sexta-feira, 11 de agosto de 2017

11 de agosto - Santa Clara de Assis


"O tempo da fadiga aqui na terra é breve, mas a recompensa é eterna. Não te ofusquem os esplendores do mundo, que passam como sombra. Não te surpreendam as vazias imagens deste mundo enganador; fecha teus ouvidos aos sibilos do inferno e despreza como forte as suas tentações."

Santa Clara, nasceu em Assis, na Itália, filha de  pais ricos e piedosos. O nome de Clara foi-lhe dado em virtude de  uma voz misteriosa que a mãe Hortulana ouviu, quando, antes de dar à luz a filha, fazia fervorosas orações diante de um crucifixo.  
“Nada temas! – disse aquela  voz – o fruto de teu ventre será um grande lume, que iluminará o mundo todo”.   Desde pequena,  Clara era em tudo bem diferente das companheiras.  Quando meninas dessa idade costumam achar agrado nos brinquedos e bem cedo revelam também qualidades  pouco apreciáveis,  Clara fazia exceção à regra.  O seu prazer era rezar, fazer caridade e  penitência.  Aborrecia a vaidade e as  exibições  e tinha aversão declarada aos divertimentos profanos.

Vivia naquele  tempo o grande Patriarca de Assis. São Francisco. A este se dirigiu Santa Clara, comunicando-lhe o grande desejo que tinha de abandonar o mundo, fazer o voto de castidade e  levar uma vida da mais perfeita pobreza. São Francisco  reconheceu em Clara uma eleita de Deus e  animou-a a  persistir  nas piedosas aspirações.   Depois de ter examinado e sujeitado a duras provas o espírito da jovem,  aconselhou-lhe abandonar a casa paterna e tomar o hábito de religiosa.  Foi num Domingo de Ramos, que Clara executou este plano, dirigindo-se à Igreja de Porciúncula, onde São Francisco lhe cortou os cabelos e  lhe deu o hábito de penitência.  Clara contava apenas 18 anos, quando disse adeus ao mundo e  entrou  para o convento das Beneditinas de Assis. 
                                             
O procedimento estranho de  Clara, provocou os mais veementes protestos dos pais e parentes, que  tudo tentaram , para tirar a jovem do convento.  Clara opôs-lhes firme resistência. Indo à Igreja, segurou-se ao altar e com a outra mão, mostrou aos pais a cabeleira cortada e disse-lhes: “Deveis saber que não quero outro esposo, senão a Jesus Cristo.  A este escolhi e  não mais o deixarei”.  Clara tinha uma irmã mais moça, de quatorze anos, de nome Inês.   Esta, não suportando a separação e  animada por Clara, poucos dias depois, abandonou também a casa e entrou para o convento onde Clara estava.  Com este gesto não se conformaram os parentes.  Ao convento,  foram  no intuito de obrigar a jovem a  voltar trazê-la à viva força para casa, fosse qual fosse  a resistência  que  encontrariam.
                                             
A resistência realmente foi,  tão resoluta da parte de Inês,  que tiveram de desistir das suas tentativas.  Também a ela  São Francisco deu o hábito religioso.   Apenas provisória podia  ser a estada das  duas irmãs no convento das  Beneditinas.    Francisco havia de dar, pois, providências para colocá-la  em outra parte.
                                             
Adquiriu a  igreja de São Damião e  uma casa contígua para  as  novas religiosas, às quais,  logo se associaram a outras companheiras. Sob a direção de Clara, formaram estas a primeira  comunidade que, desenvolvendo-se cada vez mais, tomou a forma de  nova Ordem religiosa.  Esta Ordem, de origem tão humilde, tornou-se celebérrima na  nossa Igreja, a quem deu muitas  santas e muito trabalhou e trabalha pelo engrandecimento do reino de Cristo sobre a terra.  Obedecendo à Ordem de  São Francisco, Clara aceitou o cargo de superiora, e exerceu-o durante quarenta e dois anos.   Deu à Ordem  regras severas sobre a observância da pobreza.  Uma oferta de bens  imóveis,  feita pelo  Papa, Clara respeitosamente a recusou.  Não só na observação da pobreza, como também na  prática de outras virtudes,  Clara era modelo exemplar para as suas filhas espirituais.  Grande lhe foi a satisfação, quando da própria mãe e de outras parentas recebeu o pedido de  admissão na Ordem.  Além  destas, entraram  três  fidalgas da casa Ubaldini na  nova Ordem das Clarissas.   Julgaram  maior honra associar-se à pobreza de Clara do que viver no meio dos  prazeres  dum mundo enganador. 
                                             
Na prática  da penitência   mortificação,  Clara era de tanto rigor, que seu exemplo podia servir  mais de admiração do que de imitação. O próprio São Francisco aconselhou-lhe  que usasse de  moderação, porque do modo de que vivia e  martirizava o corpo, era de recear que não pudesse  ter longa vida. 
                                             
Severíssima  para consigo,  era inexcedível na caridade  para com o próximo. Seu maior prazer  era servir aos enfermos. Uma das virtudes que se lhe observava, era o grande  amor   ao Santíssimo  Sacramento.  Horas inteiras do dia e  da noite, passava  nos degraus do altar.  O Santíssimo Sacramento era seu refúgio, em todos os perigos e dificuldades. 
                                             
Muitos milagres fez Deus por intermédio de  sua  serva. 

Clara contava  sessenta anos, dos  quais  passara  28   anos  sofrendo grandes  enfermidades.   Por maiores que lhe fossem as  dores, nenhuma queixa lhe saía da boca.  Na meditação da sagrada Paixão e Morte  de Nosso Senhor achava o maior  alívio. “Como passa bem depressa  a noite, dizia,  ocupando-me com a Paixão de Nosso Senhor”.  
Em outra ocasião, disse: “Homem haverá que se queixe, vendo a  Jesus derramar todo o seu sangue na Cruz?  
Sentindo a  proximidade da  morte,  recebeu os Santos Sacramentos e  teve a  satisfação de  receber a visita do Papa Inocêncio IV, que lhe concedeu uma indulgência plenária.  Quase  agonizante, disse ainda estas palavras: 

“ Nada temas, minha  alma;   tens boa companhia na tua passagem  para a eternidade. Vai em paz, porque Aquele que te criou, te santificou, te guardou como a mãe ao filho, e te amou com grande ternura.  Vós, porém,  meu Senhor e meu Criador, sede  louvado e bendito”.   

Esta visão lhe apareceram muitas virgens, entre as quais  uma de extraordinária beleza, que lhe vieram ao encontro para leva-la ao céu.   Santa Clara morreu em 12 de agosto de 1253, mais em consequência do amor divino, do que da doença  que a martirizava.  Foi em atenção aos  grandes e numerosos milagres que se lhe observaram no túmulo, que o Papa Alexandre IX, dois anos depois,  a canonizou.

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