Tomai,
Senhor, e recebei
Toda a minha liberdade, a minha memória também.
O meu entendimento e toda a minha vontade
Tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor.
Toda a minha liberdade, a minha memória também.
O meu entendimento e toda a minha vontade
Tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor.
Todos os dons que me destes, com gratidão vos
devolvo
Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.
Dai-me somente, o vosso amor, vossa graça
Isto me basta, nada mais quero pedir.
Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.
Dai-me somente, o vosso amor, vossa graça
Isto me basta, nada mais quero pedir.
O fundador da
Companhia de Jesus nasceu no Castelo de Loyola, em Azpeitia, região basca ao
norte da Espanha, em 1491. Filho de família cristã da nobreza rural, caçula de
13 irmãos e irmãs foi batizado como Iñigo. Mais tarde, entretanto, mudaria seu
nome, passando a assinar Inácio.
Em 1506, quando tinha aproximadamente 15
anos, Inácio colocou-se a serviço de Juan Velázquez de Cuéllar, ministro do
Tesouro Real durante o reinado de Fernando de Aragão. Aos cuidados de seu
protetor, recebeu esmerada formação, aprimorou sua cultura e tornou-se exímio
cavaleiro, mostrando inclinação pelas aventuras militares. E, como descreveu em
sua autobiografia, até os 26 anos de idade, “tinha sido um homem entregue às
vaidades do mundo”. Essa história começou a mudar de rumo em 1517,
quando Juan Velázquez caiu em desgraça e Inácio passou a servir ao duque de
Nájera e vice-rei de Navarra, Antônio Manrique, participando de vários combates
militares.
Em 20 de
maio de 1521, ao tentar, sem sucesso, proteger Pamplona (capital de Navarra)
dos invasores franceses, Inácio foi ferido por uma bala de canhão que, além de
partir sua perna direita, deixou lesões na esquerda. O grave ferimento foi
fundamental para a mudança radical que aconteceria em sua vida.
Durante o
período de convalescência no Castelo de Loyola, como não havia livros de
Cavalarias - seus preferidos - Inácio dedicou-se à leitura de Vida de Cristo,
escrita por Ludolfo da Saxônia, e de uma coletânea Vida dos Santos. Foi após o
contato com os livros religiosos que ele percebeu, com atenção e paciência, que
as ambições mundanas lhe causavam alegrias efêmeras, meros prazeres, ao passo
que a entrega a Jesus Cristo lhe enchia o coração de alegria duradoura. Essa
consolação foi, para Inácio, um sinal de Deus.
Já recuperado e com o forte desejo de
mudanças em sua vida, Inácio decidiu partir rumo a Jerusalém. Saindo de Loyola,
seguiu em peregrinação para Montserrat. No caminho, doou suas roupas de fidalgo
a um pobre, passando a usar trajes rústicos. A espada foi deixada no altar da
Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, após uma noite de oração.
Em
Manresa, Inácio abrigou-se em uma cova. Vivendo como eremita e mendigo, passou
pelas mais duras necessidades. Mas seu objetivo era maior: queria ter
tranquilidade para fazer anotações em um caderno que, mais tarde, iriam se
transformar no livro dos Exercícios Espirituais (EE), considerado até hoje um
de seus mais importantes legados. Após essa experiência, Inácio seguiu em sua
longa peregrinação até Jerusalém, onde permaneceu por um tempo. De volta à
Europa, sofreu perseguições e incompreensões que lhe fizeram perceber a
necessidade de estudar para melhor ajudar os outros.
A cidade escolhida
para dedicar-se aos estudos de Filosofia e Teologia foi Paris (França), onde
conseguiu agrupar colegas a quem passou a chamar de companheiros ou amigos no
Senhor. Esse foi o primeiro esboço do que seria a Companhia de Jesus.
Em 15 de agosto de 1534, na capela de
Montmartre, em Paris, Inácio e seis companheiros – Francisco Xavier, Pedro
Fabro, Afonso Bobadilha, Diogo Laínez, Afonso Salmeirão e Simão Rodrigues –
fizeram votos de dedicarem-se ao bem dos homens, imitando Cristo, peregrinar a
Jerusalém e, caso não fosse possível, apresentar-se ao Papa, com o objetivo de
colocarem-se à disposição do Pontífice. Um ano depois, os votos foram renovados
por eles e mais três outros companheiros – Cláudio Jaio, João Codure, Pascásio
Broet.
Por meio da bula Regimini
militantis Ecclesiae, a Companhia de Jesus foi aprovada
oficialmente pelo Papa Paulo III, em 27 de setembro de 1540. No ano seguinte,
1541, Inácio foi eleito o primeiro Superior Geral da Ordem, passando a viver em
Roma (Itália). Dedicou-se à função preparando e enviando os jesuítas ao mundo
todo, servindo à Igreja e escrevendo as Constituições da Companhia de Jesus. Em
31 de julho de 1556, muito debilitado, Inácio morre em Roma. Sua canonização
aconteceu em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.
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