domingo, 1 de março de 2020

01 de março - O Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Mt 4,1


O Evangelho deste primeiro domingo de Quaresma narra a experiência das tentações de Jesus no deserto. Depois de ter jejuado por quarenta dias, Jesus é tentado três vezes pelo diabo. As três tentações indicam três caminhos que o mundo sempre propõe, prometendo grandes sucessos, três sendas para nos enganar: a avidez da posse — ter, ter e ter — a glória humana, e a instrumentalização de Deus. São três caminhos que nos levarão à ruína.

O primeiro, a avidez da posse. É a lógica insidiosa do diabo. Ele começa pela natural e legítima necessidade de se nutrir, de viver, de se realizar, de ser feliz, para nos impelir a acreditar que tudo isto é possível sem Deus, aliás, até contra Ele. Mas Jesus opõe-se, dizendo: Está escrito: “Nem só de pão vive o homem”.

A segunda tentação: o caminho da glória humana. O diabo diz: “Se te prostrares diante de mim, tudo será teu”. Podemos perder qualquer dignidade pessoal, deixamo-nos corromper pelos ídolos do dinheiro, do sucesso e do poder, contanto que alcancemos a nossa autoafirmação. E saboreamos a emoção de uma alegria vazia que esvaece imediatamente. Por isso Jesus responde: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto”.

E a terceira tentação: instrumentalizar Deus em próprio benefício. Ao diabo que, citando as Escrituras, o convida a pedir a Deus um milagre extraordinário, Jesus opõe de novo a firme decisão de permanecer humilde e confiante diante do Pai: “Não tentarás ao Senhor, teu Deus.” E assim rejeita a tentação talvez mais sutil: de querer “puxar Deus para o nosso lado”, pedindo-lhe graças que na realidade servem e servirão para satisfazer o nosso orgulho.

Estes são os caminhos que se apresentam diante de nós, com a ilusão de poder obter o sucesso e a felicidade. Jesus, enfrentando estas provações, vence três vezes a tentação para aderir plenamente ao projeto do Pai. E indica-nos os remédios: a vida interior, a fé em Deus, a certeza do seu amor e de que Deus nos ama, que é Pai, e com esta certeza venceremos qualquer tentação.

Contudo há um aspecto sobre a qual gostaria de chamar a atenção: Jesus ao responder ao tentador não entra em diálogo, mas responde aos três desafios só com a Palavra de Deus. Isto ensina-nos que com o diabo não se dialoga, não se deve dialogar, só se lhe responde com a Palavra de Deus.
Por consequente, aproveitemos a Quaresma, como um tempo privilegiado para nos purificar, para experimentar a presença consoladora de Deus na nossa vida.

Papa Francisco – 10 de março de 2019

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