quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Santa Pelágia

Originária da Antioquia, Turquia, Pelágia viveu no século III. Era uma bailarina belíssima, escandalosa, muito divertida, festiva e pagã.
Costumava encantar e seduzir os homens com sua dança, alegria, roupas, jóias e outros ornamentos luxuosos que usava, exclusivamente, com essa finalidade. Com isso, tornou-se uma das figuras mais conhecidas da vida mundana e social daquela cidade. Além, é claro, de ter conseguido uma sólida riqueza e grande influência.
Sua fama ultrapassava os limites do movimentado pólo econômico e social, pois muitos nobres ricos vinham apenas para poder estar com ela, que cada vez mais aumentava suas posses e poder. 
 
Entretanto, certa vez a sua ostentação chamou a atenção do bispo Nono. Foi durante uma procissão, a que exuberante bailarina assistia, como se fosse um simples espetáculo, numa atitude debochada e espalhafatosa. Ricamente vestida e cercada por alguns pretendentes, ela assistia a tudo certa de que as atenções eram, na verdade, apenas voltadas para ela. 
O sábio bispo, então, questionou a multidão: “se uma mulher era capaz de enfeitar-se daquela forma para chamar a atenção de um simples homem mortal, como deveríamos nós adornar a nossa alma destinada a Deus eterno?” Aquela observação tocou o coração da bailarina pagã. 
O Bispo Nono, durante a noite,  ora ardentemente ao Senhor pela sua conversão.

Ela foi para casa refletindo sobre as palavras do sermão, lá chorou de arrependimento a noite toda.
No dia seguinte, quando Nonnus comentava o Santo Evangelho ao curso da Divina Liturgia, Pelágia encontrava-se na assembléia. 


As palavras do Bispo sobre o julgamento final e a eternidade das penas do inferno penetram no coração da jovem mulher tal como uma espada pontiaguda e despertam nela o único e verdadeiro amor, aquele do esposo celeste.

De retorno ao seu palácio, ela dirige uma carta ao Santo Bispo, pedindo que ele aceitasse  recebê-la e que não desprezasse sua torpeza, sendo ele verdadeiramente discípulo daquele que é vindo para chamar “não os justos, mas os pecadores à conversão” 

No dia seguinte, procurou o bispo, que a enviou a uma senhora cristã, para ser preparada para o batismo. Foi assim que, depois, trocou as roupas e adereços de seda e ouro por uma túnica branca para ser batizada.
Dias depois Pelágia deu a Nono toda sua fortuna e bens que entregou ao tesoureiro da igreja para ele usar com viúvas e órfãos. À noite, com autorização dele, Pelágia trocou sua túnica por uma de penitente e abandonou Antioquia. Foi a pé para Jerusalém, viver como eremita, numa gruta, no Monte das Oliveiras, onde Jesus viveu sua agonia da Paixão. 
 
Mas quando chegou estava vestida como homem, para evitar que sua beleza perturbasse os outros anacoretas da pequena comunidade. E viveu sendo chamada de Pelágio, de tal modo que todos a esqueceram. Quando morreu, os ermitãos que desconheciam sua origem descobriram que Pelágio era uma mulher. Foi então que reconheceram tratar-se da bailarina da Antioquia, agora uma simples penitente arrependida, que se anulara do mundo, no seguimento do Cristo. 
 
O seu culto e sua história foram muito difundidos no mundo cristão oriental. Chegou ao Ocidente através das tradições trazidas pelos peregrinos, que na Terra Santa também visitavam a gruta de santa Pelágia Penitente.

Santa Pelágia Penitente é considerada a padroeira dos cômicos e das atrizes.


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