Jesus estava presente na ceia, estava com eles na última
ceia e, reza o Evangelho, Ele “sabia que
tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai”. Sabia que fora
traído e que seria entregue por Judas naquela mesma noite. “Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim”.
Deus ama assim: até ao fim. Entrega a vida por cada um de
nós, orgulha-se disto e deseja isto porque Ele tem amor: “Amar até ao fim”. Não é fácil, porque todos nós somos pecadores,
todos nós temos limites, defeitos, muitas coisas. Todos sabemos amar, mas não
somos como Deus, que ama sem considerar as consequências, até ao fim. E dá o
exemplo: e para o demonstrar, Ele que era “o chefe”, que era Deus, lava os pés
aos seus discípulos.
O hábito de lavar os pés era o costume que se seguia
naquela época, antes dos almoços e dos jantares, porque não havia o asfalto e
as pessoas caminhavam na poeira. Portanto, um dos gestos para receber uma
pessoa em casa, e também para comer, era o lava-pés. Eram os escravos que o
faziam, aqueles que tinham sido escravizados, mas Jesus inverte a situação e
lava Ele mesmo os pés. Simão não queria que o fizesse, mas Jesus explicou-lhe
que era assim, que Ele veio ao mundo para servir, para nos servir, para se
tornar nosso servo, para dar a vida por nós, para nos amar até ao fim.
Hoje ao longo da estrada, ao
chegar, vi muitas pessoas que me saudavam: “Vem o Papa, o chefe. O chefe da Igreja...”.
O chefe da Igreja é Jesus; não brinquemos! O Papa é a figura de Jesus e eu
gostaria de fazer aquilo que Ele fez. Nesta cerimônia, o pároco lava os pés aos
fiéis. Há uma inversão: aquele que
parece o maior deve desempenhar a tarefa do escravo, mas para semear amor.
Para semear amor entre nós, hoje não vos digo para irdes e lavardes os pés uns
aos outros: seria uma brincadeira. Mas o símbolo, a figura, sim: digo-vos que,
se puderdes oferecer uma ajuda, desempenhar um serviço aqui no cárcere, a favor
do companheiro, da companheira, fazei-o.
Porque isto é amor, isto é
como lavar os pés. É ser servo dos outros. Certa vez, os discípulos discutiam
entre si, para saber quem era o maior, o mais importante. E Jesus disse: “Quem quiser ser importante, deve tornar-se
o mais pequenino e servir todos”. E foi aquilo que Ele fez, é o que Deus
faz com cada um de nós. Ele serve-nos, é
o servo. Todos nós que somos pobres, todos! Mas Ele é grande, Ele é bom. E
Ele ama-nos como somos. Por isso, durante esta celebração pensemos em Deus, em
Jesus. Não se trata de uma cerimônia folclórica: é um gesto para recordar
aquilo que Jesus nos deu. Em seguida, Ele pegou no pão e ofereceu-nos o seu
Corpo; pegou no vinho e ofereceu-nos o seu Sangue. O amor de Deus é assim.
Hoje, pensemos unicamente no amor de Deus.
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