Tudo o que pode haver de edificante na vida de um jovem,
é encontrado na vida de Pancrácio, um dos mais gloriosos mártires do século
quarto. Contava com apenas 14 anos quando rendeu a alma à Deus, recebendo a
palma do martírio e elevado aos altares num grande exemplo de coragem,
personalidade e fé na doutrina de Cristo Salvador.
Nascido na então cidade turca de Frigia no ano 289 d.C.,
Pancrácio era filho de nobres romanos muito ricos e que não tinham como
religião o cristianismo . Perdeu seu pai quando tinha 8 anos, mudando-se na
ocasião para Roma com sua mãe , indo morar junto ao tio, Dionísio.
O Imperador Diocleciano iniciou nesta época a mais
terrível perseguição feita aos cristãos. A pouca distância da vivenda de
Dionísio, morava oculto o Papa Marcelino, hóspede de um cristão carpinteiro do
palácio imperial. Observando a movimentação nesse local de homens e mulheres de
todas as classes e investigando as razões, acabou descobrindo que no local
havia reuniões secretas de cristãos devotos à verdadeira doutrina de Cristo.
Dionísio, já fortemente inclinado ao cristianismo e Pancrácio, ouvindo muitas
boas referências a respeito do Papa, nutriam ardente desejo de pessoalmente
conhecer Sua Santidade. Certa noite dirigiram-se ao Porteiro que, desconfiado,
relutou em deixá-los entrar, mas confessando que queriam conhecer a religião
cristã, foram cordialmente recebidos pelo Papa. Durante dias consecutivos
ouviram, em reuniões, as explicações da doutrina cristã, até que finalmente
foram admitidos no Batismo e ao culto divino nas catacumbas.
Algumas fontes ressaltam que o próprio Papa Marcelino foi quem o catequizou e
batizou. Era o ano 303 d.C.
A perseguição ordenada por Diocleciano intensificou-se,
condenando todos aqueles que não ofereciam incenso aos deuses e ao Imperador. Como
Pancrácio era de natureza nobre, houve de se justificar diante do imperador,
pois fora delatado como cristão.
Antes de comparecer ao tribunal, pediu a bênção do Papa,
que o animou e deu-lhe a santa Comunhão.
O imperador, apelando para a sua nobreza, usa de todos os meios persuadir o
jovem menino, tentando convencer-lhe de que os cristãos o haviam enganado e que
deveria voltar-se para suas origens e amar os deuses do imperador, caso
contrário, justificaria com seu sangue o rigor das leis. Mas, Pancrácio, com
timbre argentino de sua voz juvenil, respondeu: “Imperador, enganai-vos em supor
que me deixei iludir pelos cristãos. Só pela misericórdia de Deus cheguei ao
conhecimento da Salvação. Sou menino de 14 anos apenas, mas saiba o senhor que
Nosso Senhor Jesus Cristo reparte as suas graças não pela escala dos anos, mas
segundo a sua bondade e sabedoria. Coragem e entendimento ele nos dá, para não
ligarmos às ameaças dos imperadores maior importância que um fogo pintado.
Exigis de mim, que preste adoração aos deuses e às deusas da vossa veneração.
Ainda bem, que o sois melhor, que eles são”. A tais palavras, o
imperador as interpelou de insultuosas e atrevidas, ordenando sua imediata
decapitação.
À terrível sentença, fez o semblante angélico do jovem se cobrir de santa
alegria e prontamente Pancrácio se pôs à disposição do carrasco. Sem a menor
relutância, entregou sua cabeça ao cutelo do algoz. Antes disso, proclamou:
“Graças vos dou, ó Jesus, pelo dom da fé e pela honra de me terdes aceito entre
os vossos servos”.
Os cristãos se incumbiram de sepultar o jovem mártir em
um cemitério nas proximidades dessa importante via da Roma Antiga, a Catacumba
de Calepódio , que, em seguida, teve o seu nome mudado em homenagem a ele.
Neste local lê-se “ HIC DECOLLATUS FUIT SANCTUS PANCRATIUS ” (Aqui foi degolado
São Pancrácio).
O culto a São Pancrácio iniciou-se desde o dia de seu
martírio; muitos devotos visitavam a tumba, convertendo-a em um autêntico
santuário de peregrinação de pessoas vindas de todos os lugares. Acima de sua
catacumba foi erguida uma Basílica , no início do século VI. Mais tarde, o
pontífice Honório I construiu, entre os anos 625 e 638, uma nova Basílica em
honra de São Pancrácio, uma vez que a antiga corria risco de ruir.
São Pancrácio é considerado padroeiro dos jovens e das
crianças, amparo dos idosos e intercessor dos enfermos. Apesar do patrono dos
trabalhadores ser São José, São Pancrácio é também outro dos santos a quem
muitos devotos recorrem para encontrar trabalho.
Oração a São Pancrácio
“ Ó Deus, que destes a São Pancrácio
a coragem e a graça
de testemunhar na flor da sua juventude,
não com palavras mas com o sangue,
a fidelidade a Cristo e à Igreja,
concedei-nos, em particular a todos os jovens,
expressar com a vida a fé recebida no Batismo.
Protegei de todo o perigo a nossa Comunidade,
que no jovem Mártir Pancrácio
venera seu padroeiro,
e abençoai o nosso trabalho e compromisso
na construção do Teu Reino
de justiça e de paz. Amém. ”
Rezar : Um Pai Nosso, Uma Ave-Maria e Glória ao Pai.
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