As Legendas de São Francisco e Santa Clara relatam que um dia consentiu Francisco em
convidar Clara para um jantar em Santa Maria dos Anjos. Tratava-se de um favor
que a abadessa de São Damião há tempo procurava em vão obter. Confiou sua causa
aos amigos mais caros de Francisco, que também eram seus, os quais foram dizer
ao Santo:
- É excessivo e contrário à caridade divina o rigor com que recusas atender ao desejo de Clara, virgem tão piedosa e cara ao Senhor. Não esqueças que, afinal, ela é tua plantinha espiritual e que foram tuas exortações que a tiraram das ilusões do século.
- Então, pensais que devo jantar com ela?
- Seguramente! E ainda que te pedisse muito mais, tu devias lho conceder.
- Pois bem, se este é vosso parecer, concordo convosco. E para que seja maior o contentamento de nossa irmã Clara, tomaremos a refeição aqui na Porciúncula. Pois há muito tempo que ela vive reclusa em São Damião e nada poderá agradar-lhe mais do que rever o lugar de seus esponsais com o Senhor.
- É excessivo e contrário à caridade divina o rigor com que recusas atender ao desejo de Clara, virgem tão piedosa e cara ao Senhor. Não esqueças que, afinal, ela é tua plantinha espiritual e que foram tuas exortações que a tiraram das ilusões do século.
- Então, pensais que devo jantar com ela?
- Seguramente! E ainda que te pedisse muito mais, tu devias lho conceder.
- Pois bem, se este é vosso parecer, concordo convosco. E para que seja maior o contentamento de nossa irmã Clara, tomaremos a refeição aqui na Porciúncula. Pois há muito tempo que ela vive reclusa em São Damião e nada poderá agradar-lhe mais do que rever o lugar de seus esponsais com o Senhor.
No dia combinado, Clara chegou acompanhada de
outra irmã. Com humildade e devoção venerou primeiro a imagem de Nossa Senhora
dos Anjos que dominava o altar onde outrora ela havia recebido o véu e cortado
seus cabelos; em seguida, enquanto chegava a hora da refeição, visitou o
eremitério até os últimos recônditos. Francisco, que, segundo seu costume,
fizera servir a mesa sobre o chão, sentou ao lado dela; os demais tomaram seus
respectivos lugares e todos se dispuseram a comer. Mal, porém, haviam tomado os
primeiros bocados, Francisco se pôs a falar de Deus e todos foram arrebatados
em êxtase.
Logo, uma multidão acorreu ao convento. Eram
habitantes de Assis, de Bettona e arredores que, vendo chamas sobre o bosque,
acreditavam ter irrompido um grande incêndio em Santa Maria dos Anjos, e vinham
para apagá-lo. Mas puderam constatar que não havia dano algum. Quando, ao
entrar na sala do banquete, encontraram Francisco e os demais comensais com as
mãos juntas e os olhos fixos no céu, compreenderam que as chamas que pensaram
ver eram as do amor divino em que ardiam aqueles santos personagens; e
retiraram-se edificados e confortados.
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