Igreja.

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