O Evangelho de hoje nos apresenta um personagem:
É cego e não tem quem o ouça; e, quando queria falar, mandavam-no calar.
Jesus ouve o seu grito. E, quando Se encontra com ele, deixa-o falar. Não
era difícil intuir o pedido que ele faria: é óbvio que um cego queira ver ou
reaver a vista. Mas Jesus não tem pressa, reserva tempo para a escuta. E aqui
temos o primeiro passo para ajudar o caminho da fé: escutar. É o
apostolado do ouvido: escutar, antes de falar.
Depois da escuta, um segundo passo para
acompanhar o caminho de fé: fazer-se próximo. Jesus encontra pessoalmente o
cego. Diz-lhe: Que queres que Eu faça por ti? Fazer-se próximo é levar a
novidade de Deus à vida do irmão, é o antídoto contra a tentação das receitas
prontas. Interroguemo-nos se somos cristãos capazes de nos tornar próximo,
capazes de sair dos nossos círculos para abraçar aqueles que não são dos nossos
e a quem Deus ansiosamente procura.
Testemunhar é o terceiro passo. Não é
cristão esperar que os irmãos inquietos batam às nossas portas; somos nós que
devemos ir ter com eles, não lhes levando a nós mesmos, mas Jesus. Ele
manda-nos, como aqueles discípulos, para encorajar e levantar em seu nome.
Manda-nos dizer a cada um: Deus pede para te deixares amar por Ele. Quantas
vezes, em vez desta mensagem libertadora de salvação, nós levamos a nós mesmos,
quantas vezes as pessoas sentem mais o peso das nossas instituições que a
presença amiga de Jesus! Então parecemos como uma ONG, e não como a comunidade
dos redimidos que vivem a alegria do Senhor.
Ouvir, fazer-se próximo, testemunhar. No Evangelho, o
caminho de fé termina, de maneira bela e surpreendente, com Jesus que diz: Vai,
a tua fé te salvou. E todavia, o cego não fez profissões de fé, não realizou
ação alguma; pediu apenas piedade. Sentir-se necessitado de salvação é o início
da fé. É o caminho direto para encontrar Jesus. A fé, que salvou o cego, não
estava nas suas ideias claras sobre Deus, mas no fato de O procurar, de O
querer encontrar. A fé é questão de encontro, não de teoria. No encontro, Jesus
passa; no encontro, palpita o coração da Igreja. Então serão eficazes, não as
nossas homilias, mas o testemunho da nossa vida.
Papa Francisco – 28 de outubro
de 2018
Hoje celebramos:
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