domingo, 25 de agosto de 2019

25 de agosto - “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Lc 13,23


A liturgia de hoje nos propõe uma palavra de Cristo iluminadora e ao mesmo tempo desconcertante. Durante a sua última subida a Jerusalém, alguém lhe pergunta: "Senhor, são poucos os que se salvam?" E Jesus responde: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos, eu vos digo, tentarão entrar sem o conseguir".

Que significa esta "porta estreita"? Por que muitos não conseguem entrar por ela? Trata-se porventura de uma passagem reservada a alguns eleitos? De fato, este modo de raciocinar dos interlocutores de Jesus, considerando bem, é sempre atual: a tentação de interpretar a prática religiosa como fonte de privilégios ou de certezas está sempre pronta para armar uma cilada. Na realidade, a mensagem de Cristo é precisamente em sentido oposto: todos podem entrar na vida, mas para todos a porta é "estreita". Não há privilégios. A passagem para a vida eterna está aberta a todos, mas é "estreita" porque é exigente, requer compromisso, abnegação, mortificação do próprio egoísmo.

Mais uma vez o Evangelho nos convida a considerar o futuro que nos espera e para o qual nos devemos preparar durante a nossa peregrinação na terra. A salvação, que Jesus realizou com a sua morte e ressurreição, é universal. Ele é o único Redentor e convida todos para o banquete da vida imortal. Mas a uma só e igual condição: a de se esforçar por segui-l'O e imitá-l'O, assumindo sobre si, como Ele fez, a própria cruz e dedicando a vida ao serviço dos irmãos.

Portanto, esta condição para entrar na vida celeste é única e universal. No último dia recorda ainda Jesus no Evangelho não seremos julgados com base em privilégios presumíveis, mas segundo as nossas obras. Os "operadores de iniquidade" serão excluídos, e serão acolhidos os que tiverem realizado o bem e procurado a justiça, à custa de sacrifícios. Portanto, não será suficiente declarar-se "amigos" de Cristo vangloriando-se de falsos méritos: "Comemos e bebemos contigo e Tu ensinaste nas nossas praças". A verdadeira amizade com Jesus expressa-se no modo de viver: expressa-se com a bondade do coração, com a humildade, com a mansidão e a misericórdia, o amor pela justiça e a verdade, o compromisso sincero e honesto pela paz e pela reconciliação. Poderíamos dizer que é este o "bilhete de identidade" que nos qualifica como seus autênticos "amigos"; é este o "passaporte" que nos permitirá entrar na vida eterna.
Papa Bento XVI – 26 de agosto de 2007

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