Nas vésperas da festa de Nossa Senhora do Carmo
de 1747, em Arezzo, na nobre família dos Redi, veio à luz Ana Maria, a segunda
de um total de treze crianças. Em uma família profundamente cristã cresceu como
um lírio branco: pediu repetidas vezes aos pais e tios que falassem para ela de
Jesus e sempre perguntava sobre o que precisava ser feito para agradá-lo. Ela
amava permanecer no seu quarto para rezar e admirar seus “santinhos”. Desde
muito pequenina, gostava de colher flores para as oferecer a Jesus.
Na adolescência, procurava exercitar cada dia
uma virtude. Na juventude, adorava rezar diante do sacrário, onde dizia
palpitar não só o Amor, mas o Coração do Amor. Frequentou, como educanda, o
mosteiro de Santa Apolônia de Florença até 1764.
Tinha 17 anos quando pensou ouvir uma voz que
lhe dizia: “Sou Teresa de Jesus e quero-te entre as minhas filhas”.
Foi o seu chamamento ao Carmelo, à Casa dos Anjos, como gostava de chamar aos
conventos de carmelitas, assim como Santa Teresa de Jesus lhes chamava Pombais
de Nossa Senhora.
Ana Maria, como lírio imaculado, procurava os vales sorridentes do Carmo, onde entrou com 17 anos, no dia 1 de setembro. No período de Postulando quis Deus conceder-lhe uma doença provocada por um tumor maligno que a fez sofrer muito. Uma vez restabelecida, iniciou o Noviciado, tomando o hábito do Carmo e mudando o seu nome pelo de Teresa Margarida do Coração de Jesus.
Fato significativo foi ter como seu maior
confidente o próprio pai, Inácio Maria Redi, homem religioso e iluminado. Entre
os dois iniciou-se uma relação intensa através de cartas que, infelizmente,
foram quase totalmente perdidas, pois ambos se prometeram de dar fogo às
letras. Ana Maria disse repetidamente que ela era imensamente agradecida ao seu
pai, mais por aquilo que ele ensinou que por tê-la gerado.
O mistério da Cruz e os espinhos que rodeavam o Coração de Cristo atraíam-na fazendo-a humilde, alegre e caridosa. No dizer das Irmãs, era um anjo do Céu no convento, em Florença.
A sua ardente devoção a fez alcançar uma
altíssima experiência mística, testemunha do que a oração pode fazer em uma
alma. Foi atenta por manter escondidas as suas virtudes e por humildade, com
humor, desviava a curiosidade das irmãs, a ponto de ser considerada uma
“espertinha”. Chegou, porém, a dizer ao diretor espiritual que deveria tornar
público os seus defeitos. Mesmo não tendo muito conhecimento teológico, foi
muito atenta à compreensão da Sagrada Escritura, entendida como dom do
Espírito. Teve muito cara também a leitura das obras de Santa Madre Teresa e a
sua exortação de dar lugar a Deus com o silêncio interior. Ardente foi o seu
amor pela Eucaristia: “No
ofertório, renovo a profissão: antes que se eleve o Santíssimo, oro a Nosso
Senhor para que, assim como transforma o pão e o vinho no seu preciosíssimo
Corpo e Sangue, assim digne-se de transformar-me toda em si mesmo. Ao ser
elevado o adoro, e renovo ainda a minha profissão, e depois peço aquilo que
desejo dele.” A
seu pedido a comunidade celebrou pela primeira vez a festa do Sagrado Coração
de Jesus, e empenhou-se em cada particular para que fosse solene.
A segunda grande inspiração de sua vida foi a passagem da Primeira Carta de João, “Deus é amor” (1Jo. 4,16), afirmação sobre a qual baseou sua vida. O seu lema era: Padecer e calar por Jesus.
No dia 4 de março de 1770, pediu ao confessor que a ouvisse em confissão geral, pois queria, no dia seguinte, comungar tão preparada como se fosse a última vez. Assim foi, de fato; nesse dia, 5 de março, depois de comungar fervorosamente, caiu doente, uma peritonite fulminante.
A doença degenerou em gangrena que lhe
provocava dores horríveis e insuportáveis. O Crucifixo, que sempre teve nas
mãos foi a sua força. Morreu, dois dias depois da doença se ter declarado,
tinha pouco mais de vinte e dois anos.
Um século antes, outra carmelita, S. Maria Madalena de Pazzi, tinha glorificado Florença com a sua santidade.
Um século antes, outra carmelita, S. Maria Madalena de Pazzi, tinha glorificado Florença com a sua santidade.
Teresa Margarida encontrou na meditação da Paixão de Cristo e no seu Coração o segredo da sua pureza, simplicidade, amor e caridade. Foi beatificada a 9 de junho de 1929 e canonizada a 13 de março de 1934 por Pio XI.
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