Fundadora
das Missionárias de São Pedro Claver, percorreu a Europa inteira e foi capaz de
comprometer e sensibilizar para esta obra a ricos e pobres, livres pensadores e
fieis, autoridades religiosas e civis. Sua palavra e sua pena não se detiveram
nem diante dos fracassos nem dos triunfos.
Nasceu
no dia 29 de abril de 1863 em Loosdorf, Áustria, filha primogênita do Conde
polonês Antonio Ledóchowski e da Condessa suíça Josefina Salis-Zizers. Teve
uma educação muito esmerada e aristocrática. Seu ambiente familiar foi
piedoso. A irmã mais nova, Julia, conhecida com o nome de Úrsula, fundou as
Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante, e depois foi canonizada pela
Igreja. Outro seu irmão, o Padre Vladimir foi o vigésimo sexto Geral da
Companhia de Jesus.
Maria
Teresa se tornou uma requintada fidalga, muito culta e fluente em vários
idiomas. Em 1882 se transladou com seus pais para Lipnica, próximo de Cracóvia
(Polônia) onde continuou a cultivar as belas artes e a letras, tendo estudado
com as Damas Inglesas.
Inscreveu-se
na Congregação Mariana e por um certo tempo ajudou o pai doente na
administração do patrimônio. Seu pai faleceu em 1885 vitimado pela varíola, que
também a acometeu, causando-lhe muito sofrimento. Deus permitia tais sofrimentos
para que ela pudesse refletir sobre a vida frívola que levava e a vaidade das
coisas. Segundo a irmã, Júlia, naquele tempo se consagrou a Deus com o voto de
virgindade.
Aos
vinte e dois anos, em 1885, para não ser um peso para a família, que enfrentava
dificuldades econômicas, com o consentimento do tio, o Cardeal Miecislao
Ledóchowski, obteve ser nomeada dama de honra da Grã-duquesa da Toscana, Alicia
de Bourbon e Parma, que tinha residência na corte austríaca, no palácio
imperial de Salzburg. A grã-duquesa não dispensava sua presença alegre e
brilhante, e a estimava muito.
Todo
o tempo que permaneceu na corte, embora tendo que tomar parte em festas, bailes
e caçadas, manteve um comportamento sério, frequentava a missa diariamente e
comungava com frequência. Sob a orientação do Padre Ralf, confessor da
grã-duquesa e seu, se inscreveu na Ordem Terceira Franciscana e, dentro do
espírito da Ordem, cultivou uma devoção especial pela Paixão do Senhor e lia
livros devotos.
Certa
ocasião foi apresentada às Irmãs Missionárias Franciscanas de Maria, que tinham
encontro com a grã-duquesa. Logo em seguida recebeu um impresso de uma
conferência do Cardeal Lavigèrie, narrando seu árduo trabalho para libertar os
escravos da África e pedindo missionárias para ajudá-lo na evangelização.
Penalizada com a situação dos escravos, Maria Teresa sentiu o chamado de Deus e
abraçou aquela causa.
Em
1888 conheceu o Cardeal Lavigèrie, Arcebispo de Argel, que fundara,
em 1868, a Sociedade dos Padres Brancos, para a evangelização da África e,
em 1890, a Sociedade antiescravagista. Desde então se dedicou à luta
contra a escravidão na África.
Em
1889, influenciada por Lavigèrie, fundou a revista "O Eco da África"
e organizou uma imprensa para editar publicações religiosas missionárias.
Em 1891 abandonou a corte, apesar da desaprovação de quase todos os amigos, e
ingressou para a vida religiosa, sob a direção espiritual dos Jesuítas. Depois
a ela se juntaram Melania von Ernest e outras religiosas corajosas.
Durante
alguns anos sofreu dificuldades econômicas, mas as suportou pacientemente por
amor de Deus. Para viver se servia de uma exígua renda concedida pela
imperatriz em 1890. Seu finíssimo enxoval doou-o para as missões; suas roupas
de seda foram transformadas em paramentos sagrados; colocou no dedo um simples
anel de ferro.
Em
29 de abril de 1894, Leão XIII a recebeu em audiência e abençoou sua ideia de
fundar um Instituto missionário para lutar contra a escravidão na África.
Entregou-se totalmente a esta obra. Assim, fundou o Instituto das Irmãs
Missionárias de São Pedro Claver, ou melhor, das Irmãs Claverianas, para dar
apoio e orientação às missões africanas. Concebeu um núcleo de Irmãs
consagradas, outro de membros externos com promessa de serviço às missões de
África e outro de zeladores dispostos a colaborar em tudo que a obra das
missionárias precisasse.
Seu
Instituto foi aprovado em 8 de abril de 1897 pelo bispo de Salzburg, o Cardeal
João Haller.
Recrutou
adeptas em Viena, Estalingrado e em diversos lugares. Realizou viagens
promovendo a obra: Viena, Paris, Cracóvia, Breslava, Praga, Insbruck, Bolzano,
Trieste... Sua mensagem entusiasmada cativava as pessoas que a escutavam.
Ela
estava tão convencida de cumprir a vontade de Deus, que um dia confidenciou a
Monsenhor Ugo Mioni, seu colaborador por trinta anos em Trieste: “Se a
Igreja julgasse oportuno dissolver o meu Instituto, eu me resignaria no mesmo
instante, mas suplicaria ao Santo Padre que me permitisse começar de novo”.
Em 1899,
a Beata obteve o decreto da Sagrada Congregação de Propaganda da Fé; em 10
de junho de 1904, obteve de São Pio X que Nossa Senhora do Bom Conselho e São
Pedro Claver, apóstolo dos negros, fossem proclamados patronos do Instituto. No
dia 7 de março de 1910, obteve a aprovação definitiva do Instituto e das
constituições elaboradas por ela com a ajuda de um jesuíta da Sagrada
Congregação dos Religiosos.
Em
1901 adoeceu e teve que se transladar para Roma, na casa adquirida como sede
central do Instituto. Sua vida ficou centralizada em dirigir as obras
missionárias que iam surgindo.
Maria
Teresa, sempre brilhante e ativa, sabia que precisava divulgar muito mais
aquela obra. Rezou muito e, inspirada pela Mãe de Deus, fundou em 1908 uma
tipografia e passou a publicar dois boletins missionários mensais: o "Eco
da África", direcionado para os adultos, e o "Juventude
Africana", especial para os jovens, ambos editados em nove idiomas
europeus. Ela mesma escrevia os artigos e apelos para difundir a ideia
missionária. Logo passou a participar conferências em diversas línguas e países.
Foram centenas e centenas até sua morte.
Em
1909 iniciou o Almanaque missionário, que praticamente circulava por toda a
Europa. O Instituto se tornava cada vez mais internacional e a Fundadora
animava as diversas atividades para promover o amor às missões e para
recolher donativos.
Sua
incansável dedicação frutificou e pode enviar aos missionários da África
milhões em dinheiro, numerosos objetos sagrados, além de milhares de livros
impressos em línguas indígenas africanas, utilizados para a catequização e
alfabetização dos nativos.
De
toda parte vinham elogios a sua obra, mas ela dizia a Mons. Mioni: “Sou
um instrumento inútil nas mãos do Senhor; não admirem a granada que estoura
bem”. A Beata confidenciava as suas colaboradoras: “Oh,
como Deus me ajuda!”
No
processo canônico, Monsenhor Mioni atestou: "Embora tendo uma alma de artista, nas longas viagens não mais podia ela
visitar um monumento, uma obra de arte, nem museus, nem artísticas igrejas.
Nestas, ela entrava somente para rezar”.
Toda
a vida de Madre Teresa não foi senão trabalho e oração. Antes mesmo do decreto
de São Paio X sobre a comunhão diária (1905), ela comungava diariamente e
exortava suas filhas a fazer o mesmo. Era fiel à confissão semanal.
Ao
aceitar e admitir postulantes e noviças, a Beata reparava se elas demonstravam
zelo pelas missões e tinham espírito de humildade. Nas suas casas o ócio era
desconhecido, mas a nenhuma Irmã eram impostos trabalhos excessivos que fossem
danosos a saúde. Ela dizia: “Preferiria que a casa queimasse a vê-la na
discórdia”. Ao contrário das penitências corporais, recomendava o
espírito de pobreza e outras mortificações da alma.
Por
ocasião do 25º aniversário da fundação do Instituto, declarou a comunidade
reunida: “Se por qualquer motivo o nosso Instituto tivesse que se dissolver, o
que eu faria? Eu, com a graça de Deus, começaria de novo, porque não conheço
nada de mais belo e que valha a pena de ser vivido quanto trabalhar com Deus
pela salvação das almas”.
O
Padre Eligio da Penne, capuchinho, confessor da comunidade afirmou: "Estou certo, pelo meu conhecimento,
que ela rezava quase continuamente, apesar de suas múltiplas ocupações".
A
Beata deixou 8.000 cartas em polonês, italiano, francês, inglês e alemão, as
quais atestam sua solicitude viril pelo bem espiritual das suas filhas e pelo
seu progresso principalmente na virtude da obediência.
Madre
Teresa dirigiu o Instituto por vinte e oito anos, em meio às turbulências do
tempo e do sacrifício pessoal, até morrer no dia 6 de julho de 1922 em Roma, na
Itália. Poucos dias antes de morrer, disse a quem a assistia: “Não
sei se isto é presunção, mas eu não temo a morte”.
Paulo
VI beatificou aquela que era conhecida em todo o mundo católico como a "Mãe dos Africanos" em 19 de
outubro de 1975, e a declarou padroeira da Cooperação Missionária da Igreja na
Polônia.
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