terça-feira, 8 de janeiro de 2019

08 de janeiro - Santa Gúdula


Segundo uma biografia escrita em 1047, Santa Gúdula nasceu numa aristocrática família franca. Seu pai era Viterico, duque da Lorena, e sua mãe, Santa Amalberga. Nasceu no ano de 650, no Brabante, região central da atual Bélgica. É uma das estrelas de uma constelação de santos: filha de Santa Amalberga, afilhada de Santa Gertrudes de Nivelles e irmã de São Aldeberto e Santa Reinalda.

Gúdula foi educada no Convento de Nivelles sob a tutela de sua santa madrinha. Por ocasião da morte de Santa Gertrudes, em 659, retornou à casa de seus pais. De acordo com alguns historiadores, ela viveu reclusa no oratório de São Salvador de Moorsel, distante poucas milhas de sua casa paterna. Segundo outros, ela passou a viver em casa, levando uma vida extraordinária de piedade e de recolhimento.

Narra a tradição que todas as manhãs, antes da aurora, Santa Gúdula se dirigia à capela de madeira dedicada a São Salvador, em Moorsel. Certa manhã, o demônio, furioso por vê-la tão devota, apagou a lanterna que ela levava. Gúdula ajoelhou-se no chão lamacento, se pôs a rezar e a lanterna acendeu milagrosamente. Este fato deu origem à iconografia da Santa: uma lanterna às vezes substituída por uma vela que a Santa tem na mão, enquanto o demônio, iracdo, jaz a seus pés e um anjo acende de novo o círio.

Humberto, o antigo cronista de Lobbes, apresenta Santa Gúdula como uma mulher consagrada de corpo e alma ao socorro do próximo. Voltando um dia da capela de Moorsel, encontrou uma pobre mulher que levava nos braços um menino de dez anos, paralítico de pés e mãos. Gúdula tomou-o em suas mãos, acariciou-o e rezou com fervor Àquele que disse: "Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome vos será concedido". O menino se sentiu curado imediatamente e começou a dar saltos de alegria.

Em outra ocasião, uma leprosa chamada Emenfreda foi ao seu encontro. A Santa examinou suas chagas, consolou-a com pensamentos sublimes e em seguida a curou. Estes fatos prodigiosos rapidamente se tornaram conhecidos na região e uma multidão de sofredores procuravam-na em busca de alívio para os seus males.

Após breve enfermidade Gúdula morreu, provavelmente em 8 de janeiro de 712. O cronista Humberto descreve a desolação da pobre gente da comarca, que estava acostumada a vê-la como a uma espécie de fada protetora, e relata os grandes louvores que dela fizeram. Nunca se tinha visto tantas muletas e sacolas numa missa de funeral, que foi rezada na igreja de Ham (Alost, Bélgica). Gúdula foi enterrada em Vilvoorde.

Tempos depois, o seu corpo foi transladado para Moorsel, e junto ao seu túmulo construiu-se um mosteiro que durou pouco tempo.
Mais tarde, provavelmente em 977, seus despojos foram confiados a Carlos de França, filho de Luis, duque da Lorena. Durante uns sessenta anos Santa Gúdula repousou na Igreja de São Géry de Bruxelas.
Finalmente, em 1047, o Conde de Lovaina, Lamberto II, transladou a preciosa relíquia para a Igreja de Molemberg, dedicada a São Miguel, a primeira paróquia de Bruxelas, mudando o seu nome para Santa Gúdula. O Conde erigiu ali uma colegiada. Nos Arquivos Gerais do Reino de Bruxelas encontramos um relato da história desta fundação. A partir de então, Bruxelas tomou-a como sua padroeira.
Suas relíquias foram finalmente dispersadas pelos calvinistas em 1579.


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