São José obedece ao anjo que aparece em seu sonho e toma
consigo Maria, grávida por obra do Espírito Santo, como narra o Evangelho de
Mateus. Um homem silencioso, mas obediente, José é um homem que carrega sobre
seus ombros as promessas de descendência, de herança, de paternidade, de
filiação e de estabilidade.
E este homem, este sonhador, é capaz de aceitar esta tarefa, esta tarefa
difícil e que muito tem a nos dizer neste período de uma grande sensação de
orfandade. E assim este homem toma a promessa de Deus e a leva adiante em
silêncio com fortaleza, a leva adiante para aquilo que Deus quer que seja
realizado.
São José é um homem que pode dizer muito, mas não fala, o homem escondido,
o homem do silêncio, que tem a maior autoridade naquele momento, sem a
demonstrar. Aquilo que Deus confia ao coração de José são “coisas fracas”:
promessas e uma promessa é fraca. E depois também o nascimento da criança, a
fuga ao Egito, situações de fraqueza. José carrega no coração e leva adiante
todas essas fraquezas como se deve fazer: com muita ternura, com a ternura com
a qual se pega uma criança.
É o homem que não fala, mas obedece, o homem da ternura, o homem capaz de
levar adiante as promessas para que se tornem firmes, seguras. O homem que
garante a estabilidade do Reino de Deus, a paternidade de Deus, a nossa
filiação como filho de Deus. Gosto de pensar José como guardião das fraquezas,
de nossas fraquezas: é capaz de fazer nascer muitas coisas bonitas de nossas
fraquezas, de nossos pecados.
José é o custódio das fraquezas para que se tornem firmes na fé, mas ele
recebeu esta tarefa durante um sonho. “É um homem capaz de sonhar”, e é também
o guardião do sonho de Deus: o sonho de Deus de salvar a humanidade, de redimi-la,
foi confiado a José. É grande este carpinteiro! Silencioso, trabalhador e
guardião que carrega as fraquezas e é capaz de sonhar. Uma figura que tem uma
mensagem para todos.
Eu hoje quero lhe pedir que dê a todos nós a capacidade de sonhar, porque
quando sonhamos coisas grandes, coisas bonitas, nos aproximamos do sonho de
Deus, das coisas que Deus sonha para nós. Que aos jovens dê, porque ele era
jovem, a capacidade de sonhar, de arriscar e assumir as tarefas difíceis que
viram nos sonhos. E dê a todos nós a fidelidade que geralmente cresce num
comportamento justo, e ele era justo, cresce no silêncio, poucas palavras, e
cresce na ternura que é capaz de proteger as próprias fraquezas e as dos outros.
Papa Francisco – 20 de março de 2017
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