“Enquanto houver jovens para educar e valores a
transmitir, as dificuldades não contam”.
«Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em
vós, nós esperamos!» Com essas palavras, a liturgia nos convida a fazer
nosso este hino a Deus criador e providente, aceitando o seu plano nas nossas
vidas. Assim o fez Santa Maria do Carmelo Salles y Baranguera, religiosa
nascida em Vic, Espanha, em 1848. Vendo a sua esperança preenchida, após muitas
dificuldades, ao contemplar o progresso da Congregação das Religiosas
Concepcionistas Missionárias do Ensino, pôde cantar junto com a Mãe de Deus: «Seu amor de geração em geração, chega a
todos que o respeitam». A sua obra educativa, confiada à Virgem Imaculada,
continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da
entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode
tudo.
Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 21 de outubro de 2012
Maria do Carmo Salles y Baranguera nasceu em Vic (Barcelona) no dia 9 de abril de
1848, filha de José Sallés e Francisca Barangueras, casal profundamente
católico.
Tendo sua família se transferido para Manresa, frequentou o Colégio das
religiosas da Companhia de Maria, recebendo uma educação religiosa e civil,
sobretudo uma espiritualidade mariana, que a fez receber com grande alegria a
proclamação do dogma da Imaculada Conceição.
Aos 16 anos expressou o desejo de tornar-se religiosa, enfrentando a
insatisfação dos pais que desejavam que ela se inclinasse ao matrimônio.
Em 1869, ingressou no noviciado das Adoradoras, que se dedicavam à
recuperação de mulheres marginais pela delinquência ou prostituição. Com o
conselho de seu diretor espiritual, procurou um instituto dedicado a formação
da mulher, mais afim com os anseios de sua alma. Assim, em 1871, decidiu-se
pelas Dominicanas da Anunciada, fundadas pelo Padre Coll, que a recebeu no
Noviciado.
Durante 22 anos se dedicou à educação em diversos lugares, dirigiu uma
escolinha para que os filhos de mulheres que trabalhavam não ficassem na rua;
em Barcelona, dirigiu um colégio dedicado à classe média, e, ajudada pelas
alunas do curso diurno, conseguiu que se abrissem aulas noturnas para 300
operárias.
Esforçava-se para aumentar a cultura feminina e educar às jovens numa
piedade profunda, bem fundamentada.
Em 1889, Carmem iniciou um profundo processo de busca. Rezava,
consultava e se punha à escuta da voz do Espírito Santo. Sonhava com jovens
que, graças ao harmonioso equilíbrio entre piedade e cultura, fossem
propulsoras da família e da sociedade, fieis à hierarquia e plenamente
inseridas na vida da Igreja.
Os problemas maiores aconteceram no final de 1891 e primeiros meses de
1892. Ela não quis sair da Congregação Dominicana, mas criar um ramo da mesma
árvore. Queria continuar no Instituto para continuar nele o seu método de
ensino. Porém, não lhe foi permitido e se viu forçada a iniciar um caminho
novo.
Acompanhada de três companheiras, Candelária Boleda, Remédios Pujals,
Emília Horta, iniciou uma Congregação nova na Igreja, chamada no primeiro
momento Concepcionistas de São Domingos, hoje Concepcionistas Missionárias do Ensino.
Numa busca perseverante, porém tranquila, porque confiava no Senhor mais
que em si mesma, Carmem fez uma viagem a Madrid. Ali a esperava a Providência
Divina. A palavra firme e serena de Dom Celestino Pazos, pertencente ao Cabido
de Zamora, a ajudou a buscar a vontade de Deus. Carmem entregou seu projeto à
Virgem do Bom Conselho, situada na capela da Colegiada de São Isidoro. Depois
de rezar, disse a suas companheiras: "É
vontade de Deus. Vamos a Burgos. Ali trabalharemos e lutaremos com tudo que se
apresente. E Deus proverá".
No dia 15 de outubro de 1892, festividade de Santa Teresa de Jesus,
Carmem chegou a Burgos com as três companheiras. Ali encontrou um grande
protetor na pessoa do Arcebispo, Dom Manuel Gómez-Salazar y Lucio Villegas, que
em 7 de dezembro do mesmo ano, outorgou a aprovação Diocesana à nascente
Congregação e autorizou a abertura do primeiro colégio Concepcionista.
Em 16 de abril de 1893, foi obtida a aprovação Diocesana das
Constituições e Carmem Salles foi nomeada Superiora Geral.
Em 29 de fevereiro de 1908, Carmem Sallés solicitou ao Santo Padre a
aprovação do Instituto. E em 19 de setembro do mesmo ano recebeu o Decreto
outorgado por São Pio X.
Desde o primeiro momento se dedicou à preparação adequada das futuras
religiosas mestras. Naquele tempo as leis não exigiam o título de professora
para ensinar nos colégios privados da Igreja, mas Carmem quis que as religiosas
cursassem o Magistério e piano, e as introduziu no domínio da língua francesa.
A Universidade ainda não abrira suas portas para a mulher, porém dois
anos após a fundação do Instituto suas alunas já estudavam o Magistério. Carmem
planejou a educação de uma forma integral e equilibrada: a menina e a jovem
deviam desenvolver harmonicamente a inteligência e a alma.
Madre Carmem gastou sua vida no serviço da educação das crianças e das
jovens. Em 19 anos de trabalho, empenhou todas as suas energias em fundar 13
“Casas de Maria Imaculada”, como gostava de chamar as suas Comunidades e
Colégios: Burgos, Segovia, El Escorial, Madrid, Pozoblanco, Almadén,
Valdepeñas, Manzanares, Santa Cruz de Mudela, Murchante, Barajas de Melo,
Arroyo del Puerco (hoy de la Luz), Santa Cruz dela Zarza.
Uma mulher de grande caráter e de grande doçura, a Beata soube superar
muitas dificuldades ao longo do itinerário de fundadora. Sua fé profunda e sua
caridade ardente vão unidas a uma grande sensibilidade pela formação católica
das mulheres de seu tempo, quando surgiam pressões laicistas e anticlericais.
A Beata também manifestou sempre um grande amor pelas meninas mais
pobres: todas as suas fundações surgem unidas a iniciativas para favorecer as
meninas mais pobres. Iniciou também os primeiros passos para levar sua obra
para a Itália e o Brasil.
Morreu em Madrid, aos 63 anos, no dia 25 de julho de 1911, deixando 166
Irmãs na nova Congregação, deixando-lhes como herança seu desejo de expansão
missionária do Instituto. Atualmente as Irmãs estão presentes nos países do
Extremo Oriente, em cinco Estados americanos, na África e na Itália.
No dia 8 de dezembro de 1954, festividade da Imaculada Conceição e Ano
Mariano, Pio XII aprovou definitivamente a Congregação.
João Paulo II a beatificou em Roma no dia 5 de março de 1998 e
canonizada pelo Papa Bento XVI em 21 de outubro de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário