Despertemos o sentido
estético e contemplativo que Deus colocou em nós e que, às vezes, deixamos
atrofiar. Lembremo-nos de que, quando não se aprende a parar a fim de admirar e
apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objeto de uso e
abuso sem escrúpulos. Pelo contrário, se entrarmos em comunhão com a floresta,
facilmente a nossa voz se unirá à dela e transformar-se-á em oração: Deitados
à sombra dum velho eucalipto, a nossa oração de luz mergulha no canto da
folhagem eterna. Tal conversão interior é que nos permitirá chorar pela
Amazônia e gritar com ela diante do Senhor.
Jesus disse: Não
se vendem cinco passarinhos por duas pequeninas moedas? Contudo, nenhum deles
passa despercebido diante de Deus (Lc 12, 6). Deus Pai, que criou
com infinito amor cada ser do universo, chama-nos a ser seus instrumentos para
escutar o grito da Amazônia. Se acudirmos a este clamor angustiado, tornar-se-á
manifesto que as criaturas da Amazônia não foram esquecidas pelo Pai do céu.
Segundo os cristãos, o próprio Jesus nos chama a partir delas, porque o
Ressuscitado as envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As
próprias flores do campo e as aves que Ele, admirado, contemplou com os seus
olhos humanos, agora estão cheias da sua presença luminosa. Por todas estas
razões, nós, os crentes, encontramos na Amazônia um lugar teológico, um espaço
onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos.
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