quarta-feira, 22 de outubro de 2014

São João Paulo II nos fala da Beata Madre Teresa de Calcuta


"Missionária da Caridade:  Madre Teresa foi precisamente isto, de nome e de fato". Repito hoje comovido estas palavras, que pronunciei no dia seguinte à sua morte (Angelus de 7.9.1997).
Antes de mais, missionária. Não há dúvida de que a nova Beata foi uma das maiores missionárias do século XX. Desta mulher simples, proveniente de uma das áreas mais pobres da Europa, o Senhor fez um instrumento eleito (cf. At 9, 15) para anunciar o Evangelho a todo o mundo não com a pregação, mas com gestos quotidianos de amor em benefício dos mais pobres. Missionária com a linguagem mais universal:  a linguagem da caridade sem limites nem exclusões, sem preferências, a não ser em relação aos mais abandonados.


Missionária da caridade. Missionária de Deus que é caridade, que prefere os pequeninos e os humildes, que se inclina sobre o homem ferido no corpo e no espírito e derrama nas suas chagas "o óleo do conforto e o vinho da esperança". Deus realizou isto na Pessoa do seu Filho feito homem, Jesus Cristo, bom Samaritano da humanidade. Ele continua a fazê-lo na Igreja, sobretudo através dos Santos da caridade. Madre Teresa brilha de modo especial no meio desta multidão.

Onde foi que Madre Teresa encontrou a força para se dedicar completamente ao serviço do próximo? Encontrou-a na oração e na contemplação silenciosa de Jesus Cristo, do seu Santo Rosto, do seu Sagrado Coração. Ela mesma o disse:  "O fruto do silêncio é a oração; o fruto da oração é a fé; o fruto da fé é o amor; o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz". A paz, mesmo ao lado dos moribundos, nas nações em guerra, na presença de ataques e de críticas hostis. Era uma oração que enchia o seu coração com a paz de Cristo e lhe permitia irradiar essa paz aos outros.

Missionária da caridade, missionária da paz, missionária da vida. Madre Teresa era tudo isto. Teresa era todas estas coisas. Pronunciava-se sempre em defesa da vida humana, mesmo quando a sua mensagem não agradava. Toda a existência de Madre Teresa foi um hino à vida. Os seus encontros quotidianos com a morte, a lepra, a Sida e todos os géneros de sofrimento humano fizeram com que ela fosse uma testemunha válida do Evangelho da Vida. Até o seu sorriso era um "sim" à vida, um "sim" jubiloso, que surgia da fé e do amor profundos, um "sim" todas as manhãs, em união com Maria, aos pés da Cruz de Cristo. A "sede" de Jesus crucificado tornou-se a própria sede de Madre Teresa e a inspiração do seu caminho de santidade.

Teresa de Calcutá foi realmente Mãe. Mãe dos pobres, mãe das crianças. Mãe de tanta juventude que a teve como guia espiritual e partilhou a sua missão. De uma pequena semente, o Senhor fez crescer uma árvore frondosa e rica de frutos (cf. Mt 13, 31-32). E precisamente vós, filhas e filhos de Madre Teresa, sois os sinais mais eloquentes desta fecundidade profética. Mantende o seu carisma inalterado e segui os seus exemplos, e ela do Céu não deixará de vos apoiar no caminho diário.

A mensagem de Madre Teresa, agora mais do que nunca, mostra-se contudo como um convite dirigido a todos. Toda a sua existência nos recorda que ser cristãos significa ser testemunhas da caridade. Eis a recomendação da nova Beata. Fazendo eco às suas palavras, exorto cada um de vós a seguir com generosidade e coragem os passos desta autêntica discípula de Cristo. Madre Teresa caminha ao vosso lado pelas sendas da caridade.

João Paulo II – 20/10/2003

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