quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

17 de janeiro - Beato Teresio Olivelli

“Ontem, em Vigevano, foi proclamado beato o jovem Teresio Olivelli, morto por sua fé cristã em 1945, no campo de concentração de Hersbruck. Ele deu testemunho a Cristo no amor pelos mais fracos e se une à longa lista dos mártires do século passado. Que o seu heroico sacrifício seja semente de esperança e de fraternidade sobretudo para os jovens”.
Papa Francisco – 04 de fevereiro de 2018

Teresio Olivelli nasceu em 07 de janeiro de 1916. Jesus chamava os apóstolos Tiago e João de “filhos do trovão” pelo caráter forte que tinham, modelos perfeitos para ele que seguidamente brincava com o fato de ter sido batizado na Paróquia de São Tiago e por isto, também ele era uma espécie de “filho do trovão”.

E de fato o era, em tudo o que fazia: no trabalho como assistente em jurisprudência na Universidade de Turim, no serviço que realizava em Cottolengo, até na decisão de se alistar, porque não suportava que o sacrifício extremo da vida fosse reservado somente aos mais pobres. Um testemunho cristão constante que o levará ao martírio, como recordou o cardeal Angelo Amato:

“Falar de Teresio Olivelli é falar de um jovem entusiasta pela própria fé e amante da própria pátria. Se a Itália conferiu a ele a medalhe de ouro por mérito na guerra, a Igreja o reconheceu mártir heroico no exercício das virtudes da fé, da esperança e da caridade”.

Aderiu ao fascismo até perceber que a ideologia não poderia construir a sociedade em coerência com o Evangelho que sonhava, sem guerra e sem mortos.
“Quem quer me seguir, tome a sua cruz e me siga”, palavras de Jesus que ecoaram no jovem que entrou para a resistência, “sem ser da resistência”.

Foi então para a guerra, sim, mas com o coração de paz que o levava não para onde havia o sucesso, mas onde havia o fracasso e a derrota.
As suas armas, mesmo no conflito, foram sempre o amor ao próximo e o sacrifício de si. Por isto estava sempre pronto para socorrer seus companheiros e difundir sempre os valores da misericórdia, do perdão, da liberdade e da justiça, firmemente ancorados em uma fé solidificada:

“A fé de nosso Beato era alimentada pela oração e pela Eucaristia. Durante a guerra no front russo ou na prisão nos campos de concentração, chamava a atenção a ingenuidade de sua fé, simples, convicta, manifestada com as palavras e sobretudo com as obras. Na dolorosa retirada, sustentava, consolava, confortava. Rezava e fazia rezar. Na dolorosa retirada da Rússia, os soldados encontravam acolhida e consolação religiosa em Teresio. Amava Deus, amava a igreja, amava o Papa, amava os outros com aquela caridade evangélica ensinada a nós por Jesus: amar o próximo como a si mesmo. A caridade era o tecido de sua vida”.

Sempre rebelde, mas por amor, enquanto tudo ao seu redor era ódio e violência. Rebelde como todo bom cristão que leva em frente aquela revolução moral no mundo que às vezes leva até o martírio. Assim escrevia na oração “Liberta-nos” e assim percorria o seu caminho rumo ao martírio, que se cumpriu no campo de extermínio nazista de Hersbruck em 1945:

Senhor, que deixastes entre os homens a vossa cruz como um sinal de contradição,
Que pregastes e sofrestes a revolta do espírito contra a perfídia e os interesses dominantes, surdez inerte da massa, oprimidos por um jugo oneroso e cruel que em nós e antes de nós pisou a fonte de vidas livres, dais força à rebelião.
Deus que és a Verdade e a Liberdade, nos torne livres e intensos: respire em nosso propósito, dai força à nossa vontade, multipliques nossa força, reveste-nos com sua armadura.
Nós oramos a vós, Senhor.

Vós, que fostes rejeitado, injuriado, traído, perseguido, crucificado, na hora das trevas, nos sustente a sua vitória: seja encorajamento aos desamparados, apoio no perigo, conforto na amargura. Quanto mais o adversário se torna pesado e escuro, mais nos deixes claros e retos.
Na tortura comprima os nossos lábios – despedaça-nos, não nos deixe dobrar. Se cairmos, faz que o nosso sangue se una ao teu sangue inocente e àquele de nossos mortos, para fazer crescer no mundo a justiça e a caridade”.

Vós que dissestes: “Eu sou a ressurreição e a vida” refaz a vida generosa na severa dor da Itália. Liberta-nos da tentação dos afetos: Velai sobre as nossas famílias.
Nas montanhas de vento e nas catacumbas das cidades, das profundezas das prisões, nós te pedimos: que haja em nós a paz que só vós podes nos dar.
Deus da paz e dos exércitos, Senhor que carrega a espada e a alegria, ouve a nossa oração: rebeldes por amor.

Funda o periódico: “O Rebelde” e passa a combater, com a doutrina católica, as ideias e argumentos dos nazistas e fascistas. É perseguido pelos nazistas porque rechaça o ódio e difunde os valores da humanidade cristã. Foi capturado, aprisionado e deportado sucessivamente para Fossoli, Bolzano, Flossenbürg e Hersbruck, onde assume sempre atitudes religiosas e caritativas: reza e consola, ajuda espiritualmente aos enfermos e débeis e lhes dá de comer de sua pobre ração de alimentos.

Os nazistas continuam castigando-o, porque odeiam sua fé e seu testemunho cristão. Porém, apesar de todos os sofrimentos, ele não se queixa e os perdoa. Em 31 de dezembro de 1944, se lançou a um gesto supremo de amor: protege com seu corpo a um jovem brutalmente golpeado por um guarda. Recebe um violento chute em seu ventre. Foi levado à enfermaria de Hersbruck e morre, dias depois, em lenta agonia, no dia 17 de janeiro de 1945.

Não conseguiu ver o fim da II Guerra Mundial que iluminou com a sua luz de santidade; uma santidade que não é reservada somente aos consagrados, porque a salvação é de todos, como conclui o cardeal Angelo Amato:

“Nem todos os Santos são sacerdotes ou religiosos. O batismo é a porta que nos introduz na vida de Deus, caridade e misericórdia sem limites. O Beato Teresio Olivelli fez de seu batismo uma fonte de energia divina feita de caridade, de bondade, de dinamismo apostólico, de testemunho heroico do Evangelho”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário