Jesus diz aos seus discípulos: “Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo”. Ele usa uma linguagem simbólica para indicar àqueles que pretendem segui-lo, alguns critérios para viver a presença e o testemunho no mundo.
Primeira imagem: o sal. O sal é o elemento
que dá sabor, que conserva e preserva os alimentos contra a corrupção.
Portanto, o discípulo é chamado a manter longe da sociedade os perigos, os
germes corrosivos que poluem a vida das pessoas. Trata-se de resistir à degradação
moral, ao pecado, dando testemunho dos valores da honestidade e da
fraternidade, sem ceder às lisonjas mundanas do arrivismo, do poder e da
riqueza. É “sal” o discípulo que, não obstante os fracassos diários –
porque todos nós os temos – se levanta do pó dos próprios erros, recomeçando
com coragem e paciência, todos os dias, a procurar o diálogo e o encontro com
os outros. É “sal” o discípulo que não busca o consentimento nem o elogio, mas
que se esforça por ser uma presença humilde e construtiva, na fidelidade aos
ensinamentos de Jesus que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir.
E há tanta necessidade desta atitude!
A segunda imagem: a luz. A luz dissipa a escuridão e permite ver. Jesus é a luz que dissipou as trevas, mas elas ainda permanecem no mundo e nas pessoas individualmente. É tarefa do cristão dispersá-las, fazendo resplandecer a luz de Cristo e anunciando o seu Evangelho. Trata-se de uma irradiação que pode derivar até das nossas palavras, mas deve brotar principalmente das nossas boas obras. Um discípulo e uma comunidade cristã são luz no mundo quando orientam os outros para Deus, ajudando cada um a experimentar a sua bondade e misericórdia. O discípulo de Jesus é luz quando sabe viver a sua fé fora dos espaços restritos, quando contribui para eliminar preconceitos, para eliminar calúnias e para fazer entrar a luz da verdade nas situações corrompidas pela hipocrisia e pela mentira. Fazer luz. Mas não se trata da minha luz, é a luz de Jesus: nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos.
Papa Francisco – 09 de fevereiro de 2020.
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