segunda-feira, 30 de maio de 2016

Beato Carlos Liviero

Deus manifestou-se também a nós, nos nossos tempos, e transmitiu aqui o seu Espírito porque os seus Apóstolos nos tinham anunciado, nas nossas casas, naquela sucessão viva e ininterrupta que desde o cenáculo de Jerusalém alcançou este povo que Deus amou com o coração daquele pastor santo que agora com alegria inefável a Igreja nos convida a chamar Beato: é Carlos Liviero! 
Amigo de Deus e Profeta: são estas as características da fisionomia do Beato Carlos, bispo desta amada diocese, que surpreendem particularmente.
Amigo de Deus: o que são os santos senão os amigos de Deus? São amigos porque o conhecem, amam, encontram, seguem, partilham com Ele alegrias e esperanças. A amizade requer reciprocidade e resposta: tudo isto Carlos Liviero viveu em relação ao seu Deus com experiência absoluta e comprometedora de comunhão e de amor, daquele amor a que o Evangelho desta solene celebração exorta: "Se alguém me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos morada" (Jo 14,23).
Profeta: desta experiência com o seu Deus, ele não quis fazer um tesouro só para si, mas obediente, despojou-se inteiramente de si mesmo para enriquecer muitos. Antes de tudo, enriqueceu-os com a riqueza maior que um homem deve desejar, o Espírito de Deus, que ele comunicou no anúncio evangélico incansável e incondicionado. Enriqueceu os seus filhos com o bem que não morre, o da vida eterna, ao qual conduziu quantos Deus lhe tinha confiado com cuidado infatigável e constante. Enriqueceu todos os que eram pobres de pão, de forças, carentes de assistência, cuidados, atenção, instrução, com o dispêndio dos seus talentos para a edificação do Reino de Deus.
Cardeal Saraiva Martins – Homilia de Beatificação – 17 de maio de 2007

Carlos Liviero nasceu em Vicenza (Itália) a 29 de Maio de 1866. Foi ordenado Sacerdote no dia 20 de Novembro de 1888. A partir de 1889 desempenhou o seu ministério em Gallio, na província de Vicenza e na diocese de Pádua. Dedicou-se intensamente à sua missão pastoral, manifestando desde então um ímpeto e um ardor que viriam a ser as características do seu ministério por toda a vida. Via as necessidades espirituais e materiais da sua gente e trabalhava sem descanso pela evangelização e a promoção humana. Dedicou-se com paixão ao cuidado pastoral, com a pregação, a catequese e os sacramentos, cuidando particularmente das liturgias e do canto sagrado.

Em 1 de Julho de 1899 foi nomeado Arcipreste de Agna, uma região dominada por forças hostis a toda a renovação religiosa, onde a grande maioria dos habitantes era paupérrima, vivia em casebres insalubres, e era explorada pelos poucos latifundiários que moravam na cidade e se preocupavam em tirar o máximo proveito das suas terras, com o mínimo de gastos. Era um ambiente perfeito para a propaganda socialista. O novo pároco encontrou-se diante de uma empresa árdua: desejava socorrer os pobres, mas via ao mesmo tempo o perigo para a fé cristã, representado pela propaganda socialista, inspirada em doutrinas materialistas e antirreligiosas. Nos dez anos de trabalho em Agna obteve ótimos resultados contra o anticlericalismo imperante que o conduziram ao episcopado na sede de Città di Castello, cuja nomeação ocorreu a 6 de Janeiro de 1910.

Na sua primeira Carta Pastoral de 13 de Junho de 1910, escreveu: "Encontrareis no Bispo o pai, o amigo, o irmão. Vós vireis a mim, eu irei a vós: os nossos corações baterão em uníssono. Ajudar-nos-emos reciprocamente; e se, como espero, me honrardes com a vossa confiança, encontrareis em mim um ânimo aberto que será para vós conforto e para mim uma alegria inefável".

Escreveu na sua Carta Pastoral de 15 de Março de 1911: "O Padre deve ser o Evangelho personificado a fim de que o povo, ao olhar para ele, aprenda como deve viver". 

Como bispo dedicou atenção especial ao clero e à juventude, que para ele era a esperança de uma renovação da vida cristã; estava constantemente próximo ao povo e este fato permitia-lhe ter uma visão lúcida dos perigos para a fé e para os costumes; preocupava-se com a frequência dos sacramentos, o catecismo, a presença de associações católicas, a situação da Igreja e a dignidade do culto.
Entre as muitas atividades que Dom Liviero realizou, destaca-se a fundação, em 1917, da Congregação religiosa das Pequenas Servas do Sagrado Coração.
Dom Carlos faleceu no hospital de Fano a 7 de Julho de 1932, após um acidente automobilístico ocorrido na estrada de Pesaro, para onde se dirigia a visitar a "Colônia do Sagrado Coração", uma das suas obras.

Foi beatificado em 17 de maio de 2007.

Assim o Beato escrevia de si: "De fato, o Bispo não é senão aquele a quem é confiado por Deus o cuidado do rebanho: verdadeiro pastor de almas, que a todos quer conduzir a Jesus Cristo, e que por todos quer esforçar-se, trabalhar, sacrificar-se, se for necessário, a fim de que nem mesmo um fique perdido"


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