“É mais confortável
fazer as coisas do que ensinar a fazer, mas assim não se forma nem se ajuda.”
“O seu exemplo será a
melhor matéria que aprenderão os seus alunos.”
“É incalculável bem
que podemos fazer se estamos cheios de Deus, se vivemos na dependência dele, e
se dedicamos a ele todo o nosso trabalho e toda a glória que dele se origina.”
Os novos santos apresentam-se hoje diante de nós
como verdadeiros discípulos do Senhor e testemunhas da sua Ressurreição:
São Pedro Poveda, ao compreender a importância da função social da
educação, realizou uma importante tarefa humanitária e educativa entre os marginalizados
e carentes de recursos. Foi mestre de oração, pedagogo da vida cristã e das
relações entre a fé e a ciência, convencido de que os cristãos deviam
contribuir com valores e compromissos substanciais para a edificação de um
mundo mais justo e solidário. A sua existência culminou com o martírio.
Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização – 04 de maio de 2006
Pedro Poveda Castroverde nasceu em Linares – Espanha – em 3 de
Dezembro de 1874, onde recebeu o Batismo uma semana depois e a Confirmação em 5
de Abril de 1875. Era o mais velho de seis irmãos, frutos do matrimônio de José
e María Linarejos. Seu pai era um químico.
Era ainda muito novo quando sentiu a atração pelo sacerdócio e, aos dez
anos, manifestou o seu desejo de entrar no Seminário, mas só o conseguiu depois
de terminar o segundo curso de Bacharelato e com a condição de ter, ao mesmo
tempo, estudos civis e eclesiásticos. Em 1893 obteve o Bacharelato, mas nele ia
crescendo, também, a caridade para com os pobres dos arredores da cidade e
pelos numerosos emigrantes que trabalhavam nas minas da região.
Por dificuldades econômicas da família, aliadas à enfermidade do pai,
transferiu-se para o Seminário de Guadix (Granada), onde lhe foi concedida uma
bolsa de estudos pelo Bispo da Diocese. Ali terminou os seus estudos e em 17 de
Abril de 1897, Sábado Santo, foi ordenado sacerdote na capela da Paço
Episcopal.
Ocupou diversos cargos na Diocese, ao mesmo tempo em que continuava os
seus estudos, tendo obtido a Licenciatura em Teologia no ano de 1900. Dedicou-se
à pregação e a uma ação social em favor da população local, promovendo humana e
cristãmente várias atividades que a libertassem do desemprego, fome,
analfabetismo e solidão.
Foi ajudado pelas entidades públicas e particulares para construir as
"Escolas do Sagrado Coração de Jesus", para pagar aos Professores,
dar de comer a alguns alunos, criar cursos noturnos, oficinas para os adultos,
numa grande tarefa humanitária, educativa e de formação profissional e cristã.
Guadix reconheceu este trabalho, nomeando-o "Filho adotivo predileto" e, dando o seu
nome a uma rua da cidade.
Perante as dificuldades encontradas, transferiu-se para Madrid, sempre a
pensar nos mais pobres e nas crianças da rua, mas também ali não pôde
desenvolver a sua ação.
Nomeado Cônego da Basílica de Santa Maria de Covadonga, aí permaneceu
durante sete anos. Preocupou-se com o atendimento dos peregrinos, escreveu
livros sobre a vida cristã e a oração para orientar a vida espiritual dos
mesmos e, aí, descobriu uma nova vocação, a que ia dar novo sentido à sua
vida: a importância da função
social da educação e que os mestres estivessem bem preparados profissionalmente
e fossem coerentes e responsáveis, solidários e cooperadores.
Transferiu-se para Jaén, onde foi professor do Seminário e de Escolas
Normais. Aí conheceu a Serva de Deus Maria Josefa Segóvia, que foi sua
principal colaboradora e, depois, primeira Diretora-Geral da Instituição
Teresiana, Obra que se desenvolveu e, em 1914, fundou a primeira residência
universitária feminina da Espanha. Era uma instituição laical complexa, com um
núcleo plenamente comprometido na entrega a Jesus Cristo e em missão de
colaboração com outras instituições e que colocou sob o patrocínio de Santa
Teresa de Jesus.
Mestre de oração, pedagogo da vida cristã e das relações entre a fé e a
ciência, Pedro Poveda soube oferecer a sua Instituição para a formação integral
da mulher-estudante, convencido de que os cristãos podiam e deviam dar à
sociedade do seu tempo pontos de vista, valores e compromissos para a
construção de um mundo mais justo e solidário.
Nos anos difíceis da perseguição à Igreja na Espanha, tornou-se um
grande defensor da não violência, dizendo que "a mansidão, a afabilidade e
a doçura são as virtudes que conquistam o mundo". Apesar disso,
foi preso depois de ter celebrado a Santa Missa em 27 de Julho de 1936,
declarando aos que o procuravam:
"sou sacerdote de Jesus Cristo".
Horas depois, ao ser separado de seu irmão, que o havia acompanhado,
disse: "Serenidade, Carlos, o Senhor que me quis fundador, também me quer
como mártir". Na manhã seguinte, uma professora e uma jovem
doutora da Instituição Teresiana encontram seu corpo junto à capela do
cemitério de La Almudena, com sinais de bala. Sobre seu peito estava o
escapulário da Virgem do Carmo. Morreu com 61 anos.
Foi beatificado por João Paulo II em Roma, a 10 de Outubro de 1993 e canonizado
pelo mesmo Papa em Madrid, no dia 4 de Maio de 2003.
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