terça-feira, 10 de maio de 2016

Beato Ivan Merz

Caríssimos Irmãos e Irmãs, o justo, inundado pela luz divina, torna-se por sua vez chama que resplandece e aquece. É o que nos ensina hoje a figura do novo Beato Ivan Merz.
Jovem brilhante, soube multiplicar os ricos talentos naturais dos quais era dotado e obteve numerosos sucessos humanos: pode-se falar da sua vida como de uma vida com bom êxito. Mas a razão pela qual hoje ele é inscrito no álbum dos Beatos não é essa. O que o introduz no coro dos Beatos é o seu sucesso diante de Deus. De fato, a grande aspiração de toda a sua vida foi "nunca esquecer Deus, desejar sempre estar unido a Ele". Em todas as suas atividades, ele procurou "a sublimidade do conhecimento de Jesus Cristo" e deixou-se "conquistar" por Ele (Fl 3, 8.12).

Na escola da liturgia, fonte e auge da vida da Igreja, Ivan Merz acreditou até à plenitude da maturidade cristã e tornou-se um dos promotores da renovação litúrgica na sua Pátria.
Participando na Missa, alimentando-se do Corpo de Cristo e da Palavra de Deus, ele tirou o estímulo para se fazer apóstolo dos jovens. Não foi por acaso que escolheu como mote "Sacrifício Eucaristia Apostolado". Consciente da vocação recebida no Batismo, fez da sua existência uma corrida para a santidade, "medida alta" da vida cristã. Por isso, como afirma a primeira leitura, "não desaparecerá a sua recordação, o seu nome viverá de geração em geração" (Ecl 39, 9).

O nome de Ivan Merz significou um programa de vida e de ação para toda uma geração de jovens católicos. Também hoje deve continuar a sê-lo! A vossa Pátria e a vossa Igreja, caríssimos jovens, viveram momentos difíceis e agora é necessário trabalhar para que a vida recomece plenamente a todos os níveis. Por conseguinte, dirijo-me a cada um de vós, convidando-vos a não desistir, a não ceder à tentação do desencorajamento, mas a multiplicar as iniciativas para que a Bósnia e Herzegovina volte a ser terra de reconciliação, de encontro e de paz.

O futuro destas terras depende também de vós! Não procureis noutras partes uma vida mais fácil, não fujais das vossas responsabilidades esperando que outros resolvam os problemas, mas ponde resolutamente remédio ao mal com a força do bem.
Como o Beato Ivan, procurai o encontro pessoal com Cristo que enche a nossa vida de nova luz. O Evangelho seja o grande critério que guia as vossas orientações e as vossas opções! Desta forma, tornar-vos-eis missionários com os gestos e com as palavras e sereis sinais do amor de Deus, testemunhas credíveis da presença misericordiosa de Cristo. Não esqueçais que não "se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire" (Mt 5, 15).
Papa João Paulo II – Homilia de beatificação - 22 de Junho de 2003

“Uma mulher verdadeiramente boa, é aquela que te inspirará a amar mais a Deus.” 
(Beato Ivan Merz)

Frequentou o liceu nessa localidade e, após um breve período na Academia Militar de Wiener Noustadt (Áustria), em 1915 inscreveu-se na Universidade de Viena, aspirando a tornar-se professor, para poder dedicar-se à educação dos jovens na sua terra.
Em 1916 alistou-se no Exército e, em seguida, foi enviado para a frente italiana, onde passou a maior parte dos anos de 1917-18. A experiência da guerra contribuiu para o seu rápido amadurecimento espiritual; indignado por todos os horrores de que foi testemunha, pôs o seu destino inteiramente nas mãos de Deus, fazendo o propósito de tender para a perfeição cristã:

"Nunca se esquecer de Deus! Desejar unir-se sempre a Ele. Todos os dias, de preferência na aurora, dedicar-se à meditação e à oração, possivelmente acompanhada da Eucaristia, ou durante a Santa Missa... É nestes momentos que se devem fazer os projetos para o dia que desponta, e que se devem examinar os defeitos pessoais e pedir a Deus a graça para superar todas as fraquezas. Seria terrível se esta guerra não tivesse uma utilidade para mim! [...] Devo começar uma vida regenerada no espírito do novo conhecimento do catolicismo. Só o Senhor me ajuda, porque o homem sozinho nada pode". Assim escrevia Ivan Merz no seu Diário.

Continuou os estudos em Viena e Paris, obtendo o Doutoramento em Filosofia em Zagrábia e foi professor de língua e literatura francesas em Zagrábia.
O Servo de Deus tornou-se conhecido como apóstolo da juventude, na "Liga dos Jovens Católicos Croatas" e na "Liga Croata das Águias", de que constituía o spiritus movens e com que inaugurou na Croácia a Ação Católica, desejada pelo Papa Pio XI. A Organização devia contribuir sobretudo para formar apóstolos da santidade. Com esta finalidade, devia servir também a renovação litúrgica, de que foi um dos primeiros promotores na Croácia, antecipando as ideias-chave do Concílio Vaticano II.

No seu trabalho, não lhe faltaram incompreensões de vários tipos, que ele conseguia enfrentar com calma admirável, um dos frutos da sua união contínua com Deus na oração. Vivia "mergulhado, com o coração e a mente, no sobrenatural". Convencido de que o meio mais poderoso para a salvação das almas era o sofrimento oferecido ao Senhor, entregou-lhe as suas provas físicas e morais para alcançar a bênção sobre os seus empreendimentos apostólicos e, quando a morte se aproximava, deu a sua jovem vida pelas "Águias". Faleceu em Zagrábia, no dia 10 de Maio de 1928, com 32 anos de idade, deixando atrás de si uma autêntica fama de santidade, cujo Processo Informativo foi instruído em Zagrábia, em 1958-1986. Em 5 de Julho de 2002, João Paulo II promulgou o Decreto da heroicidade das virtudes do Servo de Deus. Em seguida, foi submetido ao exame da Congregação o caso de uma cura milagrosa, ocorrida em 1930, junto do túmulo de Ivan Merz, julgada cientificamente inexplicável.


Assim, a 20 de Dezembro de 2002, na presença do Papa, foi promulgado o Decreto sobre esse milagre, abrindo o caminho para a Beatificação de Ivan Merz.

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