A cena do Evangelho de hoje é ambientada no
templo de Jerusalém, precisamente no lugar onde as pessoas lançavam as moedas
como oferta. Há tantos ricos que oferecem muitas moedas, e há uma mulher pobre,
viúva, que só oferece duas pequenas moedas. Jesus observa atentamente aquela
mulher e chama a atenção dos discípulos para o contraste evidente da cena. Os
ricos deram com grande ostentação aquilo que para eles era supérfluo, enquanto
a viúva, com discrição e humildade, ofereceu tudo o que tinha para o seu
sustento; por isso — diz Jesus — ela deu mais do que todos.
Por causa da sua pobreza extrema, poderia ter
oferecido uma única moeda para o templo e conservado a outra para si. Mas ela
não quer dividir a meio com Deus: priva-se de tudo. Na sua pobreza ela entendeu
que, se tiver Deus, tem tudo; sente-se amada totalmente por Ele e, por sua vez,
ama-o também de modo total. Que bonito exemplo, aquela velhinha!
Hoje Jesus diz-nos, também a nós, que a medida
de juízo não é a quantidade, mas a plenitude. Existe uma diferença entre
quantidade e plenitude. Podes ter muito dinheiro, mas ser vazio: não há
plenitude no teu coração. Durante esse dia, meditai sobre a diferença que
existe entre quantidade e plenitude. Não é questão de porta-moedas, mas de
coração. Há diferença entre porta-moedas e coração... Existem doenças cardíacas
que levam o coração a descer até ao porta-moedas... E isto não é bom! Amar a
Deus com todo o coração significa confiar nele, na sua Providência, e servi-lo
nos irmãos mais pobres sem esperar nada em troca.
Permiti que vos conte uma anedota, que
aconteceu na minha diocese precedente. Uma mãe estava à mesa com os seus três
filhos; o pai estava no trabalho; e comiam bifes à milanesa... Naquele momento
batem à porta e um dos filhos vai ver quem é, volta e diz: Mãe, há um
mendigo que pede para comer. E a mãe, uma boa cristã, pergunta-lhes: Que
fazemos? — Demos-lhe algo, mãe... — Muito bem. Pega no garfo e na faca e
corta metade de cada um dos bifes. Ah, não, mãe, não! Assim não! Tira-o do freezer
— Não, façamos três sanduíches assim! E os filhos aprenderam que a
verdadeira caridade se oferece, não com aquilo que nos sobra, mas com o que nos
é necessário. Estou convicto de que naquela tarde eles sentiram um pouco de
fome..., mas é assim que se faz!
Papa Francisco – 08 de
novembro de 2015
Hoje celebramos:
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