“Antes de tudo, devemos ter
bem presente que a santidade não é algo que nos propomos sozinhos, que nós
obtemos com as nossas qualidades e capacidades. A santidade é um dom, é a
dádiva que o Senhor Jesus nos oferece, quando nos toma consigo e nos reveste de
Si mesmo, tornando-nos como Ele é.
Na Carta aos Efésios, o
apóstolo Paulo afirma que «Cristo amou a Igreja e se entregou por ela para a
santificar» (Ef 5, 25-26). Eis que, verdadeiramente, a santidade é o
rosto mais bonito da Igreja, o aspecto mais belo: é redescobrir-se em comunhão
com Deus, na plenitude da sua vida e do seu amor. Então, compreende-se que a
santidade não é uma prerrogativa só de alguns: é um dom oferecido a todos, sem
excluir ninguém, e por isso constitui o cunho distintivo de cada cristão.
Tudo isto nos leva a
compreender que, para ser santo, não é preciso ser bispo, sacerdote ou
religioso: não, todos somos chamados a ser santos! Muitas vezes somos tentados
a pensar que a santidade só está reservada àqueles que têm a possibilidade de
se desapegar dos afazeres normais, para se dedicar exclusivamente à oração.
Mas não é assim! Alguns
pensam que a santidade é fechar os olhos e fazer cara de santinho! Não, a santidade
não é isto! A santidade é algo maior, mais profundo, que Deus nos dá. Aliás,
somos chamados a tornar-nos santos precisamente vivendo com amor e oferecendo o
testemunho cristão nas ocupações diárias. E cada qual nas condições e situação
de vida em que se encontra.
Mas tu és consagrado,
consagrada? Sê santo vivendo com alegria a tua entrega e o teu ministério.
És casado? Sê santo amando e
cuidando do teu marido, da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja.
És batizado solteiro? Sê
santo cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho e oferecendo o teu
tempo ao serviço dos irmãos.
«Mas padre, trabalho numa
fábrica; trabalho como contabilista, sempre com os números, ali não se pode ser
santo...». «Sim, pode! Podes ser santo lá onde trabalhas. É Deus quem te
concede a graça de ser santo, comunicando-se a ti!».
Sempre, em cada lugar, é
possível ser santo, abrir-se a esta graça que age dentro de nós e nos leva à
santidade.
És pai, avô? Sê santo,
ensinando com paixão aos filhos ou aos netos a conhecer e a seguir Jesus. E é
necessária tanta paciência para isto, para ser um bom pai, um bom avô, uma boa
mãe, uma boa avó; é necessária tanta paciência, e é nesta paciência que chega a
santidade: exercendo a paciência!
És catequista, educador,
voluntário? Sê santo tornando-te sinal visível do amor de Deus e da sua
presença ao nosso lado.
Eis: cada condição de vida
leva à santidade, sempre! Em casa, na rua, no trabalho, na igreja, naquele
momento e na tua condição de vida foi aberto o caminho rumo à santidade. Não
desanimeis de percorrer esta senda. É precisamente Deus quem nos dá a graça. O
Senhor só pede isto: que permaneçamos em comunhão com Ele e ao serviço dos
irmãos.
Nesta altura, cada um de nós
pode fazer um breve exame de consciência, podemos fazê-lo agora, e cada qual
responda dentro de si mesmo, em silêncio: como respondemos até agora ao
apelo do Senhor à santidade? Desejo ser um pouco melhor, mais cristão, mais
cristã?
Este é o caminho da
santidade. Quando o Senhor nos convida a ser santos, não nos chama para algo
pesado, triste... Ao contrário!
É o convite a compartilhar a
sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida,
levando-o a tornar-se ao mesmo tempo um dom de amor pelas pessoas que estão ao
nosso lado. Se entendermos isto, tudo mudará, adquirindo um significado novo,
bonito, um significado a começar pelas pequenas coisas de cada dia.
Papa Francisco 19/11/2014
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