Devemos rezar com coragem, pois quando oramos
precisamos de algo. E Deus é um amigo, aliás, um amigo rico que tem aquilo de
que precisamos. É, como se Jesus dissesse: “Na oração sede importunos. Não vos
canseis”. Mas não vos canseis do quê? De pedir. “Pedi e ser-vos-á dado”.
Portanto, uma oração que se faz busca. Procurai. E se uma porta estiver
fechada, ide bater à outra. Procurai e encontrareis. Batei e ser-vos-á aberto.
Sede importunos na oração, pois quem pede recebe, quem procura encontra, quem
bate ser-lhe-á aberto. E isto é bonito.
A oração não é como uma varinha mágica: nós
recitamos a oração e... pum! E cumpre-se a graça. A oração é um trabalho: uma
labuta que requer vontade, constância e determinação, sem vergonha. Por quê?
Porque eu bato à porta do meu amigo. Deus é amigo, e com um amigo posso fazer
isto. Uma prece constante, importuna.
Acho que certa vez vos disse, mas não tenho a
certeza: eu estava em Buenos Aires, num hospital havia uma menina de nove anos
com uma doença infecciosa, contagiosa, e numa semana teria morrido. Quando os
médicos chamaram os seus pais, disseram-lhes: “Fizemos o possível, mas não há
nada a fazer. Morrerá em duas ou três horas”. Então o pai, que era um operário
— um homem simples, trabalhador — e conhecia a realidade da vida como Jesus,
saiu da clínica, deixou ali a sua esposa, apanhou um ônibus e percorreu 70 km
até ao santuário de Nossa Senhora de Luján. Saiu por volta das 18h00 e chegou
às 21:00, quando o santuário já estava fechado.
Mas esse homem permaneceu ali a noite inteira,
diante do santuário. Agarrou-se ao portão de entrada do santuário, e a noite
inteira implorou a Nossa Senhora: “Quero a minha filha. Quero a minha filha. Tu
podes me dar”. Depois, por volta das 5:00 da manhã, voltou a apanhar o ônibus e
regressou. Chegou mais ou menos às 9h30 e encontrou a esposa um pouco
desorientada, sozinha. A menina não estava ali. Pensou no pior. E a mãe, a
esposa, disse-lhe: “Sabes, os médicos levaram-na para fazer outro exame, não
conseguem explicar porque ela despertou e pediu para comer, e não tem nada,
está bem, fora de perigo”.
Isto aconteceu. Estou certo. E o ensinamento
tirado deste acontecimento é que aquele homem talvez não fosse à missa todos os
domingos, mas sabia rezar, sabia que quando temos uma necessidade, há um amigo
que tem a possibilidade de resolver um nosso problema. Por isso, bateu à porta
a noite inteira.
Papa Francisco – 11 de
outubro de 2018
Hoje celebramos:
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