"Que grande
amor o Pai nos deu" (IJo 3,1).
Madre Maria Teresa
Haze foi capaz de aceitar esse amor, ela foi capaz de respondê-lo
diariamente. Experimentou as provações, mas, perto de Nossa Senhora das
Dores, ela constantemente contemplou o Coração de Cristo, trespassado na Cruz,
pela salvação do mundo. Ao mostrar o caminho para suas irmãs, ela foi
capaz de dizer "que um coração perturbado se torna o trono da graça". A
presença do Redentor no Santíssimo Sacramento foi para ela uma fonte constante
de submissão serena à vontade de Deus, de sabedoria para dirigir sua ação, de
coragem para iniciar inúmeros fundamentos.
Na humildade da
Encarnação, na generosidade do amor que nos torna todos "filhos de
Deus" (IJo 3, 2), as Irmãs Filhas da Santa Cruz encontram um exemplo
para se colocarem a serviço do próximo mais pobre. A Beata Maria Teresa
convida-os a colocar em prática o chamado do Evangelho para servir a Cristo na
pessoa dos membros mais fracos e mais sofredores do seu Corpo. Esta
inspiração segue a de Pedro, que proclama, após a cura do inválido, que a
salvação vem do Senhor, crucificado e ressuscitado: "Na verdade, não há
outro nome dado aos homens sob o céu, onde é estabelecido que podemos ser
salvos". (At 4,12). À sua maneira, Maria Teresa seguiu a lição dos
Apóstolos, por seu ardente desejo de abrir a mente para a alegria e a fé,
quando aliviou os sofrimentos do corpo e por sua paixão pela educação religiosa
dos mais deserdados.
Neste Domingo de
Páscoa, damos graças ao amado discípulo que nos guia na esperança: "Quando
o Filho de Deus se manifestar, seremos como ele, porque o veremos como ele
é" (IJo 3, 2). A figura de Maria Teresa Haze e seu testemunho de
fidelidade incansável nos fazem descobrir a beleza dos filhos de Deus,
iluminados pela graça e transformados pelo amor do Salvador.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 21 de abril de 1991
O seu nome de
batismo era Jeanne, ou seja, Joana, e foi uma das filhas da numerosa família
Haze. Ela nasceu na cidade de Liège em 27 de fevereiro de 1782. Desde o berço
apresentou uma inteligência precoce, aos quatro anos sabia ler e escrever
corretamente, porque seu pai, professor de Letras, dedicava o seu tempo livre
para ensinar os seus sete filhos. A sua família era rica e importante, plena de
religiosidade, pois o pai era secretário do Príncipe-bispo de Hoensbroech.
A família conviveu
com os perigos da Revolução Francesa, pois a Bélgica foi ocupada até 1815, e
teve de fugir para o exterior em consequência do avanço do exército
revolucionário. Foi nesta circunstância que em 1795 seu pai veio a falecer em
Düsseldorf. Depois, algumas de suas irmãs se casaram.
Joana e a irmã
Fernanda, ao invés do matrimônio, animavam o desejo de seguirem a vida
religiosa, coisa impossível, por causa das leis anticlericais da época. Entretanto,
permaneceram em casa levando uma vida religiosa missionária, dedicadas ao
trabalho e as orações; alfabetizavam, catequizavam e atendiam os pobres,
doentes e cuidavam da mãe, que morreu em 1820.
Quatro anos depois,
foi oferecida para elas uma escola paroquial em Liège, tolerada pelo governo holandês,
ao qual estava submetida à população belga. A escola de bordado anexa à escola
paroquial era frequentada pelas mulheres pobres da região.
Em 1830, quando a
Bélgica adquiriu sua independência, Joana decidiu fundar uma nova congregação
religiosa, a qual recebeu o nome de "Filhas da Santa Cruz de Liège".
Com a ajuda e
supervisão do deão da Igreja de São Bartolomeu de Liège, Jean Guillaume Habets,
redigiu as primeiras constituições. As atividades iniciaram em agosto de
1832, com a finalidade de organizar as escolas privadas, prestar assistência
aos presos, aos hospitais dos carentes e dar atendimento às missões.
Em 1833, na igreja
de Potay, Joana e Fernanda fazem seus votos perpétuos. Joana tinha mais de
50 anos de idade e foi preciso uma autorização especial da Santa Sé para
realizar sua vestição. Tomou o nome de Maria Teresa do Sagrado Coração e
administrou a sua Obra até a idade bem avançada e com muita lucidez. Uma de
suas motivações espirituais, que a acompanhou por toda vida, foi: "O
Senhor apresenta a Cruz com uma mão e a consolação com a outra". A palavra
de ordem de Joana era: “Ide aos pobres com um coração de pobre”.
O arcebispo
reconheceu oficialmente a Congregação em 1845 e aprovou as constituições em
1851.
A nova Congregação
tinha como prioridade a educação das jovens, mas também se dedicava aos doentes
em suas casas, às mulheres prisioneiras, à catequese, aos idosos, à confecção
de bordados, à ocupar as crianças durante o dia e os adultos nas noites. As
religiosas começaram a ser conhecidas na cidade: elas tinham o encargo da
prisão das mulheres, de uma casa para reabilitação de prostitutas, de uma casa
de acolhimento para os mendigos.
Logo foram abertas
outras casas na Alemanha (1849), na Índia (1861), na Inglaterra (1863),
chegando a 50 comunidades e cerca de mil religiosas.
No dia 7 de janeiro
de 1876, Maria Teresa do Sagrado Coração Haze faleceu em Liège, aos 94 anos, e
foi sepultada no cemitério de Chénée, na Bélgica. Cinquenta anos mais parte seu
corpo foi exumado e estava incorrupto.
A Congregação conta
hoje com mais de 103 comunidades espalhadas em quatro continentes. O processo
de sua beatificação se iniciou em 1911, pelos vários milagres atribuídos à sua
intercessão. Foi aprovado pela Igreja em janeiro de 1991, sendo beatificada
pelo papa João Paulo II em abril de 1991.
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