O serviço à misericórdia
caracterizou inclusivamente a vida do Beato João Balicki. Como sacerdote, ele
sempre conservou o seu coração aberto aos necessitados. O seu ministério de
misericórdia expressou-se não apenas na ajuda aos enfermos e aos pobres mas,
com particular energia, mediante o ministério do confessionário, que
ele exerceu com grandes paciência e humildade, sempre disponível a aproximar de
novo o pecador arrependido, ao trono da graça divina.
Recordando-o, gostaria de dizer aos sacerdotes e seminaristas: Irmãos,
peço-vos que não vos esqueçais de que, como dispensadores da Misericórdia
Divina, tendes uma grande responsabilidade; lembrai-vos também de que o
próprio Cristo vos conforta com a promessa transmitida através de Santa
Faustina: "Diz aos meus sacerdotes que os pecadores endurecidos hão-de
enternecer-se diante das suas palavras, se eles lhes falarem da minha ilimitada
Misericórdia e da compaixão que alimento por eles no meu Coração".
Papa João Paulo II – Homilia de
Beatificação – 18 de agosto de 2002
João Adalberto
Balicki nasceu em 25 de Janeiro de 1869, na localidade de Staromiescie. Cresceu numa família profundamente religiosa, rica de honestidade e virtude.
Depois de ter concluído os estudos liceais, cheio de amor pátrio entrou no
seminário de Przemysl e, após quatro anos de preparação espiritual e
intelectual, foi ordenado Sacerdote, no dia 20 de julho de 1892, e
imediatamente escolhido como assistente do pároco de Polna.
Homem de oração, confessor paciente e grande pregador, continuou os seus estudos na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, consciente da sua responsabilidade: como sacerdote, continuar a fazer progredir na perfeição cristã; e, como aluno, concluir os estudos teológicos em ordem a obter o melhor resultado para a sua vida concreta na fé e o enriquecimento espiritual dos destinatários do seu futuro ministério.
No
final de um quadriénio académico, em 1897 regressou à Polônia e foi nomeado
Professor de Teologia Dogmática no seminário diocesano de Przemysl dos Latinos.
Ele estava convencido de que a Teologia é não apenas a ciência relativa a Deus,
mas também a ciência que leva o homem a alcançar o próprio Deus. Assim, as suas
lições constituíam verdadeiras meditações sobre os mistérios divinos e tinham
grande influência sobre a formação moral dos alunos.
No
ano de 1928, em espírito de obediência aos seus superiores, aceitou a nomeação
para reitor do seminário, cargo este a que, em 1934, teve de renunciar por
motivos de saúde, dedicando-se então exclusivamente às confissões e à direção
espiritual. Muitos dos seus penitentes puderam dar testemunho do seu extraordinário
dom de penetração nas profundidades da alma e de sincera abertura interior a
todos, sem qualquer distinção, fazendo dele não só um juiz ou um "dador da
absolvição", mas sobretudo um incomparável promotor do crescimento
espiritual das almas que a ele recorriam em busca de alívio.
Durante
a segunda guerra mundial, que atingiu duramente também a Polônia, dividindo-a
em dois blocos, o Padre João Adalberto Balicki permaneceu sempre próximo dos
seus fiéis e sempre procurou ajudá-los de todas as formas possíveis. Em
Fevereiro de 1948, gravemente enfermo, foram-lhe diagnosticadas duas
doenças: pneumonia e tuberculose, já em estado avançado. Foi
imediatamente hospitalizado mas era demasiado tarde: de fato, faleceu no
dia 15 de março desse mesmo ano.
Após
a sua morte, a fama da sua santidade espalhou-se na Polônia e entre os polacos
da diáspora. Quem o conhecia, confirmava que a sua vida era motivada
exclusivamente pelo desejo de ser o último de entre os seus irmãos. Com efeito,
a sua humildade era simples, natural e autêntica, enquanto lhe impedia de
chamar a atenção dos outros para as suas próprias dores, dificuldades ou
sofrimentos. Um dos frutos mais excelsos da sua humildade era o seu grande amor
a Deus e ao próximo, que o levava a tender constantemente para o Senhor.
Além
disso, durante a sua vida ministerial, João Adalberto não se cansava de realçar
o valor das virtudes no crescimento da vida espiritual, sobretudo a
mortificação, a paciência e a humildade de que ele era um portador
exemplar: a mortificação submete a natureza à graça; a paciência, inseparável
do amor, torna o homem capaz de fazer sacrifícios por Deus; e a humildade aniquila
o egoísmo e põe Deus no centro do coração do homem. E só é possível alcançar
tudo isto através da oração sincera, que é a elevação da mente e do coração do
ser humano a Deus.
Profeticamente,
em 22 de Dezembro de 1975, o então Cardeal Karol Wojtyla escreveu ao Papa Paulo
VI, pedindo-lhe que o reconhecesse como modelo para os presbíteros do nosso
tempo, e no dia 18 de agosto de 2002 já como Papa João Paulo II, o
beatificou.
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