"Desejamos beijar as correntes daqueles que, presos
injustamente, choram e lamentam os ataques contra a religião”.
Pio
XII à Igreja e ao povo da Romênia
Padre Ghika viveu como santo e morreu como mártir. Tinha 80 anos quando morreu na prisão de Jilava, próxima a Bucarest, em 16 de maio de 1954. Era acusado de espionar para o Vaticano. Foi condenado pelo regime comunista a três anos de prisão por alta traição.
Vladimir Ghika era de religião ortodoxa, neto do último
príncipe da Moldávia e estava destinado à carreira diplomática. Antes dos 30
anos, entrou para a Igreja Católica, renunciando a todo e qualquer privilégio
para viver na caridade para com os mais pobres.
Três são as mensagens que deixa Padre Ghika, como indica o
Cardeal Angelo Amato:
A primeira diz respeito à sua 'ânsia' ecumênica, pois sonhava com a unidade da Igreja. Ele propunha a santidade como um meio indispensável para promover a unidade dos cristãos. Ele via no martírio de milhões de cristãos ortodoxos perseguidos - sobretudo na Rússia e na Europa do Leste pelos regimes comunistas -, a garantia de uma verdadeira ressurreição que, na lógica do Mistério Pascal, deveria levar à unidade.
A primeira diz respeito à sua 'ânsia' ecumênica, pois sonhava com a unidade da Igreja. Ele propunha a santidade como um meio indispensável para promover a unidade dos cristãos. Ele via no martírio de milhões de cristãos ortodoxos perseguidos - sobretudo na Rússia e na Europa do Leste pelos regimes comunistas -, a garantia de uma verdadeira ressurreição que, na lógica do Mistério Pascal, deveria levar à unidade.
O segundo aspecto diz respeito ao seu concreto empenho de caridade para com os refugiados, os feridos de
guerra, os doentes, por ele acolhidos, visitados assistidos.
O terceiro aspecto diz
respeito ao seu testemunho martirial, sob aquele regime impiedoso que foi o
stalinismo. Longos e extenuantes interrogatórios dia e noite, espancamentos
terríveis que quase o fizeram perder a audição e a visão, simulações de
enforcamento. Ele suportou com fé e coragem esse martírio com a ajuda da oração.
O destino quis que em
torno ao Padre Ghika, agonizante na enfermaria da prisão, houvesse um sacerdote
ortodoxo, um pastor protestante, um jovem judeu e um imame tártaro, para coroar
o seu desejo de um só rebanho e um só pastor:
“A Beatificação de hoje deve ser vista como um sinal profético de reconciliação e de paz, como memória de um triste passado que não deve se repetir em nenhum modo e como empenho para construir um futuro de esperança, de comunhão fraterna, de liberdade e de alegria”.
“A Beatificação de hoje deve ser vista como um sinal profético de reconciliação e de paz, como memória de um triste passado que não deve se repetir em nenhum modo e como empenho para construir um futuro de esperança, de comunhão fraterna, de liberdade e de alegria”.
Cardeal Ângelo Amato –
homilia de beatificação - 31 de agosto de 2013
Ghika
nasceu no dia de Natal de 1873, um presságio bom que se haveria de confirmar
anos mais tarde, quando decidiu abraçar o sacerdócio cumprindo um sonho antigo:
a vocação de servir os outros
entregando-se a Deus.
Nasceu em Constantinopla, hoje Istambul, neto do último governador da Moldávia e descendente do rei de França, numa família ortodoxa, profundamente crente. Teve quatro irmãos e uma irmã que morreram quase todos em tenra idade.
Cedo, a família rumou para França, para que as crianças pudessem ter uma melhor educação. Ghika formou-se em direito e, mais tarde, resolve estudar filosofia e teologia, em Roma, convertendo-se, então, à fé católica.
Nessa altura, tinha 32 anos, decide tornar-se sacerdote ou monge, mas o Papa de então, Pio X, conhecendo as suas qualidades, incentiva-o a dedicar-se antes ao apostolado secular.
Regressado à Romênia, dedica-se de corpo e alma às obras de caridade. Funda clínicas para os pobres, hospitais, serviços de saúde. Ele próprio dá o exemplo e trata os doentes de cólera, sem receio de ser contagiado. Na I Guerra Mundial, auxilia vítimas de um terremoto em Avezzano, Itália, cuida de doentes de tuberculose em Roma e ajuda os feridos de guerra. Em Outubro de 1923, decide que é chegado o tempo de abraçar o sacerdócio, sendo ordenado pelo Cardeal Dubois, Arcebispo de Paris, e recebendo o raro privilégio de poder celebrar tanto no rito latino como no bizantino.
Oito anos mais tarde, o Papa nomeia-o Protonotário Apostólico. Então, Monsenhor Ghika viaja pelo mundo inteiro, ganhando do Papa Pio XI a alcunha de “vagabundo apostólico”.
A II Guerra Mundial vai encontrá-lo novamente na Romênia. Decide ficar no país e vive no meio dos pobres e dos doentes, não receando os bombardeamentos aliados. Ficou e recusou-se também a sair, mais tarde, quando os comunistas, no final do conflito, ocupam o país querendo obrigá-lo a aderir à igreja cismática que o regime estava a criar.
"Na
época, se um hospital católico fosse aberto, ele era reservado para os
católicos. Mas o Hospital do Padre Ghika estava aberto para todos. Ao longo de
sua vida, ele procurou unir o amor de Deus e o amor ao próximo", disse
Monica Brosteanu, a um dos editores da "positio" - estudo das
investigações que instruem os processo de Canonização - que levou a ser
beatificado o sacerdote romeno.
Manteve-se fiel a Roma e ao Papa, e foi preso a 18 de Novembro de 1952, sob a acusação de “alta traição”. Condenado a 3 anos de prisão, só resistiu dois. Ameaçado, espancado e torturado, apesar da idade, morreu a 16 de Maio de 1954. Tinha 80 anos.
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