O
coração humano pede um centro de afeição e de expansão. Deus, ao criar o
primeiro homem, declarou: “Não convém que o homem fique só; façamos-lhe
uma companheira que lhe seja semelhante”. E a Imitação diz: “Sem
amigo, não saberás viver feliz.”
Pois
bem, Nosso senhor, no Santíssimo Sacramento, quer ser o centro de todos os
corações: “Permanecei no meu Amor. Permanecei em mim.” E o que é
permanecer no Amor de Nosso Senhor? É de fazer deste Amor, que vive na
Eucaristia o centro de nossa vida, o centro único de toda nossa consolação, nas
tristezas, nas aflições, nas decepções, nos momentos em que o coração se
entrega e se abandona. É – a tal nos convida Ele – lançar-se no Coração de
Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados e Eu vos aliviarei.”
É,
no gozo, referir a Nosso Senhor toda felicidade – não manda a delicadeza
repartir com o amigo toda alegria? É fazer da Eucaristia o eixo dos nossos
desejos: “Meu Deus, só quero isso se vós
o quiserdes e farei isso para vos dar prazer.” É gostar de fazer a Nosso
senhor a surpresa de uma dádiva, de um ligeiro sacrifício. É viver pela
Eucaristia, guiar-nos nos seus moldes, antepondo seu serviço a tudo o mais, e
isso invariavelmente. Ai de nós! Será em verdade Jesus nosso centro?
Talvez,
nas aflições extraordinárias, nas orações fervorosas, nas necessidades
prementes; mas na vida comum, pensamos nós deliberadamente em Jesus, como se
nosso centro fosse – e por que não o será – procedendo de acordo?
Não,
Ele ainda não é tudo em mim. Mas não trabalha o filho para seus pais, o Anjo
para seu Deus? Não devo eu, portanto, trabalhar para Jesus Cristo, meu amo?
Trabalha,
ó minha alma. Apoiada em Nosso Senhor em ti, fazendo tudo por Ele. Permanece
nele. Vive nele pelo sentimento de devoção, de santa alegria, de prontidão para
tudo o que te pedir. Permanece no Coração e na Paz de Jesus Eucaristia.
O
impressionante é que esse centro da Eucaristia é um centro oculto, invisível,
todo interior e, ao mesmo tempo, verdadeiro, vivo, nutritivo.
Jesus
atrai espiritualmente a alma ao estado espiritualizado que é o seu no Sacramento.
Qual é, com efeito, a Vida de Jesus no Santíssimo sacramento? É toda oculta,
toda interior. Encobre seu Poder, sua Bondade, sua Pessoa Divina. E todas as
suas ações, todas as suas virtudes, adquirem um mesmo caráter simples e oculto.
Da
Hóstia emanam todas as graças; da Hóstia Jesus santifica o mundo, porém, de
modo invisível e espiritual e, sem abandonar o lugar de repouso, sem sair do
seu silêncio, governa o mundo e a Igreja.
Todo
interior, tal reinado de Jesus em mim. Preciso viver de Jesus e não de mim, em
Jesus e não em mim. Preciso rezar com Ele; imolar-me com Ele; consumir-me num
único Amor com Ele até constituir, com Ele, uma só chama, um só coração, uma só
Vida.
Ele
atrai-nos incessantemente a si. E que é a vida senão a contínua atração que
sentimos para com Ele? Ai de nós, quão fraco é ainda em nós esse centro! Quão
confusas, raras, longamente interrompidas são minhas aspirações a Jesus! E,
todavia, Ele me repete: “Quem me ama
permanece em mim e Eu permaneço nele.”
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