Existe um pecado que paralisa o
coração do homem, fazendo-o viver na tristeza e esquecer a alegria. Trata-se da
preguiça, aquele comportamento que leva as pessoas a ser como árvores com
raízes secas e a não ter vontade de ir em frente. Para elas a palavra de Jesus
é como um choque: “levanta-te!”, pega a tua vida nas mãos e vai em frente!
A água do tanque de Betesda, uma piscina com cinco portais sob os quais
descansavam um grande número de enfermos, cegos, coxos, paralíticos. Segundo a
tradição, de vez em quando descia um anjo do céu para mover as águas e as
primeiras pessoas que naquele momento se lançavam eram curadas. Portanto, estas
pessoas estavam sempre à espera, pedindo a cura.
Entre elas havia um paralítico que esperava ali há 38 anos. E Jesus, que
conhecia o coração daquele homem e sabia que há muito tempo estava naquelas
condições, disse-lhe: “Queres sarar?” Antes de tudo, é preciso notar como é bom
que Jesus diga ao paralítico e, através dele, também aos homens do nosso tempo:
Queres sarar? Queres ser feliz? Queres melhorar a tua vida? Queres ser pleno do
Espírito Santo? Queres sarar?
Diante de uma pergunta deste tipo, todos os outros que estavam lá,
enfermos, cegos, coxos, paralíticos teriam respondido: “Sim, Senhor, sim!”. Mas
aquele parecia um homem estranho e respondeu a Jesus: “Senhor, não tenho alguém
que me ponha na piscina quando a água se agita; de fato, quando estou para
entrar na água outro desce antes de mim”. A sua resposta é uma reclamação:
“Mas, olha, Senhor, quão difícil e injusta a vida foi comigo. Todos podem
entrar e sarar e eu há 38 anos que procuro, mas...”
Esse homem era como a árvore, estava perto da água mas tinha as raízes
secas que não chegavam até à água, não podiam absorver a saúde da água. Uma
realidade que se compreende pelo comportamento, pelas reclamações e através do
seu procurar sempre dar a culpa ao outro: “Mas são os outros que vão antes de
mim, sou um pobrezinho que estou aqui há 38 anos...”
Aqui parece bem descrito o pecado da preguiça, um pecado terrível. Esse
homem, estava doente não tanto pela paralisia mas pela preguiça, o que é pior
que ter o coração tíbio, muito pior. A preguiça, é aquele viver por viver, é não
ter vontade de prosseguir, de fazer algo na vida: é ter perdido a memória da
alegria. Esse homem não conhecia a alegria nem sequer de nome, perdeu-a.
Trata-se, de uma doença horrível que leva a esconder-se por detrás de
justificações do tipo: Mas é cômodo assim, estou acostumado... Mas a vida foi
injusta comigo... Assim, por detrás das palavras do paralítico, vê-se o
ressentimento, a amargura daquele coração. E no entanto Jesus não o repreende,
olha para ele e diz-lhe: «Levanta-te, toma o teu leito e anda”. E ele pega o
leito e vai.
Qualquer homem, pode cometer este pecado: é viver porque é grátis o oxigênio,
o ar, é viver sempre olhando para os outros que são mais felizes do que eu,
viver na tristeza, esquecer a alegria. É, enfim, um pecado que paralisa,
tornando-nos paralíticos. Não nos deixa caminhar. E também a nós Jesus diz
hoje: Levanta-te, pega a tua vida como é, boa ou difícil, e vai em frente. Não
tenhas medo, vai em frente com o teu leito — “Mas, Senhor, não é o último
modelo...” — Mas vai em frente! Com o leito feio, talvez, mas vai! É a tua
vida, é a tua alegria.
A primeira pergunta que o Senhor faz a todos, hoje, é: Queres sarar? E se
a resposta for Sim, Senhor, Jesus exorta: Levanta-te!
Papa Francisco - 28 de março de 2017
Hoje celebramos:
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