Na segunda metade do século XIX na Campânia, no sul da
Itália, o Senhor chamou uma jovem professora da escola primária, Giulia
Salzano, e fez dela uma apóstola da educação cristã, fundadora da Congregação
das Irmãs Catequistas do Sagrado Coração de Jesus. Madre Giulia compreendeu bem
a importância da catequese na Igreja e, unindo a preparação pedagógica ao
fervor espiritual, a ela se dedicou com generosidade e inteligência,
contribuindo para a formação de pessoas de todas as idades e condições sociais.
Repetia às suas irmãs de hábito que desejava fazer catecismo até à última hora
da sua vida, demonstrando ela mesma que, se «Deus nos criou para O conhecer,
amar e servir nesta vida», nada se deveria antepor a esta tarefa. O exemplo e a
intercessão de Santa Giulia Salzano sustentem a Igreja na sua perene missão de
anunciar Cristo e de formar consciências cristãs autênticas.
Papa
Bento XVI – Homilia de Canonização – 17 de outubro de 2010
"Ensinarei sempre o catecismo, até
o meu último sopro de vida. E vos asseguro que morreria contentíssima
lecionando o catecismo"
foi o lema de Julia Salzano, uma vida toda dedicada à catequese.
Julia Salzano nasceu em
Santa Maria Capua Vetere (Caserta), dia 13 de outubro de 1846, filha de Diego
Salzano e de Adelaide Valentino. Aos
quatro anos ficou órfã de pai e como sua mãe não sabia como manter a família,
Julia foi confiada às Irmãs da Caridade no Orfanato Real de São Nicolau La
Strada, onde permaneceu até os quinze anos de idade.
Diplomada professora,
recebeu o encargo de ensinar na Escola Municipal de Casoria, na província de
Nápoles, para onde se transferiu toda a família.
Em Casoria, Julia não se
limita a exercer a função de professora, encontra tempo para visitar os doentes
e ajudar os pobres, mas, sobretudo, começa a preparar as crianças para a
Primeira Comunhão.
“Dona Julieta”, como é
chamada em sinal de deferência, manifestou um notável interesse pelo
catecismo para educar na fé as crianças, os jovens e os adultos, cultivando, ao
mesmo tempo, a devoção à Virgem Maria. Para tanto abriu sua casa não apenas
para seus alunos, mas também para todas as crianças da região, organizando
cursos de catecismo para os jovens, as mães e os operários, guiando os fieis na
oração.
Abriu uma oficina para
confecção de paramentos para as igrejas pobres, promovia a devoção ao Sagrado
Coração de Jesus, junto com a Beata Catarina Volpicelli, difundia a
recitação do Rosário e a prática do mês de maio.
Um outro Beato,
Ludovico de Casória, lhe predisse quase profeticamente: “Cuida de não cair na tentação de abandonar as crianças da nossa querida
Casória, porque a vontade de Deus é que vivas e morras entre elas”. E assim
foi.
Aos 50 anos, sente que é
necessário dar continuidade à sua obra de catequese. Já tinha em torno de si
algumas ex-alunas e outras jovens que se deixavam atrair por sua influência e
com elas fundou, em 1894, a Obra de Catequese, que dez anos depois se tornaria
uma congregação, com o nome de Irmãs
Catequistas do Sagrado Coração.
Julia as instruía e
preparava repetindo: "Em
qualquer hora a irmã catequista deve sentir-se disposta a instruir os
pequeninos e os ignorantes; não deve medir os sacrifícios requeridos por este
ministério, antes deveria desejar morrer no cumprimento do próprio dever, se
assim fosse do agrado de Deus". Ela as precedia com o exemplo,
dedicando-se completamente à catequese, apesar dos trabalhos para dirigir o
Instituto.
Em 16 de maio de 1929,
na idade de 83 anos, examinou mais de cem crianças que deveriam ser admitidas à
Primeira Comunhão. Na madrugada
seguinte, entregou sua alma a Deus, fiel ao propósito de “ensinar o catecismo até
o último sopro de vida”.
Esta figura única de
fundadora devotada à catequese foi proclamada beata em 23 de abril de 2002, e
canonizada em Roma por Bento XVI em 17 de outubro de 2010.
A sua Congregação se
expandiu não somente pelas cidades italianas, como também pela Europa, Canadá,
Brasil, Filipinas, Peru e Índia.
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