“O sacerdócio é o amor do Coração de
Jesus”,
costumava dizer o Santo Cura d’Ars. Esta tocante afirmação permite-nos,
antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os
sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade.
Penso em todos os presbíteros que propõem,
humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e
os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os
sentimentos e o estilo de toda a sua existência.
Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas,
o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal?
E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante
dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de amigos de
Cristo, por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?
O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de
ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: “Um bom pastor, um
pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode
conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”.
Falava do sacerdócio como se não conseguisse
alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados
a uma criatura humana: “Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado
compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas
palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena
hóstia”.
E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos
sacramentos, dizia: “Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem
O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no
primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar
a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há de preparar para
comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo?
O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado],
quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o
sacerdote. Depois de Deus, o sacerdote é tudo! Ele próprio não se
entenderá bem a si mesmo, senão no céu”.
Estas afirmações, nascidas do coração
sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém,
revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio.
Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: “Se
compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto,
mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria
servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que
aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos
abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a
porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma
paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre
não é padre para si mesmo, é-o para vós”.
Papa Bento XVI – 16 de junho
de 2009
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