Maria Repetto, com
22 anos entrou em Gênova na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio,
no Monte Calvário. Nas numerosas e graves epidemias de cólera que infestam a
cidade, ela corre intrépida para a cabeceira dos doentes. A fama da
"religiosa santa" cresce de dia para dia e, quando toma o ofício de
porteira, continua a dar os tesouros da sua alta espiritualidade a todos os que
a ela recorrem para ajuda e conselho.
Maria Repetto desde
a juventude aprendeu e viveu uma grande verdade, que nos transmitiu também a
nós: Jesus deve ser contemplado, amado e servido nos pobres, em todos os
momentos da nossa vida. Ela dá tudo o que tem: as economias, as coisas, a
palavra, o tempo e o sorriso. "Servir os pobres de Jesus", era o
programa do seu Instituto; programa que ela executou nos 50 anos de vida
religiosa, servindo primeiramente a Jesus, crescendo na perfeição do amor,
recordando a si mesma que "primeiro que tudo era religiosa", e servindo
os pobres, pois Cristo vive nos pobres.
São Francisco de
Caporosso, chamado pelos genoveses "o pai santo", mandava ter com
ela, a "religiosa santa", pessoas de todas as proveniências sociais,
necessitadas de auxílio e de conselhos. O humilde frade "buscador",
canonizado em 1962, e a humilde Irmã porteira, que hoje sobe às honras dos
altares, foram, no século passado, os dois polos da vida religiosa de Gênova.
Maria Repetto estava sempre satisfeita e serena, e alegrava-se de ter o coração
aberto, mais que a porta do convento, e de dar, dar sempre, dar tudo. E esta
alegria da dádiva a Deus culminou na sua morte: com o sorriso nos lábios, a
Beata pronunciou as últimas palavras, que são hino de júbilo à Mãe de Deus: "Rainha
do céu, alegrai-vos, aleluia!".
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 04 de outubro de 1981
Religiosa do Instituto
das Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário, Maria nasceu em
Voltaggio, Itália, no seio de uma família da burguesia, em 31 de outubro de
1809. Era a filha mais velha do notário João Batista Repetto e de Teresa
Gazzale, que tinham dez filhos. Ela foi batizada no mesmo dia com o nome da
Santíssima Virgem. Como a mais velha, logo teve que ajudar sua mãe no cuidado
dos irmãos e nas tarefas domésticas. Era uma família profundamente religiosa de
modo que quatro irmãs e um irmão consagraram-se a Nosso Senhor.
O dia da Primeira
Comunhão, que ela fez quando tinha dez anos, imprimiu em seu coração o desejo
de viver o resto de sua vida em união com Jesus. Ingressou como religiosa das
Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário, em Gênova, em 1829. O dote
que seu pai lhe deu foi suficiente para mantê-la por toda vida, além de uma
soma que, com a permissão da superiora, ela poderia dar para instituições de
caridade. Devido suas habilidades e sua instrução foi admitida como religiosa
do coro e não como uma auxiliar. Ela pode viver a sua vocação na obscuridade
total. No dia da Assunção do ano 1831 fez os votos privados de pobreza, castidade
e obediência.
Trabalhou como costureira
e bordadeira da comunidade durante muitos anos. Em 1835, uma epidemia de cólera
eclodiu em Gênova: o desejo de servir a Cristo no doente que sofria fez Irmã
Maria vencer sua própria reserva. Com outras Irmãs ela dedicou-se com abnegação
e amor. Seu compromisso foi tão grande que começaram a chamá-la de "monja
santa". E pensar que por sua pequena estatura e sua humildade era muito
difícil ser notada. Cessada a emergência, voltou para a oficina.
Quando a visão
começou a falhar, destinaram-na à portaria do convento onde desenvolveu um
trabalho apostólico profundo e promoveu a devoção a São José. Teve o dom da
cura, colocando a medalha de São José no lugar enfermo. Não atribuía nada para
si mesma, mas ao Santo Patriarca.
Conta-se que um dia
uma mulher chegou ao convento para pedir orações por seu marido cego. A Irmã
Maria aconselhou-a a rezar a São José. Quando a mulher se foi, Irmã Maria
virou-se em direção ao quadro do Santo que tinha na portaria e lhe disse: “São José, o senhor faz ideia como é
triste uma pessoa viver na escuridão?” A mulher voltou ao convento e
lhe disse que seu marido havia recuperado a visão repentinamente. A Beata girou
o quadro de São José e viu um bilhete que dizia: “São José agradece-lhe por isso".
Maria viveu toda
sua vida em uma pobreza tal, que ela preferia usar as roupas usadas das Irmãs,
que acomodava à suas medidas diminutas. No entanto, muito dinheiro passou por
suas mãos: recebia dos ricos e com alegria dava aos pobres.
Aos seus oitenta anos
ela ingressou na enfermaria. Expirou serenamente no dia 5 de janeiro de 1890.
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