sábado, 14 de março de 2020

14 de março - Beata Maria Josefina (Catanea) de Jesus Crucificado


Josefina Catanea nasceu no dia 18 de fevereiro de 1894, em Nápoles, no seio da nobre família dos marqueses Grimaldi. Desde pequena mostrou uma predileção particular pelos pobres e pelos mais necessitados, destinando-lhes o dinheiro que lhe davam para brinquedos ou merendas, e ajudando a duas velhinhas que viviam sozinhas.

O exemplo de sua avó e de sua mãe foi a escola onde aprendeu a conhecer Jesus e a se enamorar dEle. Tinha uma devoção particular pela Eucaristia e pela Virgem Maria, o que demonstrava rezando o Rosário.

Depois de terminados os estudos, em 10 de março de 1918, superando a oposição de sua mãe e de seus familiares, ingressou no Carmelo de Santa Maria, em "Ponti Rossi", lugar assim chamado porque ali se encontravam as ruínas de um aqueduto romano.

No Carmelo aprendeu a amar a Cristo em meio ao sofrimento, oferecendo-se como vítima pelos sacerdotes. Soube aceitar a vontade de Deus, embora isto significasse grande dor física: se viu afetada por uma forma grave de tuberculose na espinha dorsal, com dores nas vértebras, que a paralisou completamente. Em 26 de junho de 1922 foi curada milagrosamente, de forma instantânea, depois do contato com a relíquia (braço) de São Francisco Xavier, que lhe levaram até sua cela.

A "monja santa", como a chamava o povo, iniciou um grande apostolado principalmente no locutório do convento, acolhendo a todo tipo de pessoas doentes e necessitadas de ajuda, tanto material como espiritual, às quais proporcionava consolo e conselho para encontrar o amor de Deus. Inclusive realizou milagres.

Sua abnegação prosseguiu também quando foi acometida de outras enfermidades que a obrigaram a usar cadeiras de rodas, crucificando-se com Jesus pela Igreja e pelas almas.

Em 1932 a Santa Sé reconheceu a casa de "Ponti Rossi" como convento da ordem segunda das Carmelitas Descalças, e Josefina Catanea recebeu o hábito de Santa Teresa de forma oficial, tomando o nome de Maria Josefina de Jesus Crucificado. Em 6 de agosto desse mesmo ano fez a profissão solene segundo a Regra carmelitana, que já vivia desde 1918.

Em 1934 o Cardeal Alessio Ascalesi, arcebispo de Nápoles, a nomeou sub-priora; em 1945, vigária; e em 29 de setembro desse ano, no primeiro capítulo geral, foi eleita priora, cargo que desempenhou até sua morte.

Sua espiritualidade, sua docilidade amorosa, sua humildade e simplicidade, lhe granjearam grande estima durante os anos da II Guerra Mundial. Rezava sem cessar, alimentando assim sua confiança em Deus, com a qual contagiava a todos os que se dirigiam em peregrinação a "Ponti Rossi" para escutar suas palavras de alento, consolo e estímulo para superar as provas e as dores das tristes situações resultantes da guerra.

No dia de sua tomada de hábito dissera: "Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com Ele", e o Senhor aceitou sua oferta. Compartilhou os sofrimentos de Cristo de forma silenciosa, porém alegre. Suportou durante muitos anos duras provas e perseguições com espírito de abandono à vontade de Deus. Também gozou de carismas místicos extraordinários.

Por obediência e por conselho de seu diretor espiritual, escreve sua "Autobiografia" (1894-1932) e seu "Diário" (1925-1945), bem como numerosas cartas e exortações para as religiosas.
A partir de 1943 começou a sofrer várias enfermidades especialmente dolorosas, que incluíram a perda progressiva da visão. Convencida de que essas enfermidades eram vontade de Deus, as acolhia como "um dom magnífico" que a unia cada vez mais a Jesus Crucificado. Com um sorriso nos lábios, ofereceu seu corpo como altar de seu sacrifício pelas almas. Morreu no dia 14 de março de 1948 em sua cidade natal.

Foi beatificada na Catedral de Nápoles pelo Cardeal Crescenzio Sepe em 1º de junho de 2008 e cerimônia presidida pelo Cardeal Saraiva Martins, que em sua homilia pronunciou as seguintes palavras:

Observando em particular a história e a mensagem da Bem-aventurada Josefina, entendemos melhor a necessidade inevitável da dimensão contemplativa na vida de todo cristão. Seu exemplo também nos mostra a maneira concreta de cultivá-lo. Sua existência, então, era uma verdadeira escola de caridade, tanto para com suas irmãs quanto para o amplo campo de apostolado, apesar de ser uma freira enclausurada, cultivado apenas para fazer o Senhor ser mais amado. De fato, ela também, como Santa Teresina, do Menino Jesus, não queria "ser uma santa pela metade", apesar de suas peculiaridades e dons místicos, com várias experiências espirituais fora do comum. Tudo está resumido em uma frase que constituiu o programa unitário de toda a vida do Bem-aventurado: "Quero viver alimentando-me da vontade de Deus ... quero que minha vontade seja uma mistura única com a vontade de Deus". E novamente em seu Diário: desejo ardentemente viver na vontade de Deus, sei que assim são feitos santos e quero me tornar um santa para dar glória a Deus". Um programa que deve ser a grande aspiração de todo cristão, em plenitude. conformidade com a palavra de Cristo, o modelo único e supremo: "Meu alimento é fazer a vontade do Pai" (Jo 4,34), porque: "quem faz a vontade de Deus permanece para sempre" (IJo 2,17).

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