Pompílio Maria
nasceu no dia 19 de setembro de 1710, sentiu aos dezesseis anos o chamamento de
Deus para a vida religiosa e, como resultado das pregações da quaresma feitas pelo
padre reitor as Escolas Pias de Nápoles, fugiu de sua casa para o colégio de
residência do fervoroso pregador e lhe pediu a para entrar para os Escolápios.
Seu pai, que
seguiu atrás dele, e era notável advogado, tentou convencê-lo a voltar, mas
todos os argumentos foram em vão ante a firme decisão de seu filho. O período
de noviciado e de neo-profissão, com seus estudos, não fizeram senão continuar o
teor de vida inocente e penitente que já em casa havia levado.
Terminada a
carreira escolápia, exerce o apostolado do ensino e educação durante catorze
anos.
No seu apostolado
entre os alunos alguns fatos surpreendem:
Um desses fatos
ocorreu em Lanciano:
- Ao começar sua aula lhe advertem os meninos a ausência de
Giovanni Capretti. O padre Pompílio se concentra e poucos segundos depois
exclama: “Pobre Capretti! Não pôde vir porque está moribundo... Porém, não será
nada. Vão dois de vocês agora a perguntar por ele”. E correm os rapazes a sua
casa a angustiante pergunta. Seus pais estranham, havendo-lhe ouvido
levantar-se e crendo que estava na escola com toda normalidade. Sobem temerosos
até seu quarto e o encontram no solo, de bruços, sem sentidos, próximo a
expirar. Sobressaltados o levantam, o sacodem e lhe chamam repetidas vezes. Ao
fim o pobre acidentado começa a voltar a si, balbuciando entre soluços: “Padre
Pompílio! Padre Pompílio”! Não sabia senão que, ao levantar-se, havia sido
acometido de dores e calafrios que lhe fizeram desfalecer sem deixar-lhe
gritar.
Depois, só sabia
que lhe havia chamado seu mestre e que já se sentia viver.
Ordenado
sacerdote, o Capítulo Provincial o designa para a pregação da Divina Palavra,
sem eximir-lhe, naturalmente, de suas tarefas escolares.
Rapidamente merece
o título de “apóstolo dos Abruzos”, por causa de intervenções maravilhosas que
impressionam a populações inteiras:
- No mesmo Lanciano,
último dos colégios desta etapa, aproximando-se já a hora de meia noite,
Pompílio sai uma vez de sua habitação, abre a porta da igreja, percorre as ruas
vizinhas e põe-se a clamar despertando aos despreocupados dormentes, para que
se levantem todos e acorram ao templo, pois, ele imediatamente lhes vai pregar.
Faz até toca os sinos chamando ao sermão.
Diante tamanha
novidade, todo Lanciano se abarrota e se agita em torno ao púlpito do apóstolo.
E o santo vidente lhes anuncia estremecido que um horrendo terremoto será
sentido em toda a comarca, porém, que eles não temam, pois, a Virgem do Poente,
intercede de maneira singular pela afortunada população.
Com efeito, ainda
está falando, quando um estrondo subterrâneo, que avança desde longe, faz
tremer o solo e vacilar os edifícios, oprimindo de espanto e crispando de
nervosismo a totalidade do auditório. O alarme do santo não havia sido em vão.
A segunda etapa da
vida escolápia de são Pompílio é em Nápoles por outros doze anos, de 1747 –
1759.
Os superiores da
Congregação desligaram a Pompílio da tarefa do ensino para dedicar-se
plenamente a ser capelão permanente, pregador cotidiano e confessor contínuo de
pequenos e grandes nas capelas dos respectivos colégios.
Ele se entrega a
uma vida apostólica fervorosíssima, que Deus sela com incontáveis e
surpreendentes prodígios:
- Uma mãe corre um
dia à igreja de Caravaggio com a terrível notícia de que seu filho havia caído
em um poço. Pompílio se compadece, parte com ela até o local, aproxima-se da
beirada do poço e faz o sinal da cruz. O nível da água começa a subir, como se
o poço as regurgitasse, até que aflora o menino, ileso e sorridente, ao alcance
da mão de sua mãe “enlouquecida”.
- Uma fiel da
paróquia sofre por maus tratos por parte de seu marido, homem vicioso e de
áspera condição. Recomenda-se às orações de seu confessor. No mesmo dia o
esposo a convida a um passeio pelo campo, no próximo domingo. Ela corre a
contar ao confessor. Este, sem dar-lhe crédito, a aconselha que lhe chame
se chegar a ver-se em perigo. Chega o dia do “passeio dominical”. Já em pleno
campo o marido saca um punhal e tenta assassiná-la. Porém, ao invocar ela ao
padre Pompílio, aparece sua figura de semblante irado e austero, arrebata a
arma ao assassino e o assusta de tal forma que cai de joelhos compungido e com
a promessa de confessar-se. Vai, efetivamente, confessar-se na manhã seguinte
com o próprio Padre Pompílio. Porém, o mais notável é que, na hora precisa do
frustrado atentado, o santo estava em público, no púlpito de sua igreja.
Interrompeu por alguns instantes o sermão, como se tivesse se distraído com
outra coisa, depois segue normalmente pregando como se nada tivesse acontecido.
A bilocação não é
um fenômeno desconhecido na vida dos santos.
- Mais terno e
humano foi o incidente do sermão de 17 de novembro de 1756. O interrompeu no
momento mais inspirado de um trecho vibrante; permaneceu mudo uns minutos, que
ao público expectante pareceram eternos e, à continuação, explicou: “suplico um
réquiem aeternam pela alma bendita de minha mãe, que neste instante
acaba de falecer”.
E assim
inumeráveis feitos assombrosos.
Mas a santidade
não se prova nos prodígios, senão na tribulação e no sofrimento. Por conflitos
políticos, tanto do palácio real como da chancelaria arquiepiscopal saíram
ordens no começo do ano 1759 suspendendo-o do ministério e desterrando de
Nápoles. Os cavalos da carruagem que lhe levou primeiro ao colégio de Posilino não
quiseram arrancar até que o padre reitor deu, por obediência, a ordem ao
próprio desterrado.
De quatro anos foi
esta que podemos chamar de “terceira etapa” da vida apostólica de são Pompílio,
nem menos fervorosa, nem menos fecunda que a de Nápoles ou dos Abruzos, e
avaliada ademais com a resignação e humildade com que as quais abraçou toda a
obediência. Porém, o Senhor dispôs sua reabilitação com a volta triunfal a
Nápoles, onde brilharam seus últimos reflexos e deixou com seus ossos o exemplo
de sua santíssima morte.
Porém não há que
omitir o duplo caráter de externa austeridade e de doçura interior que tem as
duas faces da espiritualidade pompiliana. Em pleno século XVIII, são Pompílio
pregou principalmente sobre os Novíssimos do homem (morte, julgamento, Céu ou
inferno) com os acentos de um são Vicente Férrer, e plasmou a devoção às almas
do Purgatório.
Também foi um
grande propagador e apóstolo da devoção ao santo Escapulário do Carmo, como
meio seguro da assistência da Mãe do Céu no tocante à salvação das almas.
Seu belo Amante
foi o Coração de Jesus, cuja devoção propagou com tantos favores e prodígios
como santa Margarida Maria Alacoque.
Foi canonizado no
dia 19 de março de 1934 por Sua Santidade Pio XI.
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