domingo, 20 de janeiro de 2019

20 de janeiro - Santa Madre Maria Cristina Brando

Permanecer em Deus e no seu amor, para anunciar com a palavra e com a vida a Ressurreição de Jesus, dando testemunho da unidade entre nós e da caridade para com todos. Foi o que levaram a cabo as quatro Santas hoje proclamadas. O seu exemplo luminoso interpela a nossa vida cristã: como sou testemunha de Cristo ressuscitado? É uma questão que devemos levantar. Como permaneço nele, como habito no seu amor? Sou capaz de lançar na família, no ambiente de trabalho, no seio da minha comunidade, a semente daquela unidade que Ele nos concedeu, comunicando-a a nós a partir da vida trinitária?

Papa Francisco – Homilia de Canonização – 17 de maio de 2015

Madre Maria Cristina Brando nasceu na cidade de Nápoles, no dia 1° de maio de 1856, seus pais foram Giovanni Giuseppe e Maria Concetta Marrazzo, que morreu apenas alguns dias após o nascimento da sua filha.

De índole humilde e dócil, recebeu da família uma frutuosa e sólida educação religiosa que lhe permitiu mostrar logo os sinais de uma clara inclinação à oração e à continência.
Atraída pelas coisas de Deus, fugia de todas as vaidades mundanas e amava a solidão; confessava-se com frequência e, diariamente, recebia a santa comunhão acolhendo o ensinamento do Redentor, costumava repetir: “Devo ser santa, quero ser santa”.
Com apenas doze anos de idade, diante de uma imagem do menino Jesus, fez voto de castidade perpétua.

Quando se sentiu chamada à vida consagrada, ao manifestar o desejo de querer entrar na congregação das sacramentinas de Nápoles, foi impedida pelo pai.  Conseguiu afinal o consentimento e foi recebida como aspirante pelas Clarissas do Mosteiro das Fiorentinas.  Por motivo de doença, por duas vezes, foi obrigada a regressar à família para curar-se. Depois de curada, recebeu o consentimento para entrar no mosteiro das Sacramentinas.
No ano de 1876 vestiu o hábito religioso e recebeu o nome de Irmã Maria Cristina da Imaculada Conceição. Mas também aí adoeceu e foi forçada a deixar o caminho que havia iniciado com tanto fervor.

A esta altura pôde perceber que tinha chegado o momento de dar vida ao Instituto que, de muito tempo, se sentia chamada a fundar. Assim, no ano de 1878, enquanto morava em uma acomodação provisória junto às Teresianas de Torre del Greco, lançou os fundamentos da nova família religiosa que atualmente se chama Congregação das Irmãs Vítimas Expiadoras de Jesus Sacramentado que cresceu rapidamente, apesar das escassas economias e das oposições, sem mencionar a precária saúde da Fundadora.

Depois de ter passado por várias sedes, a comunidade, seguindo os conselhos do servo de Deus Michelangelo de Marigliano e do beato Ludovico de Casoria, se transferiu para Casoria, não muito distante de Nápoles O novo Instituto encontrou não poucas e ligeiras dificuldades que o levaram a fazer, de todos os modos, a experiência da Divina Providência e a contar com a ajuda de muitos benfeitores e sacerdotes, dentre os quais se sobressai o sacerdote Domenico Maglione. O Instituto se enriqueceu com novos membros e casas; sempre testemunhou uma grande devoção para com a Eucaristia; e sempre primou por um diligente cuidado na educação de meninos e meninas.

No ano de 1897 a serva de Deus emitiu os votos temporários; no dia 20 de julho de 1903 a congregação obtém a aprovação canónica da Santa Sé; e, no dia 02 de novembro do mesmo ano, a Fundadora, junto com muitas irmãs, emitiu a profissão perpétua.

Ela viveu com generosidade, com perseverança e alegria espiritual a sua consagração e assumiu o encargo de superiora geral com humildade, prudência e amabilidade, dando às co-irmãs contínuos exemplos de fidelidade a Deus e à vocação e de zelo pela causa do Reino de Deus.
Trilhou a via da santidade com vontade solícita e generosa Com a ajuda da graça, progrediu, sem descanso, na imitação do Senhor, na obediência ao evangelho e na perfeição cristã.
A serva de Deus, no dia 20 de janeiro de 1906, tendo-se preparado com muita diligência desde a sua juventude, entrou na vida eterna que sempre desejou.

A vida de Madre Cristina sempre foi iluminada por uma fé simples, sólida e viva que era alimentada pela escuta da Palavra de Deus, pela frutuosa participação aos sacramentos, pela assídua meditação das verdades eternas e por uma fervorosa oração Cultivou uma particular devoção para com os mistérios da Encarnação, da Paixão e Morte de Cristo e da Eucaristia. Com a finalidade de aproximar-se mais intensa e profundamente do Tabernáculo, com o espírito e o corpo, mandou construir uma cela — chamada, à imitação do presépio, de “grutinha” — contígua à Igreja que tinha construído em Casoria. Nesse lugar, passou todas as noites de sua vida, sentada em uma cadeira, fazendo companhia, nas vigílias e nos repousos, a Jesus Eucaristia.

A sua espiritualidade expiadora foi muito forte, tanto que se tornou o carisma do instituto. Entre os fragmentos autografados que nos restam de sua autobiografia, escrita por obediência ao diretor espiritual, podemos ler:
“A finalidade principal desta obra é a reparação dos ultrajes que recebe o S. Coração de Jesus no Santíssimo Sacramento, especialmente as irreverências e desprezo, as comunhões sacrílegas, os sacramentos recebidos sem preparação, as santas missas pessimamente escutadas e o que mais amargamente traspassa este coração santíssimo é que muitos dos seus ministros e muitas pessoas a Ele consagradas se reúnem a esses desconhecidos e mais ainda ferem o seu coração (...) às Perpétuas Adoradoras, o divino Coração de Jesus quis confiar o caro e sublime encargo de Vítimas de perpétua adoração e reparação ao Seu Divino Coração horrivelmente ofendido e ultrajado no Santíssimo Sacramento do amor (...) Às Perpétuas Adoradoras de vida mista (...) o Sagrado Coração de Jesus confia o caro encargo de Vítimas da Caridade e da reparação; da caridade porque nos vem confiado o cuidado das meninas”.
Deste segundo aspecto, nasceram as obras como os conservatórios femininos, educandários, orfanatos, escolas internas e externas: tudo para reparar assim, levando ao conhecimento de Deus onde é desconhecido, fazemos de tudo para que Ele seja amado e ajudamos aos irmãos para que evitem de cometer as ofensas que Madre Cristina viveu para expiar.

Evidenciamos assim as duas linhas sobre as quais se implanta o carisma que Madre Brando transmitiu às Irmãs Vítimas Expiadoras: o amor a Deus e ao próximo. A beata Fundadora as definia como “os dois ramos que saem do mesmo tronco”.
   

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