Segundo a
história, em 1717 os pescadores Domingos Martins García, João Alves e Filipe
Pedroso pescavam no rio Paraíba, na época chamado de rio Itaguaçu. Ou melhor,
tentavam pescar, pois toda vez que jogavam a rede, ela voltava vazia, até que
lhes trouxe a imagem de uma santa, sem a cabeça.
Jogando a rede uma vez mais,
um pouco abaixo do ponto onde haviam pescado a santa, pescaram, desta vez, a
cabeça que faltava à imagem e as redes, até então vazias, passaram a voltar ao
barco repletas de peixes. Esse é considerado o primeiro milagre da santa. Eles
limparam a imagem apanhada no rio e notaram que se tratava da imagem de Nossa
Senhora da Conceição, de cor escura.
Pedroso, um dos pescadores, e passou a ser alvo das orações de toda a comunidade. A devoção cresceu à medida que a fama dos milagres realizados pela santa se espalhava.
A família construiu um oratório, que, logo constatou-se, era pequeno para abrigar os fiéis que chegavam em número cada vez maior.
Em meados de 1734, o vigário de Guaratinguetá mandou construir uma capela no alto do Morro dos Coqueiros para abrigar a imagem da santa e receber seus fiéis. A imagem passou a ser chamada de Aparecida e deu origem à cidade de mesmo nome.
Em 1834 iniciou-se a construção da igreja que hoje é conhecida como Basílica Velha. Em 06 de novembro de 1888, a princesa Isabel visitou pela segunda vez a basílica e deixou para a santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com o manto azul. Em 8 de setembro de 1904 foi realizada a solene coroação da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Em 1930, o papa Pio XI decreta-a padroeira do Brasil, declaração esta reafirmada, em 1931, pelo presidente Getúlio Vargas, assim, foi legitimado um fato já consagrado pelo povo brasileiro.
A construção da atual Basílica iniciou-se em 1946, e a inauguração aconteceu em 1967, por ocasião da comemoração do 250.º Aniversário do encontro milagroso da imagem, ainda com o templo inacabado.
O Papa Paulo VI ofertou à santa uma rosa de ouro, símbolo de amor e confiança pelas inúmeras bênçãos e graças por ela concedidas. A partir de 1950 já se pensava na construção de um novo templo mariano devido ao crescente número de romarias. O majestoso templo foi consagrado pelo Papa, após mais de vinte e cinco anos de construção, no dia 4 de julho de 1980, na primeira visita de João Paulo II ao Brasil.
A data comemorativa à Nossa Senhora Aparecida (aniversário do aparecimento
da imagem no Rio) foi fixada pela Santa Sé em 1954, como sendo 12 de outubro, embora as informações sobre tal data sejam controversas.
A imagem encontrada e até hoje reverenciada é de terracota e mede 40 cm de
altura. A cor original foi certamente afetada pelo tempo em que a imagem esteve mergulhada na água do rio, bem como pela fumaça das velas e dos candeeiros que durante tantos anos foram os símbolos da devoção dos fiéis à santa.
Em 1978, após o atentado que a reduziu a quase 200 pedaços, ela foi reconstituída pela artista plástica Maria Helena Chartuni, na época, restauradora do Museu de Arte de São Paulo. Peritos afirmam que ela foi moldada com argila da região, pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus, embora esta autoria seja de difícil comprovação.
Milhões de pessoas vão, a cada ano, a Aparecida. Estando ali em 1980, o Papa João Paulo II fez duas perguntas:
“O que buscavam os antigos romeiros?”
“O que buscam os peregrino de hoje?”
E ele mesmo nos responde:
“Buscam aquilo mesmo que buscavam no dia do batismo: a fé e os meios de alimentá-la. Buscam os sacramentos da Igreja, sobretudo a reconciliação com Deus e com o alimento eucarístico. E voltam revigorados e agradecidos à Senhora, Mãe de Deus e Nossa.” 04/07/1980
Tempos atrás, no dia 16 de maio de 1978, um homem atacou a imagem de Nossa Senhora Aparecida e ela foi destruída em mais de 200 pedaços. Ele pensava que assim, destruiria o culto mariano.
No meio dos fragmentos foram encontradas, intactas, as duas mãos de Maria, unidas em oração.
Recordando esse fato, o Papa João Paulo II revelou:
“O fato vale como um símbolo: as mãos postas de Maria no meio das ruínas são um convite a seus filhos darem espaço em suas vidas à oração, ao absoluto de deus, sem o qual tudo o mais perde sentido, valor e eficácia. O verdadeiro filho de Maria é um cristão que reza.” 04/07/1980
A artista plástica Maria Helena Chartuni, que restaurou a imagem destruída, fala com carinho do trabalho que considera um divisor de águas em sua vida.
“Para mim, existe o antes e o depois do restauro da Imagem. Sinto-me muito abençoada porque nenhum trabalho me deu tanta satisfação quanto aquele. Passados tantos anos, ainda percebo o retorno da esperança que a Imagem proporcionou a mim e toda a população”.
Maria Helena agradece a Deus a graça de ter reconstruído o símbolo da devoção Mariana, mas explica que não foi fácil: “Fiquei muito assustada no início. A Imagem estava despedaçada, principalmente a parte da cabeça. Além das dificuldades técnicas, estava lidando com uma peça de arte produzida em terracota (barro cozido)”.
Ela conta que teve sua fé restaurada ao longo daqueles 33 dias de árduo trabalho, tornando-se devota. “Foi a partir daí que me dei conta de que algo tinha acontecido com a minha fé que até então estava "congelada", apesar de eu ter sido criada numa família católica. O trabalho de restauro da imagem de Nossa Senhora mudou a minha vida, minha fé. Ela é a mensageira de Deus, aceitou sua missão com humildade, pureza e obediência. Ela deve ser nosso exemplo de mulher de Deus e por isso devemos amá-la e respeitá-la sempre”.
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